quinta-feira, 24 de novembro de 2016

O fim da corrupção tolerada

Para mim a operação Lava Jato representa um marco na história política brasileira. Estabelece um novo padrão moral de comportamento para os atuais e futuros políticos.Este processo está permitindo que a sociedade brasileira tome conhecimento de que a corrupção tolerada como forma de manutenção do poder é um câncer que precisa ser eliminada de uma vez por todas.Temos que parabenizar o juiz Sérgio Moro, a Polícia Federal e o Ministério Público, que estão mostrando a corrupção desenfreada que  a assola este país. O juiz Sérgio Moro descreveu a cultura que impera neste Brasil e que precisa urgentemente ser corrigida. Diz o Sérgio: "Quando se têm oportunidade de furtar R$ 0,50 (cinquenta centavos) tirando fotocópias pessoal na máquina Xerox do trabalho, não se perde a oportunidade. Quando se têm oportunidade de furtar R$ 5,00 (cinco reais) levando para casa a caneta da empresa,não se perde a oportunidade.Quando se têm a oportunidade de furtar R$ 25,00 ( vinte e cinco reais) pegando uma nota mais alta, na hora do almoço, para a empresa reembolsar,não se perde a oportunidade. Quando se têm a oportunidade de roubar R$ 30,00 (trinta reais) de um artista comprando um DVD pirata, não se perde a oportunidade. Quando se têm a oportunidade de furtar R$ 250,00 ( duzentos e cinquenta reais) comprando uma antena desbloqueada que pega o sinal de satélite de todas as TVs a cabo, não se perde a oportunidade.Quando se têm a oportunidade de furtar R$ 469,99 da Microsoft baixando um Windows crackeado num site ilegal,não se perde a oportunidade. Quando se têm a oportunidade de furtar R$ 2.000,00 ( dois mil reais)escondendo um defeito do seu carro na hora de vendê-lo, enganando o comprador, não se perde a oportunidade. Muitos não perdem nenhuma oportunidade, devolvem a carteira mas furtam o dinheiro, sonegam imposto de renda, dão endereço falso para adquirir benefícios que não têm direito, etc, etc, etc.... Bom, se você trabalhasse no Governo, e caísse no seu colo a oportunidade de roubar R$ 1.000.000,00 ( um milhão de reais), com certeza, se você não perde uma oportunidade iria aproveitar mais essa oportunidade.  O povo brasileiro precisa entender que o problema do Brasil não são só a meia dúzia de políticos no poder lá em cima, pois eles , são apenas o reflexo dos quase 200 milhões de oportunistas aqui embaixo. Os políticos de hoje foram ontem oportunistas e se não mudarmos a estrutura de valores de nossa sociedade e trazer a Ética e a Moral como pilares do comportamento nunca seremos um povo realmente honesto e justo!" Estamos vivenciando um momento singular em nossa história e a sociedade precisa se posicionar e exigir do poder político a luta incessante contra a corrupção. Uma democracia só se torna forte quando o povo discute amplamente com os poderes constituídos as leis que deseja, quando essas leis são claras e quando  um Poder controla o outro,visto que, como dizia Montesquieu, o homem no poder não é confiável.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Tempos melhores virão

A entrevista do presidente do  Banco Central do Brasil o senhor Ilan Goldfajn a revista Veja nas páginas amarelas da semana passada, serviu para que possamos entender o caminho que a economia brasileira deve seguir. A missão do Banco Central é manter a inflação na meta estabelecida pelo governo e estabelecer mecanismos para que o sistema financeiro permaneça confiável perante a sociedade.A retomada da economia começa a dar sinais de vitalidade, a inflação perdeu força e a queda da taxa básica (SELIC) começa a ocorrer. A redução do custo do dinheiro irá contribuir para a nossa recuperação nos próximos anos. Para que os juros caiam de maneira duradoura é preciso aprovar as reformas destinadas a controlar o aumento das despesas públicas.Os indicadores que avaliam o risco - país voltaram a cair e as expectativas para 2018 e 2019 para a inflação estão exatamente no centro da meta estabelecida que é de 4,5%. A crise que estamos vivenciando é extremamente severa. Os investimentos das empresas caíram por dez trimestres. A inflação corroeu o poder de compra. A dívida pública subiu. Logo a retomada será lenta em função do tamanho do desafio. Com as reformas aprovadas, a inflação tenderá a cair e os juros naturalmente tendem a baixar. Precisamos estimular as reformas que estimule a produtividade. ( uma sociedade para crescer de forma sustentável só existe um caminho: aumentar a sua produtividade). É preciso atrair os investimentos privados, através das parcerias, concessões e privatizações que levará a economia a um maior crescimento. Gerando melhoras nas empresas que começara a contratar e que permitirá maior conforto para as famílias brasileiras. O professor Mario Sergio Cortella, no seu livro "Por que fazemos o que fazemos?", que indico para leitura, no artigo Motivações em tempos difíceis, chama a atenção dos trabalhadores e empresários que essa turbulência é passageira  e requer motivações para continuar em busca de melhores dias. Diz o mestre, em resumo: Falar para o profissional que se vê alijado do mercado de trabalho manter a calma é jogar palavras ao vento. Afinal de contas, passar por momentos de turbulência é algo perturbador mas ele precisa ter a clareza de que essa circunstância não é definitiva.Não é fácil sair todos os dias de manhã, arrumado e esperançoso, em busca de um trabalho e volta à noite sem ele. Aquele ou aquela que se empenha todos os dias pode não encontrar, mas não será derrotado pela situação de não ter tentado.É difícil, gera intranquilidade, mas nessas horas é fundamental a persistência. Quem fica sem trabalho evidentemente sofre um abalo na autoestima. E  isso é compreensível, mas é  preciso também entender que esse momento exige uma tomada de atitude no que se refere ao estado de espírito. Alguém pode argumentar que esse é um momento de vida constrangedor. Isso só faria sentido se a pessoa tiver sido a causadora daquela situação, a responsável por sua dispensa. Mas jamais ficaria envergonhado por conta de circunstâncias externas à minha própria capacidade. Tal como em tempos anteriores foi de sol resplandecente, vez ou outra a penumbra vem.Assim é a economia, assim é a nossa vida. Tempos melhores virão e já está acontecendo.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Vergonha

Mais uma vez comento em resumo um artigo do filósofo Mario Sergio Cortella, no livro "Não nascemos prontos" da trilogia  Provocações filosóficas, cujo título é "Vergonhas amargas". Em resumo diz o mestre: Vergonha! A frase ecoa: nós (eles) também construímos e fizemos está cidade, nós também edificamos este lugar,nós também pusemos nossa vida na obra coletiva, mas, ainda assim, somos envergonhados. Envergonhados por habitações paupérrimas, por corpos famintos e adoentados, por privação do lazer criativo,por desempregos socialmente evitáveis,por inseguranças agudas,por humilhações cotidianas, corriqueiras e aparentemente infindáveis. Não é possível admitir a persistência desse envergonhamento; não é aceitável assimilar depauperações da dignidade coletiva; não é moralmente justificável a omissão e a lerdeza de uma sociedade no enfrentamento de tudo aquilo que humilha,ofende, e degrada a integridade do outro  na partilha da vida e na convivência humana.Por isso,o amoroso pernambucano e universal educador Paulo Freire tem uma reflexão que auxilia muito a compreensão e a tarefa do nosso tempo e que precisa ser repetida não até que as pessoas se cansem, mas até que se convençam: " A melhor maneira que a gente tem de fazer possível amanhã alguma coisa que não é possível de ser feita hoje é fazer hoje aquilo que hoje pode ser feito.Mas se eu não fizer hoje o que hoje pode ser feito e tentar fazer hoje o que hoje não pode ser feito, dificilmente eu faço amanhã o que hoje também não pude fazer". Sábia advertência, poderoso desejo! Em outro artigo deste mesmo livro cujo título é "A resignação como cumplicidade" em resumo diz o autor: Pode-se argumentar que , felizmente, ainda há muita esperança. Mas, como insistia o inesquecível Paulo Freire,não se pode confundir esperança do verbo esperançar com esperança do verbo esperar. Aliás, uma das coisas mais perniciosas que temos nesse momento é o apodrecimento da esperança; em várias situações as pessoas acham que não tem mais jeito, que não tem alternativa, que a vida é assim mesmo. Violência? O que posso fazer?Espero que termine. Desemprego? O que posso fazer? Espero que resolvam. Fome? O que posso fazer? Espero que impeçam. Corrupção?O que posso fazer? Espero que liquidem. Isso não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar e construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo. E se há algo que Paulo Freire fez o tempo todo foi incendiar a nossa urgência de esperanças.Julio Cortazar, o argentino que deu novos contornos à prosa latino-americana dos anos 1960 em diante, afirmava que " a corvadia tende a projetar nos outros a responsabilidade que não se aceita". André Destouches, compositor e diretor artístico da Ópera de Paris advertia que "os ausentes nunca têm razão". Precisamos refletir as nossa posições.