quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Ausência de governança corporativa

O sábio escocês,  Adam Smith, considerado como o pai da economia moderna, afirmava que não se pode esperar que os gestores de empresas cuidem do dinheiro de outras pessoas da mesma forma como fariam com o seu (1776). Não tratou diretamente do problema da governança, mas lançou as bases para que, passados dois séculos, se começasse a compreender as questões relacionadas com propriedade e gestão. Os professores Elismar  Álvares, Celso Giacometti e Eduardo Gusso, da Fundação Dom Cabral, escreveram um livro cujo título é Governança Corporativa -  Um modelo brasileiro pela editora Elsevier que se tornou uma referência no assunto. Utilizo em minhas aulas e chamo atenção dos meus alunos para lerem este livro. A partir da análise da origem e evolução do conceito de governança corporativa, eles criaram um modelo especialmente desenvolvido para nós, brasileiros, respeitando a cultura das companhias nacionais. Eles destacam que crescimento econômico e governança corporativa são temas correlatos. Mostram que a boa governança está calcada em regras que propiciam maior credibilidade e criação de valor às empresas. Usam como referência os princípios incluídos no Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa: transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa. E ressaltam que, para competir no cenário atual, as empresas devem considerar a responsabilidade corporativa como parte do processo natural de seu negócio. É um livro de leitura obrigatória para todos os executivos brasileiros, pois orienta o trabalho do gestor sobre o funcionamento dos diversos setores e níveis empresariais, com especial atenção  para o papel dos conselhos de administração ( Um case para se estudar a Petrobras) como bem ressaltou o professor Renato Vale presidente do Grupo CCR. As grandes corporações brasileiras e internacionais caracterizam-se hoje pela profissionalização da gestão. E nas últimas décadas tem surgido a percepção de que os executivos, embora atuando como agentes dos proprietários, estão agindo não em conformidade com os interesses dos acionistas, mas dos próprios interesses, exemplo o caso do Lava Jato ( Petrobras). Ou seja, há aí um conflito de agência. Lembrando que governança corporativa preocupa-se em assegurar que os executivos gerenciem as firmas honesta e efetivamente de forma a garantir um retorno justo e aceitável àqueles que investiram recursos na firma. Essa definição remete a duas questões: ética da conduta dos executivos e competência deles em gerenciar recursos (o que faltou na Petrobras). Esses dois requisitos são essenciais para se ganhar a confiança das pessoas. Logo, confiança torna-se a base da governança corporativa. Lembrando que confiança não pode ser imposta ou regulamentada, mas precisa ser sentida e acreditada pelos atores. Deve enraizar-se em ações, valores e crenças dos investidores, clientes, empregados, políticos, funcionários públicos e, acima de tudo, dos membros dos conselhos das corporações. Resumindo, o que está ocorrendo com a Petrobras é a prova concreta da ausência dos princípios da governança corporativa e levará tempo para que a imagem da empresa se restabeleça junto as instituições internacionais e que  permita ter acesso ao capital global.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Inteligência

Caros leitores, retorno após  merecida férias. Neste período, li um livro que recomendo a todos, cujo título é "Sonho Grande", da jornalista e palestrante Cristiane Correa, onde apresenta com muita competência a trajetória de três empresários brasileiros  que revolucionaram o nosso capitalismo. Extremamente inteligentes, bem sucedidos no mundo dos negócios e muito ricos que são: Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira. Esses homens, estabeleceram em suas empresas um modelo de gestão baseado em uma filosofia que unia meritocracia, eficiência e a possibilidade de que os melhores funcionários se tornassem acionistas. Uma mudança de mentalidade que todo empresário brasileiro deveria conhecer e que até hoje serviu e serve de inspiração para diversas empresas. Vale lembrar que esses homens ainda hoje contribuem para a formação de diversos executivos que foram financiados nos diversos cursos que fizeram no âmbito dos negócios. Parabenizo e desejo toda a sorte para esses empresários. Recomendarei a leitura aos meus alunos e ex-alunos para tomarem conhecimento deste novo modelo de negócio.Iniciando o ano de 2015, o ministro da fazenda toma uma série de medidas impopulares mas de extrema importância para o nosso país, que são: organização das contas públicas, definindo uma política fiscal, monetária, cambial e rendas com os olhos voltados para o futuro, devolvendo a confiança e a previsibilidade ao setor privado como forma de atrair trabalhadores e empresários para a volta do crescimento. Neste momento de ajuste fiscal que estamos vivendo é importante lembrar as palavras da Ex - Primeiro -  ministro do Reino Unido  a senhora Margaret Thatcher quando afirmou: Um dos grandes debates  do nosso tempo é sobre quanto do seu dinheiro deve ser gasto pelo Estado e com quanto você deve ficar para gastar com sua família. Não nos esqueçamos nunca desta verdade fundamental o Estado não tem outra fonte de recursos além do dinheiro que as pessoas ganham por si próprias. Se o Estado deseja gastar mais, ele só pode fazê-lo tomando emprestado sua poupança ou te cobrando mais tributos e não adianta pensar que alguém irá pagar. Esse alguém é você. Não existe essa coisa de dinheiro público. Existe apenas o dinheiro dos pagadores de impostos. A prosperidade não virá por inventarmos mais e mais programas generosos de gastos públicos. Você não enriquece por pedir outro talão de cheques ao banco. E nenhuma nação jamais se tornou próspera por tributar seus cidadãos além de sua capacidade de pagar. Nós temos o dever de garantir que cada centavo que arrecadamos com a tributação seja gasto bem e sabiamente. Proteger a carteira do cidadão e proteger os serviços públicos essas são nossas duas maiores tarefas e ambas devem ser conciliadas. Como seria prazeroso, como seria popular dizer " gaste mais nisso, gaste mais naquilo". É claro que todos nós temos causas favoritas. Eu, pelo menos tenho. Mas alguém têm que fazer as contas. Toda empresa tem de fazê-lo, toda dona de casa têm de fazê-lo, todo governo deve fazê-lo e este irá fazê-lo. Sabias palavras que deveria servir de inspiração para os atuais governantes deste país.