quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Final de ano

Caros leitores, encerrando 2012 desejando a todos um feliz natal e um prospero ano novo. Realmente este ano os nossos resultados econômicos estão bem abaixo daquilo que estimamos no inicio do ano, um crescimento inferior ao ano anterior e com uma inflação acima do centro da meta. Várias são as razões: um ambiente externo confuso, a Europa estagnada, a América em recuperação lenta e a desaceleração da China contribuíram sim para um baixo desempenho da nossa economia.Voltamos a nossa atenção para o mercado interno, uma serie de medidas pontuais foram tomadas de ordem fiscal, monetária e cambial para estimular o consumo e abrir expectativas para os empresários investirem. As expectativas para 2013 são melhores não só em termo de crescimento como da inflação e aguardando retomadas no comércio internacional. Sabemos que o consumo é uma importante variável econômica  da demanda agregada mas tem um limite a sua contribuição.Qualquer nação busca balancear as suas injeções e vazamentos com o objetivo de manter o PIB (produto interno bruto) efetivo próximo ao PIB potencial, utilizando assim plenamente os seus fatores de produção. O nosso país independente do seu crescimento e das suas conquistas, como a redemocratização e a sua estabilidade econômica ainda persistem problemas internos que requer uma solução como: infraestrutura deteriorada, leis trabalhistas anacrônicas, sistema tributário esclerosado, comércio ilícito, baixa qualidade educacional e muita corrupção em todos os níveis de governo.Precisamos de um planejamento estratégico em logística  que integre toda a nossa geografia, reduzir o custo do trabalho, respeito aos contratos, regras macroeconônicas estáveis, possuir uma tributação aceitável que desestimule a informalidade e contribua com a produtividade, desburocratizar este país que é o maior estimulador da corrupção e ser possuidor de uma  cadeia educacional de qualidade que só assim nos permitirá sair deste capitalismo de commodities e ingressar no capitalismo intelectual. O Brasil necessita de ser auditado de forma rigorosa em todos os níveis de governo, muitas vezes a mídia da atenção as grandes fraudes  que acontece a nível federal e estadual e esquece de chamar a atenção  a nível municipal. Ampliar  e instrumentalizar o número de auditores por este país como forma de reduzir as inúmeras irregularidades que ocorrem de forma sistemática. Que o resultado do mensalão sirva de exemplo para todos os políticos e empresários que a nação cansou de tanta patifaria com os recursos dos contribuintes. Como educador a muitos anos, os meus alunos em sala quando comento os princípios da governança corporativa: Transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa, levam na gargalhada quando assistem os desmando dos que deveriam dar bons exemplos. Muitos comentam que a melhor forma de enriquecer neste país, não é ser presidente, ministro, governador e sim prefeito ou vereador e não precisa ser de uma capital, qualquer município é suficiente. A ostentação de riqueza é impressionante e onde está a fiscalização? Receita federal, polícia federal, tribunais de contas e ministério público e a própria sociedade precisa se manifestar contra esses abusos vergonhosos que só nos diminuem e compromete toda a sociedade. A nação brasileira precisa sinalizar para o mundo que possuímos um projeto de prosperidade, poder e prestígio, para tanto é preciso acabar com a impunidade, estimular o empreendedorismo e a inovação, ampliar os investimento em infraestrutura ( energia, transporte, mão de obra qualificada, telecomunicações e informática), garantindo aumentos continuados de produtividade que só assim amplia o bem estar de todos os brasileiros. Meus caros leitores,entro em férias e espero retornar se Deus permitir na última semana de janeiro de 2013.Feliz ano novo para todos.

sábado, 15 de dezembro de 2012

O homem dos olhos azuis



Existem pessoas que foram extremamente importante na sua formação e mesmo depois de sua morte continua exercendo um fascínio impressionante. O meu gosto pela literatura, pela música, teatro, esportes e tantas outras manifestações culturais, de uma boa bebida, mulheres,  de me vestir bem e usar um bom perfume são na realidade transferências culturais deste homem, que convivi durante onze anos em sua casa. O  meu amor é tanto que basta olhar alguém com os olhos azuis que  o relaciono a ele.Tenho três netos, um homem  e uma mulher de olhos azuis  que naturalmente me faz recordá-lo. A sua importância em minha vida foi e é marcante, ainda hoje em meu descanso minha memória ao trazê-lo ao presente me recordo, como aquele homem era inteligente, bonito, elegante, sempre lisonjeado por aqueles que o cercava. Tinha uma qualidade singular, amigo dos amigos, fiel ao seu pensamento e muitas vezes traídos por aqueles que defendia. Não conto as vezes nos domingos pela manhã em sua rede no terraço lendo os principais jornais, tomando o seu conhaque preferido e acendendo um bom charuto e lá para as tantas colocado um disco na vitrola. Lembro muito bem quando ia trabalhar a sua elegância, bem penteado, perfumado e que nunca esquecia de colocar na lapela do seu terno uma pequena flor que colhia do seu jardim. O meu primeiro contato com a literatura estrangeira foi um livro que me ofereceu em 1969 e que o tenho até hoje em minha biblioteca particular. Lembro-me do título do romance e do seu autor: "Meu filho que nasceu no mar" de James Vance Marshall. Quando vim morar em Natal, a saudade era enorme, sentia a sua falta e quando escutava uma música  que dizia "naquela mesa estár faltando ele", muitas vezes me continha para não chorar. Quando faleceu, minha irmã mais velha me pediu para falar algumas palavras e a única coisa que me veio a minha mente é que aquele homem ,fez jus ao tempo que Deus  o concedeu para viver. Fez em toda a sua existência,   sempre muito:" trabalhou, estudou, amou, calçou, vestiu e bebeu ". Foi realmente merecedor e sua trajetória ainda esta viva na vida de muitos que o conheceu e servindo de exemplo a sua forma de contemplar o mundo. Casou muito cedo, viajava muito, assumiu posições relevantes, era amigo pessoal de alguns políticos de renome nacional, como o ex-presidente Juscelino e Jango e o ex-governador  Miguel Arraes,  foi mal interpretado pelo golpe militar que o julgava comunista quando na realidade era sim um trabalhista lutava por melhorias dos portuários chegou a ser o primeiro presidente da União dos Portuários do Brasil delegacia- Pernambuco e um dos fundadores da União dos Portuários do Brasil, cuja sede era no Rio de janeiro e o representante do norte e nordeste da classe portuária junto ao governo federal . Durante o golpe, foi duramente perseguido, destituíram do cargo, criaram inquéritos sem sentido para anos depois no próprio regime militar no governo mais violento da era Médici ser condecorado pelos serviços que tinha prestado a nação. Mesmo assim não perdeu a sua postura, os leais amigos o ajudaram a travessar aquele período de agonia. Este homem, que foi e ainda hoje exerce um influência enorme em minha vida, chamava-se Álvaro Gomes Alves, o homem dos olhos azuis que era o meu avô por parte de meu pai. Obrigado vovô, por tudo que me ensinaste e que ainda hoje ao olhar os meus netos através dos seus olhos lembro-me de ti.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Prudência

Quatro objetivos de política econômica são  comuns a qualquer país independente da sua posição política, econômica e social que são: aumentar a produção e o emprego, combater a inflação, distribuição de renda e controle das contas externas. Segundo os princípios das finanças públicas cabe ao governo determinadas missões tais como: estabilizadora, alocativa, distributiva, crescimento, regulatória e bens e serviços. Os instrumentos que utilizam são as políticas: fiscal, monetária, cambial e rendas. Essas políticas são utilizadas para o controle da demanda agregada, que é a variável estratégica que determina o nível de produção da economia. Na política fiscal a sua atuação se dá através das despesas e receitas do governo enquanto a política monetária utiliza o controle da base, depósito compulsório e política de redesconto. A cambial é definir a melhor taxa de câmbio que permita o produto interno bruto efetivo estar próximo ao produto interno bruto potencial e que a inflação esteja ao redor da meta estabelecida pelo governo. A política de rendas tem como objetivos determinar preços e salários, lembrando aos ( trabalhadores, comerciantes e empresários) que uma economia estabilizada não pode reajustar preços e salários acima da inflação e da sua produtividade gerada em cada setor.A política de demanda pode seguir dois caminhos ou é expansionista ou contracionista o que estamos vivenciado agora em razão de um ambiente externo incerto, como a Europa em crise, a América em crescimento lento e a China em desaceleração as autoridades econômicas do nosso país tem se voltado para estimular o nosso mercado interno utilizando a queda da taxa de juros que é um estímulo ao consumo e ao investimento, permitindo que os empresários aumentem as suas despesas com aquisição de bens de capital e ampliação das instalações das suas empresas, lembrando que o aumento nos investimentos gera um aumento na renda e no emprego, resultando em crescimento na renda mais do que proporcional devido ao efeito multiplicador dos investimentos. Para fazer crescer a renda o governo tem definido um conjunto de obras de infraestrutura que compõe o PAC (programa de aceleração do crescimento), aumentando o seu investimento, ampliando transferências e reduzindo tributos. A taxa de câmbio tem se mantido no nível que o governo manipula com o objetivo de tornar as nossas exportações mais competitivas. A política de rendas os preços em queda em razão das medidas fiscais e monetárias e os salários se mantendo estáveis através do controle da inflação.Mas o que estamos assistindo é que o Brasil independente do seu crescimento verificado nos últimos anos e  das suas conquistas, como a redemocratização e da sua estabilidade econômica ainda persistem problemas internos que requer uma solução imediata como: infraestrutura deteriorada, leis trabalhistas anacrônica, sistema tributário esclerosado e comércio ilícito. Ao mesmo tempo verificamos que no ambiente empresarial o seu nível de confiança quanto ao futuro está em baixa dificultando as suas decisões de investir justamente pela ausência de previsibilidade do futuro.Segundo Sylvia Nasar no seu livro "A imaginação econômica" ela afirma que:" Alfred Marshall chamou a economia moderna de Organon, palavra do grego antigo que significa instrumento,não um conjunto de verdades, mas um mecanismo de análise útil para descobrir verdades e, como o termo sugere, um instrumento que nunca estaria completo ou perfeito, mas que sempre exigiria melhorias, adaptações e inovações. Seu aluno, John Maynard Keynes, definiu a economia como um aparelho mental que, como qualquer outra ciência, era essencial para analisar o mundo moderno e aproveitar ao máximo suas possibilidades.Todos os pensadores estavam à procura de instrumentos intelectuais que ajudassem a solucionar o que Keynes chamou de o problema político da humanidade: como combinar três coisas, eficiência econômica, justiça social e liberdade individual". Não podemos esquecer que a nossa estabilidade econômica foi conseguida em cima de três pilares que são: meta de inflação, superávit primário e câmbio flutuante que não podem ser relaxados em nome de um crescimento que tem apresentado resultados nos últimos dois anos medíocres. É preciso cuidado e muita atenção para que medidas adotadas agora não venha comprometer a nossa estabilidade futura.Ser mais cauteloso agora é garantir um amanhã mas seguro para todos.  

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Decisão de investir

O IBGE ( Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sinaliza que o crescimento da nossa economia este ano se situará em torno de 1,6%, muito abaixo do que era esperado no início do ano e bem inferior quando comparado com os país emergentes. O setor industrial a sua contribuição ainda não apresentou o resultado esperado mesmo com as medidas adotadas pelo governo,como: desoneração tributária (política vertical), juros em queda, câmbio desvalorizado, redução dos encargos nas folhas de pagamentos e a participação da iniciativa privada na construção de nossa infraestrutura. Novas medidas e oportunidades surgiram para promover uma melhora no desempenho industrial como: redução da energia, pré-sal, PAC, estimulo a construção civil e ao mercado interno.O professor Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, extremamente inteligente escreveu na Folha de São Paulo no dia 02\12\2012 um artigo, cujo título é O enigma do investimento, excelente, onde apresenta a sua experiência em analisar o que leva um empresário a investir. Diz o mestre:" Apesar de bons estudos, muitas vezes não se compreende bem os motivos que levam o empresário a assumir risco, levantar capital e investir no negócio. As declarações de empresários tendem a não ajudar muito, pois é natural que usem essas oportunidades para influenciar decisão governamental na busca de benefícios para sua empresa ou setor.Dirigi uma instituição financeira global que, no processo de avaliação de risco e perspectiva, monitorava criteriosamente os planos de empresas clientes e a evolução de seus investimentos. Além disso, tenho participado do conselho de organizações globais cuja função mais importante é analisar, aprovar e monitorar investimentos.Nessa experiência, vejo que os investimentos de longo prazo são extremamente racionais e baseados em previsões objetivas. O famoso instinto animal do empresário existe na tomada do risco e no apetite pela expansão. Mas para o investimento ser bem-sucedido, o processo deve ser metódico e rigoroso. A decisão de investir é baseada em projeções de venda, custo, lucro, retorno do investimento. Simples assim.Essa dificuldade de reação dos investimentos está ligada a uma questão fundamental e pouco falada: a previsibilidade. Não bastam projeções excelentes de vendas, por exemplo, se a confiança do empresário nas projeções é baixa.Portanto os fatores fundamentais ao investimento são, nessa ordem: 1) projeções de demanda, custos e margens; 2) previsibilidade macroeconômica do país nos próximos anos; 3) previsibilidade das regras do jogo; 4) previsibilidade de volumes e de margem de lucro.Nos EUA, a grande questão é a incerteza nas contas públicas, o chamado "abismo fiscal". Até que ele se defina com clareza para os próximos anos, os empresários não investirão o que se espera.No Brasil, o grande avanço da economia, do crédito e dos investimentos nos últimos anos se deu em função do aumento da previsibilidade econômica e da consolidação das regras do jogo. É fundamental manter essa previsibilidade para dar confiança aos empresários pequenos, médios e grandes na trajetória futura de vendas.A partir daí é questão de competência da empresa de analisar a conjuntura geral e específica e acertar as previsões para o seu mercado". Concluímos que a expectativa dos agentes econômicos  influência o nível de demanda da economia, existem períodos nos quais as incertezas em relação ao ambiente interno e externo provoca redução nos níveis de consumo para fazer frente a um eventual período de dificuldades.O mercado europeu incerto a China nossa grande demandante em desaceleração e a economia americana começando lentamente a se recuperar e os riscos de endividamento interno elevado, contribui para uma redução do setor industrial.  Por está razão as políticas públicas de longo prazo  devem se voltar para as reformas tributária, trabalhistas e previdenciária.  Reduzir o  custo do capital, melhorar a nossa infraestrutura, estimular a inovação e a criatividade ampliando assim a nossa   competitividade industrial. Ao analisarmos os dados  de desempenho dos setores da economia até os dias atuais, verificamos não uma tendência a desindustrialização e sim uma perda de dinamismo que requer políticas que estimulem a volta do investimento, inovação e criatividade e que permita  que a competitividade do país que é formada por energia, transporte, telecomunicações,  informática e mão de obra qualificada amplie cada vez mais a  todos os setores da economia sua participação na geração de riqueza do nosso país.