sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Até 2018

Caros leitores, desejando a todos um feliz 2018 repleto de felicidades e muita saúde, que neste novo ano que se iniciará, todos os seus sonhos possam ser realizados é o desejo de todo o meu coração. Infelizmente o ano que se encerra para mim apresentou algumas dificuldades de saúde o que comprometeu a minha atividade profissional. Estou em recuperação e tenho certeza que 2018 as coisas aconteceram de forma diferente. Entro em férias e retorno com a saúde equilibrada no mês de fevereiro de 2018. Felicidades para todos.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Reafirmando

O professor Delfim Netto em artigo no Jornal Folha de São Paulo no dia 22\11\2017, cujo título é "É preciso reafirmar algumas verdades da economia", que aconselho a todos os estudiosos desta ciência a ter acesso ao  excelente artigo do mestre que descrevo a seguir:' Há algumas "verdades" que precisam ser reafirmadas permanentemente. A ilusão que domina a ideologia (não o conhecimento empírico) de alguns economistas pode ser extremamente prejudicial ao processo de desenvolvimento robusto, inclusivo e sustentável, que é o quadro necessário, mas não suficiente, para a construção de uma sociedade civilizada. São elas:

1) O desenvolvimento econômico de um país como o Brasil, que tem dimensão para sustentar ganhos de escala em muitos setores, depende de uma combinação inteligente de políticas de "substituição de importação" e "expansão da exportação" induzidas por estímulos adequados pelo uso dos "mercados";
2) O desenvolvimento é apenas o outro nome da produtividade do trabalho que depende do estoque de capital disponibilizado por unidade de mão de obra capaz de operacionalizá-lo e do "tamanho" do mercado ampliado pela exportação. Em outras palavras, depende da quantidade e qualidade do investimento e da exportação;
3) "Qualidade" no investimento significa a existência da preocupação de manter-se no "estado da arte" na tecnologia graças à existência da demanda interna e externa. Na exportação, "qualidade" significa diversificação na oferta (agricultura, indústria e serviços), cuja demanda externa tem evolução muito diferente na expansão da economia mundial e na demanda interna (evitar a dominância de um ou dois compradores).
Esses são princípios gerais que devem organizar a política de exportação que, no Brasil, como em qualquer outro país, estão longe do "curto-prazismo" que recomenda que "se deixem as vantagens comparativas naturais funcionarem" que tudo estará resolvido. Em primeiro lugar porque, quando há liberdade de movimento de capitais, a taxa de câmbio deixa de ser um preço relativo e transforma-se num ativo financeiro cujo valor depende do diferencial de juros interno e externo e tem pouco a ver com a economia real. Em segundo lugar porque a exportação precisa de outras intervenções, tais como:
1) Como a exportação depende da importação, esta, quando destinada a ser insumo da primeira, tem que ser expedita e absolutamente livre da burocracia e de impostos, como foi no velho "draw-back verde-amarelo";
2) Nas cadeias longas, o diferencial de juros reais é muito importante na formação dos preços e na competitividade;
3) Ninguém exporta imposto ou contribuição como se especializou o Brasil, no delírio produzido por governos autofágicos que "só pensam naquilo": extrair da sociedade enganada a receita para pagar salários e a aposentadoria do seu funcionalismo.

E a taxa de câmbio? É só mais um detalhe!' Parabenizo o mestre pelo excelente artigo produzido.


segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Os presidenciáveis

Mais uma vez abro espaço para o maior economista do Brasil o professor Antonio Delfim Netto, em artigo publicado na Folha de São Paulo no dia 25\10\2017 , cujo título é : "Até agora, só conhecemos ridículas bravatas dos presidenciáveis". A seguir o artigo do mestre: Chama-se "desenvolvimento econômico" o aumento continuado de quantidade de bens e serviços à disposição da sociedade numa unidade convencional de tempo.Imagine uma tribo nômade de colhedores de alimentos, num espaço físico limitado que define como seu. O que é, para ela, o "desenvolvimento econômico"? É a quantidade de frutos que pode "colher" na produção natural espontânea no seu território de acordo com a variação climática (que impõe o nomadismo). Ela só pode crescer por dois caminhos: 1º) aumentando a "eficiência" da colheita ou 2º) descobrindo novas fontes comestíveis.
Um exemplo do aumento da "eficiência" é poder colher os frutos que não estão ao alcance da mão, "inventando" uma escada, por exemplo. Isso exige a "imaginação" de alguém do grupo e a aceitação que alguns membros da tribo se dediquem à sua construção em lugar de colher frutos. Quando estiver pronto, o que será a escada" para o grupo? Um "bem de produção", isso é, trabalho "morto" cristalizado num objeto que, quando usado pelo trabalho "vivo", aumenta-lhe a produtividade.
O "aumento da quantidade de bens e serviços à disposição da sociedade" (o desenvolvimento) é apenas o resultado físico do aumento permanente da produtividade do trabalho. Isso dará origem, com o passar do tempo, a uma divisão da sociedade: colhedores (consumo) e produtores de escada (investimento), com formidáveis consequências sociais e econômicas.
Pois bem. Pelo menos 15 mil anos nos separam dessa sociedade imaginada, mas a dinâmica do desenvolvimento é essencialmente a mesma. Ele é o apelido do "aumento da produtividade do trabalho" e continua a depender da quantidade e qualidade dos "bens de produção" alocados a cada trabalhador com capacidade para operá-lo. Na linguagem moderna, "a quantidade de bens e serviços à disposição da sociedade" é o Produto Interno Bruto (PIB), dividido entre bens de consumo e bens de investimento.
Se a produtividade de cada trabalhador depende da quantidade e qualidade do "estoque de capital que lhe é alocado", o crescimento econômico exige que ele cresça (pelo investimento) mais do que a mão de obra empregada, ou seja, deve haver uma harmonia entre o consumo e o investimento. Esse é o problema não trivial a ser resolvido —dentro de qualquer estrutura produtiva— por quem detém o poder político na sociedade.

O que se espera, portanto, são as soluções concretas para nos tirar das trevas dos aspirantes à Presidência em 2018. Até agora, infelizmente, só conhecemos ridículas bravatas e decepcionantes conversas "para boi dormir" de cada um dos pretendentes. Precisamos de alguma luz no horizonte. Parabéns pelo artigo.

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Brasil da vergonha

A editora Abril, lançou a Veja: A história é amarela: uma antologia de 50 entrevistas da mais prestigiosa seção da imprensa brasileira. Ao analisar os entrevistados, fui reler a entrevista do senhor Amaro João da Silva, realizada em 18 de dezembro de 1991. O trabalhador rural de 46 anos que mede 1,35 metro, protótipo de geração nanica do Nordeste, afirma que morrerá como veio ao mundo: nu e com fome. O médico Meraldo Zisman, que pesquisa os problemas da desnutrição no Nordeste desde 1966, examinou o trabalhador rural e constatou que o senhor Amaro não tem problema endocrinológico nem genético. É um caso de nanismo nutricional. O professor de nutrição da Universidade Federal de Pernambuco Malaquias Batista Filho fez um diagnóstico idêntico: "o componente mais significativo que gerou o nanismo de Amaro é o nutricional". Os resultados confirmam que Amaro, cuja estatura equivale à de uma criança de 12 anos, é o protótipo da geração nanica que se expande no Nordeste do Brasil. Amaro vive em um país bem diferente daquele onde as pessoas têm aparelho de som, TV e forno de micro-ondas, todo mundo faz pelo menos três refeições por dia. Não sabe quem é o presidente da república nem nunca ouviu falar em Xuxa. Tem treze filhos é morador do Engenho Bondade, em Amaraji, a 100 quilômetros do Recife,ele trabalha nos canaviais da Usina Bonfim e sustenta toda a família com um salário miserável. Mora com a mulher e doze dos seus filhos em uma casa de barro batido, com 40 metro quadrados, sem energia elétrica nem água encanada. Não é religioso, mas acredita em Deus e nos santos, acredita que eles protegem as pessoas de coisas ruins. Um dos seus sonhos era comer um galeto bem assado, foi levado para o Recife e,numa churrascaria, almoçou um galeto pela segunda vez na vida. Acha que cresceu pouco por trabalhar muito e passar muita fome. Conhece muita gente com a sua estatura e afirma que cinco dos filhos não vão crescer. De manhã só toma café. No almoço, come feijão com muita farinha. E carne de charque, quando dá.De noite, batata doce ou macaxeira,que planta na roça nos fundos da casa. Para ter forças para trabalhar o jeito é dormir um bocado para não ter fome, os filhos pequenos tomam leite (uma lata tem que dar para o mês inteiro) A mulher tem que misturar com muita água para a lata durar. E carne come uma vez por ano, quando a mulher compra meio quilo. Além dos bichos que caça como lagarto, tatu, paca tamanduá,preá e lontra. Nunca usou uma escova de dentes, todos os seus dentes foram arrancados e usa chapa.Não sabe ler e nem escrever.Ensina aos filhos que respeitem os mais velhos, não tocar no que é alheio e não tirar a vida de ninguém.Às filhas , falo que devem se casar e tomar conta dos filhos. Diz , também que eles precisam  aprender a ler,escrever e fazer contas para não ser explorados. Não tem televisão, nos domingos tomo dos copos de cachaça depois tomo banho e vou dormir. Tinha um rádio, que vivia encostado porque o dinheiro não dava para pra comprar as pilhas. Um dia caiu e quebrou. Aí eu dei pra minha filha, de presente de casamento. Se ela quiser,é só mandar consertar.Tem consciência que é explorado pela usina onde ele trabalha. Não só ele, mas todo mundo que é empregado dos usineiros.Diz que sua vida é cansativa mas não tem jeito de ser diferente. Cada dia ,a miséria e o sofrimento aumentam.Acredita em Deus, no padre e nos políticos. Diz que o padre só fala o que direito e o político dá tudo o que promete (quanta ingenuidade). Trabalho a 23 anos para a usina Bonfim. E o que eu tenho? Vou morrer como nasci: nu e com fome. Essa entrevista deveria ser lida por todos os estudiosos, políticos e apresentado em debate nas Universidades para que os alunos tenham conhecimento desta miserabilidade que assola este país. Os políticos ladrões deveriam se envergonhar dessa situação por que passa milhões de brasileiros. Não vá pensar que as coisas mudaram significativamente de 1991 à 2017. Esse é o retrato que prevale ainda hoje nos lares de muitos trabalhadores brasileiros. O Brasil da vergonha e dos políticos ladrões.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Brasil atual

Quando analisamos as condições de vida da sociedade brasileira em sua grande maioria apresenta uma qualidade indesejável de ser vivida. A quantidade de famílias em condições terríveis de sobrevivência em todo o território nacional nos envergonha. Na realidade a um excesso de falta nos lares dos brasileiros. A pobreza é estampada em cada recanto, falta habitação, alimentos, educação, segurança, saneamento, transporte e lazer. Nas grandes cidades e já presente nos interiores a industria do pó,leva a morte um número considerável de jovens  todos os dias. Um quadro político em que ninguém confia, os desvios, o enriquecimento de muitos dirigentes em detrimento da miserabilidade de muitos. A desigualdade em nosso país é gritante e estimula ainda mais a violência. As políticas públicas precisam ser orientadas para conter a quantidade pessoas ou famílias que vivem as margens da dignidade. Atualmente estamos saindo lentamente de uma crise econômica que aprofundou a miséria. O Brasil é um país dualístico por natureza, mesmo nas regiões onde a riqueza prevalece, mas nas mãos de poucos a pobreza é exagerada. Veja São Paulo e Rio de Janeiro como exemplos. A insegurança é gritante, as moradias de péssima qualidade, os trabalhadores recebem salários insustentáveis para manter as suas famílias que ficam fragilizadas perante os traficantes e os políticos trapaceiros em sua gana de manter os seus lucros e suas posições sociais. Até quando está situação permanecerá. A desigualdade é gritante e exige uma profunda análise de como resolver está situação vergonhosa que nos encontramos. A miséria no meu entender é um grande negócio neste país, muita gente está ganhando com este quadro vergonhoso que assola o país. O que dizer das nossas crianças, que são criadas neste ambientem hostil, onde a violência impera e sem saída tem que aceitar as condições degradante para sobreviver. Que país é este, onde os valores estão sendo invertidos, a desonestidade está presente em todas as áreas de atuação. Que exemplo podemos repassar para eles se as autoridades cometem erros inaceitáveis todos os dias. Em quem confiar? A grande questão que nos atormenta, quando temos uma visão de futuro. Para onde estamos caminhando? O que será deste país se não mudarmos o nosso projeto de sociedade. Chegamos ao ponto de não podermos sair de casa, estamos preso, sem as condições mínimas de segurança para ir e vir. A nossa cidadania está comprometida.

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Desigualdade

O economista francês Thomas Piketty autor do livro "O Capital no Século XXI", afirma que o Brasil não voltará crescer de forma sustentável enquanto não reduzir sua desigualdade e a extrema concentração da renda no topo da pirâmide social. No seu livro citado, ele apontou um aumento na concentração de renda nos Estados Unidos e da Europa. Atualmente se dedica a investigar o que ocorreu em países em desenvolvimento como o Brasil, China e a Índia. Os primeiros resultados obtidos para o Brasil foram publicados no início do mês pelo irlandês Marc Morgan, estudante de doutorado da Escola de Economia de Paris que tem Piketty como orientador. O trabalho do Morgan, calcula que os 10% mais ricos da população ficam com mais da metade da renda do país. Afirma que, apesar dos avanços  dos últimos anos,o Brasil continua sendo um dos países mais desiguais do mundo. Em sua base de dados , só encontra grau de desigualdade semelhante na África do Sul e em países do Oriente Médio. Houve um pequeno progresso nos segmentos inferiores da distribuição da renda, beneficiados por programas sociais e pela valorização do salário mínimo. Mas os ganhos dos pobres vieram às custas da classe média, não dos mais ricos e a desigualdade continua grande. No Brasil, as elites políticas e os diferentes partidos que governaram o país nos últimos anos foram incapazes de executar políticas que levassem a uma distribuição mais igualitária da renda e da riqueza. Acho que isso é precondição para o crescimento econômico. O grau de desigualdade extrema não é bom para o crescimento e o desenvolvimento sustentável. Mas adiante afirma, parte da explicação pode estar na história do país, o último a abolir a escravidão no século XIX,o sistema tributário é pouco progressivo.Há isenções para rendas de capital, como os dividendos pagos pelas empresas a seus acionistas. Impostos sobre rendas mais altas e heranças têm alíquotas muito baixas, comparadas com o que se vê em países mais avançados. A elite sempre tem um monte de desculpas para não pagar impostos, e isso também ocorre em outras partes do mundo. O problema é saber por que a elite no Brasil tem sido bem sucedida ao evitar mudanças no sistema tributário. É possível ter um sistema tributário mais justo, uma distribuição da renda e da riqueza mais equilibrada, e mais crescimento econômico , ao mesmo tempo.Essa foi a experiência de outros países. O trabalho do Morgan, mostra que as políticas sociais adotadas nos últimos anos foram boas para os pobres,mais insuficientes.Precisamos melhorar as condições de vida deles e investir em educação e infraestrutura, mais precisa de um sistema tributário mais justo para financiar isso e reduzir a concentração da renda no topo. Diz o mestre: Se não resolvermos o problema da desigualdade de forma pacífica e democrática, vamos sempre ter políticos tentando explorar a frustração causada pela desigualdade, incentivando a xenofobia e pondo a culpa dos nossos problemas sociais em imigrantes e trabalhadores estrangeiros. É um risco para a globalização e os fluxos de comércio. A eleição de Donald Trump nos EUA e a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia não foram uma coincidência. São os dois países ocidentais em que a desigualdade mais cresceu nos últimos anos.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

A busca da normalidade

Mais uma vez, abro este espaço para o maior economista do Brasil, profº Delfim Netto. Artigo escrito na Folha de São Paulo,no dia 30\07\2017, cujo título é: "Sociedade Brasileira precisa retornar ao caminho da normalidade". Onde mostra com muita clareza o grande gargalo deste país. A  seguir o artigo do mestre onde indico como leitura obrigatória a todos os cidadãos preocupados com a retomada do crescimento sustentável do nosso país.

Há uma necessidade urgente de a sociedade brasileira voltar ao caminho "normal".
Este caminho inclui: 1) um crescimento robusto da produtividade do trabalho a qualquer coisa como 3% e 4% ao ano; 2) com plena liberdade de iniciativa de todo cidadão e aumento da igualdade de oportunidades; 3) solidária com os que, objetivamente, não têm plenas condições de participar com a sua força de trabalho e 4) sustentável não apenas no aspecto ecológico, mas no equilíbrio interno (taxa de inflação e juro real parecidos com os parceiros internacionais), no equilíbrio externo (deficit em conta corrente sob controle e financiável) e no equilíbrio fiscal: superávits primários para sustentar a relação dívida/PIB com folga suficiente para o exercício de uma política anti cíclica.
A nação está estarrecida. Um incesto entre o poder incumbente e parte do empresariado produziu um monstro teratológico: o "poder econômico" submeteu aos seus desejos parte significativa do Poder Legislativo e do Poder Executivo, pelo financiamento criminoso das "campanhas eleitorais", que foi transformado em "investimentos" de alta taxa de retorno econômico! E, por via indireta, estendeu o seu poder a parte do Judiciário, que é submetido à aprovação do Legislativo e que depende de promoção pelo Executivo.
Anulou-se, assim, o instrumento de civilização do capital inventado para dar "paridade" de poder ao trabalho por meio do "sufrágio universal" sem a influência do capital. O mais grave crime cometido nessa apropriação foi ter posto em risco o próprio regime democrático, pelo qual, infelizmente, ninguém será apenado!
Mas é preciso reconhecer que são dois problemas distintos. A economia padece do mais profundo voluntarismo econômico que precedeu a eleição de 2014: a tragédia fiscal que nos devora e deixou como herança 14 milhões de desempregados e cuja superação depende de um mínimo de organização política que possa sustentar as "reformas" propostas pelo governo Temer.
Por outro lado, é preciso deixar claro que não foi o Ministério Público que produziu o incesto: a Lava Jato apenas expôs os intestinos daquela relação espúria. Pode até ter contribuído com alguma redução do crescimento a curto prazo, mas seus resultados serão um importante fator de aceleração do crescimento econômico no futuro.
Neste momento, a intriga em Brasília está mais ou menos desativada, o que exige imaginação da imprensa. Talvez fosse bom ela sugerir aos três Poderes da República que sentem-se na mesma mesa com o "livrinho" na mão, para acertarem sem os desejos de "expansão" da autoridade e dedicarem-se à solução do problema político. Só esse entendimento salvará a democracia... 

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Em busca da grande saída

Mais uma vez, parabenizo o professor Angus Deaton pelo excelente livro que publicou cujo título é:"A GRANDE SAÍDA", vencedor do Prêmio Nobel de Economia e considerado um dos maiores estudiosos sobre pobreza. Leitura obrigatória por aqueles que se preocupa com o planeta terra em busca de uma vida digna e cheia de realizações para todos os seres humanos. Em resumo diz o mestre: Quase um bilhão de seres humanos continuam a viver na miséria, milhões de crianças ainda morrem pelo acaso de terem nascido no lugar errado, desnutrição aguda ainda desfigura os corpos de metade das crianças na Índia.  Desde o final da Segunda Guerra, países ricos se empenham em tentar diminuir essas diferenças com ajuda externa por meio do fluxo de recursos para países pobres, com o objetivo de melhorar as vidas dos destituídos. Em tempos mais remotos , o fluxo se dava em direção inversa, de países pobres para ricos, através da espoliação das conquistas militares e exploração colonial. Posteriormente, investidores de países ricos em busca de altos lucros ( e não de tentar ajudar a vida dos nativos) fizeram investimentos em vários países pobres. O comércio exterior levou matérias primas aos países ricos em troca  de bens manufaturados, mas poucos conseguiram enriquecer através da exportação de matérias primas, e para muitos só sobrou o legado da presença estrangeira na economia e da desigualdade interna. Nossos filhos e netos não podem, em absoluto, imaginar que estão imunes às forças que fizeram ruir  grandes civilizações do passado. Na Europa e na América do Norte, nos acostumamos a acreditar que as coisas sempre ficarão melhores. Os últimos 250 anos foram de progresso sem precedentes, mas 250 anos é um período curto demais diante da longevidade de civilizações do passado, que sem dúvida acreditavam-se destinadas a durar para sempre. Há muitas ameaças capazes de nos derrubar. Mudanças climáticas é a mais evidente delas, e não há solução clara que seja politicamente viável. Continuamos a ter guerras. Há movimentos políticos perigosos por toda parte. Imagine a turbulência que líderes chineses enfrentarão quando cessar o crescimento de seu país.( a história sugere que isso acontecerá). O mundo mudou muito nos últimos cinquenta anos, mas a natureza da liderança chinesa mudou muito menos, de forma que não devemos descartar a possibilidade de outra tragédia nefasta, como a Grande Fome. A Revolução Científica e o iluminismo abriram caminhos para sólidos progressos no bem estar material e na saúde. Contudo, a ciência está sob ataque constante de religiosos fundamentalistas em muitas partes do planeta, inclusive nos Estados Unidos. A ciência não é capaz de nos tornar totalmente imunes a doenças. Novas enfermidades podem surgir a qualquer momento. Crescimento econômico é o motor da fuga da pobreza e da penúria material.Mas, atualmente, ele é débil no mundo rico e vem diminuindo década a década.Em quase todos os lugares, a fragilidade do crescimento vem acompanhada do aumento da desigualdade. O professor ressalta os muitos avanços que ocorreram. A violência diminuiu; hoje, as chances de uma pessoa ser assassinada é muito menor que no passado. A democracia está implantada em muitos mais países do que cinquenta anos atrás. São cada vez menos casos de opressão de um grupo social por outro. As pessoas têm atualmente muito mais possibilidades de participar das decisões da sociedade que no passado. No mundo inteiro as pessoas estão ficando mais altas e provavelmente mais inteligentes. A educação tem melhorado na maior parte do planeta. Atualmente, 80% da população mundial é alfabetizada; em 1950, eram apenas 50%. Não se deve esperar que esses progressos ocorram em todos os lugares, ou que sejam ininterruptos. Apesar de tudo, a expectativa do mestre é a de que os reveses sejam superados no futuro como foram no passado. Assim esperamos.

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Única saída para o Brasil - Educação

O professor João Cezar de Castro Rocha, escreveu um artigo na Revista Veja, de 30 de agosto de 2017, cujo título é "A ÚNICA PONTE PARA O FUTURO Vidas Secas aponta para a educação que o país não conquistou",que vale a leitura e uma reflexão sobre o nosso país, as suas contradições e para onde caminhamos. Diz o mestre em resumo: Os últimos parágrafos de Vidas Secas contêm uma promessa que ainda não se cumpriu--- e nessa distância reside o dilema do Brasil. A leitura obrigatória, mas difícil,pois dilacera quem não tenha a consciência embotada por privilégios de magistrados, com tantos penduricalhos incorporados ao salário; aliás, recebido todos os meses com se, apenas por não ser ilegal, o imoral fosse da ordem do ordinário. Claro: mas quem julga as leis? Os próprios beneficiários da hermenêutica "meu pirão primeiro". E nunca ficam sequer ruborizados --- às favas o pudor: eis o espírito do tempo.
1- No mundo contemporâneo, nenhum país se metamorfoseou em nação sem investimentos concentrados e de longo prazo em áreas estratégicas: educação, ciência, tecnologia. Saúde e segurança, em tese deveriam ser direitos inalienáveis e básico. É uma desfaçatez propor recursos públicos para duvidosos partidos políticos sem a resolução urgente de questões tão primárias e que afetam toda a sociedade.
2- Depois de uma travessia assaz perigosa, palmilhando o barco seco todo o sertão, Fabiano, Sinhá Vitória e os dois meninos sem nome se aproximam de um centro urbano. Pela primeira vez, o casal dialoga; isto é, projeta um futuro possível. Conheço o trecho de cor, mas sempre me comovo ao relê-lo: "Pouco a pouco uma vida nova, ainda confusa, se foi esboçando. Acomodar-se-iam num sítio pequeno, o que parecia difícil a Fabiano, criado solto no mato. Cultivariam um pedaço de terra.Mudar-se-iam depois para uma cidade, e os meninos frequentariam escolas, seriam diferentes deles.
3- Nossos magistrados recebem auxílio-moradia mesmo quando residem no local em que exercem suas funções. Sem dúvida: e ainda tantos outros auxílios curiosos que tais. Não haverá espelhos em sua casa? Não leram Machado de Assis? Não pensam em sua biografia? Nesse oceano de passos falsos, como servir de exemplo à família?
4- Esqueço a prudência:tratar a educação, a ciência e a tecnologia como "gastos contingenciáveis" é ainda mais grave do que receber malas de dinheiro com a naturalidade de quem vocifera: ora, ser padrinho de uma boda não configura intimidade, muito menos parentesco; aqui sem regras.
5- Os meninos frequentariam escolas, seriam diferentes deles. Eis a única ponte para o futuro---não há outra.
Parabenizo o professor João Cezar de Castro Rocha, pela excelente analogia dos nossos dias com a grande obra de Graciliano Ramos. Vale a leitura do artigo do professor para fazermos uma reflexão para onde queremos caminhar.

terça-feira, 15 de agosto de 2017

A grande saída

O vencedor do prêmio Nobel de Economia o professor Angus Deaton. em 2015,  por seus estudos sobre pobreza, desigualdade, saúde, bem-estar e desenvolvimento econômico. Autor do livro "A GRANDE SAÍDA   SAÚDE, RIQUEZA E AS ORIGENS DA DESIGUALDADE", lançado pela Editora Intrínseca, 2017. Livro que recomendo a todos os estudiosos da área econômica, políticos e dirigentes de empresas públicas ou privadas  para refletirem como diz o bilionário Bill Gates: "A grande saída, diz Deaton, está longe de se dar por completa. O progresso alcança apenas quem pode pagar por ele. Isso leva à enorme desigualdade.Parte do livro examina de onde essa desigualdade vem, quanto ela importa e o que pode ser feito". O professor Daron Acemoglu, coautor de Por que as nações fracassam, também afirma: " Não há ninguém melhor que Angus Deaton para explicar por que vivemos mais, com mais saúde e mais prosperidade que nossos bisavós. O que ele nos apresenta vai muito além da visão do progresso como inexorável --- mostra um caminho desigual, instável e ainda em curso, no qual, a cada passo,um papel definitivo está reservado à política".Diz o autor sobre o livro: Vive-se melhor hoje do que em qualquer outro período da história. Mais gente enriqueceu e menos gente vive em extrema pobreza.A expectativa de vida aumentou e já não é rotina para os pais ver um quarto dos filhos morrer. Mesmo assim, milhões de pessoas ainda vivenciam os horrores da escassez e da morte prematura. O mundo é imensamente desigual. Com frequência, a desigualdade é consequência do progresso. A riqueza não alcança todos ao mesmo tempo, nem todos têm acesso imediato às mais recentes medidas para salvar vidas, como água tratada, vacinas ou novos medicamentos para prevenção de doenças cardíacas. A desigualdade, por sua vez , afeta o progresso. Isso pode ser bom --- por exemplo, crianças na Índia veem o que a educação é capaz de fazer e passam a estudar ---- ou ruim, quando os vencedores tentam impedir que outros os sigam e destroem a estrada que percorreram. Quando trato de liberdade, refiro-me à liberdade de viver bem e realizar algo que faça a vida valer a pena. A ausência de liberdade, neste caso, significa pobreza,privação e saúde precária ---- males que por muito tempo assolaram a humanidade e que , ainda hoje, afligem uma parcela revoltantemente alta da população mundial. Este livro conta a busca pela saída, dos benefícios para a humanidade por ela gerados e de como ela foi responsável pelo mundo desigual em que vivemos hoje Também explica o que devemos fazer ou não fazer para ajudar aqueles que ainda estão aprisionados nos grilhões da pobreza. Vale a leitura.

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

As fontes do crescimento econômico

Segundo os estudiosos o crescimento econômico resulta basicamente da acumulação de: 1) capital físico (máquinas, estradas, portos, terra cultivável); 2) trabalho ( número de trabalhadores disponíveis a serem empregados no processo produtivo); 3) capital humano ( a habilidade dos trabalhadores, que cresce como seu nível de escolaridade); 4) produtividade ( um fator que amplia a quantidade gerada pelo uso de capital físico e humano em função da eficiência com que os fatores são utilizados). A produção de um país cresce  e sua renda per capita se expande quando mais máquinas (novas tecnologias) e mais trabalhadores qualificados  são empregados no processo produtivo. O crescimento econômico nos países onde o setor privado investe intensamente na aquisição de máquinas e equipamentos, enquanto o setor público e privado investe em infraestrutura tende a ser mais intenso. É importante observar que o investimento em capital físico ou em capital humano, com vistas a aumentar o crescimento, tem como custo a redução do consumo presente ou o aumento do endividamento: o dinheiro utilizado para financiar a compra de um equipamento ou a compra de novos conhecimentos é o mesmo que financia a compra de bens de consumo. Logo a decisão de investir deve ser acompanhada da decisão acerca da origem do dinheiro que vai financiar o investimento: redução do consumo ou tomada de empréstimo. Analisando a economia como um todo, a poupança acumulada por alguns indivíduos pode ser emprestada a outros que desejem investir em montante superior à sua disponibilidade financeira.Assim, quanto maior o nível de consumo e menor o nível de poupança de uma sociedade,menor o capital disponível para financiar o investimento. Uma sociedade que , em termos agregados, consome a maior parte da renda que gera, tem a opção de financiar investimentos tomando empréstimos no exterior. Ou seja, tomando empréstimos de países cuja população é mais poupadora. Optar pelo uso da poupança externa significa aceitar que a dívida externa do país cresça. Como essa dívida é feita em moeda de circulação internacional e a moeda nacional não tem aceitação internacional, uma dívida externa elevada implica o risco de uma crise no balanço de pagamentos. A diferença entre as nações desenvolvidas e as subdesenvolvidas é que as primeiras são possuidoras de melhores instituições ou melhores infraestruturas sociais. Trata-se de um conjunto de regras sociais amigáveis à atividade empresarial,oferecendo incentivos e segurança àqueles que trabalham duramente e investem na produção:os contratos são cumpridos;o sistema judicial é ágil e capaz de induzir o respeito às leis por todos os cidadãos; as companhias enfrentam baixos custos relacionados  a procedimentos burocráticos exigidos pelo governo; o mercado de trabalho é flexível ( sendo fácil contratar e demitir trabalhadores, com pouca  restrições legais); abrir ou fechar um negócio não envolve muita burocracia ou custos; há pouca barreiras  ao comércio internacional; o nível de tributação não é excessivo e não gera grande distorções nos preços dos produtos;o governo é eficiente na regulação da atividade sujeitas a controle monopolístico e impõe regras antitruste. Com essas medidas a produtividade de um país cresce, e como consequências teremos no futuro:Crescimento e desenvolvimento sustentável;eficiência; redução da pobreza; melhorias dos indicadores sociais e redução dos desequilíbrios regionais.

domingo, 30 de julho de 2017

Pouco crescimento econômico

O livro " POR QUE O BRASIL CRESCE POUCO?", do economista Marcos Mendes, onde indico aos estudiosos da área econômica, ele nos mostra com muita propriedade as razões sobre o baixo crescimento da economia brasileira. De uma leitura agradável, o Mendes utiliza seu conhecimento e sua experiência no setor público para explicar que este baixo crescimento foi uma escolha nossa, que se traduz em uma péssima combinação de A) altos gastos públicos; B) elevada carga tributária;C) baixa qualidade dos serviços de educação; D) insegurança jurídica; E) baixa poupança do setor público. Mas nos aponta a saída, que passaria, pela retomada da agenda de reformas,redução dos subsídios para empresas e focalização da política distributiva. Mendes, em seu livro,chama a atenção de que existe uma longa história por  trás do baixo crescimento. Diz o mestre: A redemocratização do nosso país se deu em um contexto social e econômico caracterizado por alta desigualdade, péssimas condições sociais para os mais pobres no momento da transição para a democracia e enraizados privilégios para as classes sociais mais altas. Uma sociedade desigual é tipicamente composta por uma massa de pessoas pobres e um pequeno grupo muito rico. Ao longo da história do país, desde o período colonial,os grupos mais ricos usaram seu poder econômico e antigos laços com a elite política para criar, preservar, e ampliar seus privilégios:crédito subsidiado de bancos públicos para grandes empresas, socorros financeiros a empresas e empreendimentos agrícolas, sistema judiciário frágil e sujeito a influência de poder econômico e proteção comercial aos produtos nacionais. Isso significou o enfraquecimento de instituições importantes para o crescimento econômico e, ao mesmo tempo, gerou aumento dos gastos públicos correntes que levou a uma tributação mais alta e de pior qualidade, com reflexos negativos no investimento e na produtividade,o que reduz o potencial de crescimento da economia. Ademais , o surgimento de um déficit público crônico diminuiu a poupança agregada da economia, encarecendo os custos de financiamento dos investimentos. A necessidade de atender a grupos sociais distintos, transferindo-lhes renda por meio de subsídios, salários e programas de transferência de rendas , levou também à necessidade de cortar investimentos em infraestrutura, pois simplesmente não havia recursos fiscais para tudo. Mais uma vez prejudicou -se o crescimento.Os segmentos mais ricos da sociedade, que controlam as grandes empresas, têm sido bem-sucedidos em se proteger da competição. Sistemas judicial e regulatório frágeis e economia fechada são úteis quando se deseja bloquear o surgimento de novos concorrentes, expropriar acionistas minoritários ou preservar uma situação de monopólio ou oligopólio. Tudo isso enfraquece a competição, desestimula o investimento e a busca de ganhos de produtividade, reduzindo o crescimento potencial. O livro de Marcos Mendes revela essas verdades mas nos aponta uma saída, só depende de nós como sociedade organizada e bem dirigida. Adquiram o livro e  tenham uma ótima reflexão sobre o baixo crescimento da economia brasileira.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

TLP e o almoço grátis

Recebi do meu sobrinho Marcelo Eduardo Alves da Silva PhD em economia,  professor da Universidade Federal de Pernambuco e responsável pela coluna "Observatório Econômico" do Diário de Pernambuco um artigo cujo título é "TLP e o almoço grátis", produzido por Pedro Ferreira e Renato Fragelli que mostra  a reação da classe empresarial contra a TLP. Passo a descrever a seguir: A reação coordenada da Abimaq, Fiesp e outras entidades empresariais contra a TLP, com a simpatia posteriormente desmentida do presidente do BNDES,mostra que o governo está na direção correta. Um dos tópicos mais destacados da literatura acadêmica recente sobre crescimento econômico é o conceito de má alocação (misallocation) de recursos causada por distorções idiossincráticas. Em substituição aos modelos agregados tradicionais, nos quais a baixa  produtividade causada por alguma política pública prejudica a todos da mesma forma, a nova literatura estuda distorções que afetam firmas e agentes de forma diferenciada. Uns são beneficiados, outros prejudicados, alguns em grande medida, outros ligeiramente. A má alocação de recursos entre firmas prejudica aquelas potencialmente mais eficiente e incentiva o crescimento de outras menos produtivas. O resultado é um menor ritmo de crescimento da produtividade média da economia. Durante os governos petistas, o BNDES foi um ativo instrumento de política industrial e seus desembolsos atingiram níveis muito acima daqueles observados  no passado. Além de suas fontes  de financiamento usuais, recursos do FAT e capital próprio,o banco recebeu empréstimos do tesouro em torno de R$ 500 bilhões. As taxas de empréstimo do banco, por serem muito inferiores à taxa paga pelo Tesouro ao levantar recursos no mercado, embutiram elevado subsídio ao capital. O Programa de Sustentação do Investimento (PSI),por exemplo, chegou a operar com taxas de 2,5% ao ano,enquanto o Tesouro se financiava à taxa Selic em torno de 11% ao ano. A má alocação de recursos prejudica as mais eficientes e incentiva o crescimento das menos produtivas. Grande parte das operações do BNDES no período utilizava a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). Embora aqui o subsídio fosse inferior aquele do PSI (Programa de Sustentação do Investimento) ele era ainda bastante significativo. Nos últimos dez anos , a TJLP ficou em média 4 pontos percentuais abaixo da Selic.Além de questionável do ponto de vista de seu retorno para a sociedade, não se conhece qualquer avaliação mais séria desses programas,  esse subsídio não é contabilizado como tal, não passa pelo orçamento federal e,portanto, não permite seu controle pela sociedade ou congresso. O volumo estimado de subsídio implícito anual foi de 0,5% do PIB equivalente ao custo do programa Bolsa Família. Em outras palavras: o subsídio ao capital do governo petista era tão caro quanto  o mais importante programa social do mesmo governo,um programa bem focado e com bons resultados na redução da pobreza. Mais importante ainda que a transferência  de recursos para os donos das empresas com acesso ao BNDES é a má alocação de recursos. Esses fundos não caem do céu, são obtidos via tributação ou endividamento do governo. Os recursos drenados pelo governo implicam escassez de fundos  no setor privado, levando a uma maior taxa de juros para as empresas que não tem acesso ao BNDES, inviabilizando muitos projetos  e reduzindo outros. Não havia um critério claro para a distribuição de recursos  do BNDES, haja vista as experiências do Grupo X, JBS, Frigorífico, OI, para citar somente alguns exemplos. Claramente não se enfatizavam critérios de eficiência e privilegiavam-se grandes empresas. Muitos projetos inviáveis a taxa de mercado passaram a ser financiados com subsídios, e projetos promissores sem acesso aos fundos dos banco foram prejudicados pelas altas taxas de juros, aumentando a ineficiência geral da economia. A Taxa  de Longo Prazo, proposta pelo atual governo, visa corrigir grande parte desses problemas. Em cinco anos , a TLP convergirá para a taxa de NTN-B com cinco anos de prazo de vencimento. Somente empresas de setores pré-definidos aqueles que supostamente geram retornos sociais acima dos privados, receberão subsídios. Estes  se tornarão transparentes e contabilizados como tais. A menor competição do governo como setor privado por recursos  escassos reduzirá a taxa de juros média paga por todos, beneficiando todas as empresas igualmente, inclusive startups e novas empresas inviabilizadas pelos atuais juros de mercado estratosféricos.As firmas ineficientes que só sobrevivem por terem acesso às taxas subsidiadas irão desaparecer ou terão que aumentar sua produtividade. No final haverá um conjunto mais eficiente de firmas e com isso a produtividade do país aumentará. Adicionalmente, o fim do subsídio interromperá  a transferência de fundos para os mais ricos, algo extremamente injusto socialmente. Obviamente há outras distorções. Os custo de oportunidade dos recursos do FAT, redução da dívida pública,por exemplo, também está acima das taxas que o banco empresta. A não contabilização de todos esses subsídios levou o banco a distribuir lucro aos seus funcionários, quando na verdade o prejuízo, uma vez feita a contabilidade dos seus subsídios corretamente seria demais de R$30 bilhões ao ano. Não surpreende que a associação de funcionários do banco tenha protestado contra o  fim da TJLP. Aqui a miopia ideológica é uma conveniente aliada dos interesses corporativos. O que surpreende é que diretores e economistas com formação sólida, alguns com passado liberal, defendam a atuação passada do banco.Esses, mais do que ninguém, aprenderam com Milton Friedman que não há almoço grátis e a atuação recente do banco custou caro a sociedade. Em um país onde faltam recursos para educação básica, saúde, segurança e outras áreas essenciais, chega a ser espantoso a desfaçatez da Abimaq, Fiesp e outras entidades empresariais alienadas da amarga realidade nacional, ao combaterem a TLP, igualam-se a corporações de servidores que, mesmo com salários superiores aos dos trabalhadores  do setor privado com a mesma qualificação, e fruindo da invejável estabilidade no emprego, mobilizam-se contra a reforma da previdência e a manutenção de outros privilégios injustificáveis. Espera-se que a atual diretoria do BNDES se alinhe ao restante da equipe econômica no intuito de reconstruir a saúde fiscal destruída pela Nova Matriz Econômica e eliminar distorções que entravam o crescimento.Concordo plenamente.

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Direitos Humanos

Lendo o livro "O BRASIL NO CONTEXTO 1987 - 2007", da editora contexto, que indico a todos os interessados nos grandes problemas do nosso país. Um dos artigos que passo a apresentar em resumo cujo título é" DIREITOS HUMANOS", do professor Marco Mondaini, chamou a minha atenção. Lembro que todos os artigos são excelentes o livro realmente merece ser acessado. Diz o mestre em resumo: Não foram poucos os momentos na história da república brasileira nos quais as discussões acerca dos problemas centrais que se erguiam como obstáculos ao desenvolvimento da nação foram postas em termos de uma contradição permanentemente suspensa entre dois brasis em grande medida inconciliáveis. Na maioria das vezes, a dicotomia girava em torno da ideia de que existiria dentro de um mesmo território nacional um Brasil moderno, urbano e desenvolvido em muito diverso de um outro Brasil atrasado, rural e subdesenvolvido. A relação entre modernidade e conservadorismo não é, entretanto, a única relação contraditória a se fazer presente em nosso país.Junto a ela e fruto, talvez, das mesmas opções históricas realizadas principalmente a partir dos anos 1930, desenvolveu-se uma segunda estranha relação entre um país avançado em termos legais, de um lado, e outro que vive absolutamente à margem das conquistas obtidas no plano das normas e das leis, de outro lado:um "Brasil legal" que não consegue se ajustar ao "Brasil real",ou vice-versa. Neste plano, a separação entre duas nações, dentro de uma única, assume explicitamente a face de um abismo entre um país que vive em função da ilusão de que basta uma alteração normativo-legal para que os problemas sociais sejam solucionados, e outro que, na ignorância em relação ao que lhe é de direito,não consegue se movimentar na direção da melhoria das suas condições materiais de existência.No plano real, se a Constituição promulgada em 1988 consegui reavivar a liberdade perdida durante os 21 anos de ditadura militar, o mesmo não foi alcançado em relação à igualdade, pois a questão social, com o seu complexo conjunto de implicações, permaneceu não resolvida satisfatoriamente. Se a liberdade de expressão e o direito universal ao voto foram conquistados na sua plenitude, muito há de ser feito a fim de que a democracia brasileira não se limite apenas à forma, passando a ser também preenchida de conteúdo. Isso porque a desigualdade social continua a se fazer presente entre nós de maneira alarmante. Sem dúvida, as ameaças à jovem democracia brasileira não se encontram localizadas no plano estritamente político, mas sim na área social, mas especificamente na crônica insistência em não se resolver o problema da extrema concentração de riquezas em nosso país, com todos os males daí decorrentes. Os resultados não poderiam deixar de ser outros senão uma cidadania aviltada. O Brasil continua sendo um dos maiores PIBs (Produto Interno Bruto) do planeta, mantendo-se, também, entre os primeiros colocados na infame competição pelo título de campeão mundial de desigualdade social. Este pequeno resumo do artigo do  professor Marco Mondaini, revela o quanto precisamos avançar para nos tornarmos uma nação chamada apenas de Brasil, composta por cidadãos plenos, na liberdade e na igualdade. Vale apena ler este artigo.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Caminhos a trilhar

Acabei de ler atentamente o livro da Míriam Leitão "A VERDADE É TEIMOSA", quero parabenizar a autora pelos artigos que nos permite entender a crise que afeta o nosso país e como ela foi construída ao longo do governo do Partido dos trabalhadores. Leitura obrigatória por todos os interessados na condução da nossa política econômica e social. E que os erros do passado não venha novamente comprometer o nosso futuro. O último artigo do livro " No FIM DA CRISE O FUTURO", a economista aponta o caminho que devemos trilhar para realmente nos tornarmos uma nação em que possamos nos orgulhar. A seguir em resumo o que diz a Míriam: Os que chegam ao mercado de trabalho em meio à crise atual encontram muita porta fechada e uma montanha de amarguras para atravessar. A taxa de desemprego de jovens supera 25%, e os que conseguem colocação tem que reduzir o patamar dos sonhos que perseguiam. É natural a oscilação de períodos de maior e de menor crescimento, muitas vezes determinados por fatores externos que não podemos controlar.Contudo, é possível evitar uma recessão forte como a de 2015-2016 poque ela foi causada principalmente por imperícia na condução da economia e desprezo às lições que ficaram de outros momentos difíceis que atravessamos. Quem permitiu que a inflação voltasse a visitar os dois dígitos, ampliou gastos de forma insustentável e tentou manipular estatísticas fiscais cometeu erros velhos dos quais se sabia a consequência. O custo está sendo penosamente pago por todos nós,pelos jovens em particular, nesse retrocesso em que entramos. As crises não são eternas. Esta vai passar. Será necessário, então, o país estar preparado para a etapa seguinte da história. No mapa para o futuro há tarefas a executar e princípios que precisam ser confirmados. A democracia tem que continuar sendo aperfeiçoada.Uma das formas tem sido o combate à corrupção para que haja no país uma nova forma de fazer política, um novo modelo de negócios com o setor público. É fundamental não abandonar o esforço de reduzir a pobreza e a desigualdade porque esses males tem raízes profundas. A proteção do nosso patrimônio ambiental será a decisão mais sábia a tomar em um tempo em que a ameaça das mudanças climáticas ficará mais presente a cada década. Temos em abundância terra, água, fontes diversas de energia renovável, biodiversidade. É um patrimônio que já nos coloca em vantagem. Temos plena capacidade de construir nosso projeto de nação com mais progresso econômico e social.Não é apenas um desejo. Concretamente, podemos.Os jovens de hoje viverão um tempo de rupturas tecnológicas em que o mundo do trabalho será alterado várias vezes. O país precisa se preparar para essas mudanças constantes com educação de boa qualidade, investimentos em novas tecnologias, aumento da competitividade das empresas. O futuro será muito diferente do passado e, por isso, quanto mais soubermos dele mais preparados estaremos, mais chance teremos. A educação é, e sempre será , o coração do nosso maior desafio. Erramos tanto, continuaremos sendo tão descuidados, mas é nesse campo que ganharemos ou perderemos o futuro. Parabenizo a Míriam Leitão, mais uma vez pelo excelente livro que publicou e  por seu pensamento positivo.  Concordo que o nosso futuro está em nossas mãos e temos todas as possibilidades de obter um sucesso, só não podemos errar de novo adiando mais uma vez os sonhos de todos os brasileiros

terça-feira, 20 de junho de 2017

A questão brasileira

Caros leitores, é decepcionante a situação política do nosso país. Nosso presidente, senadores, deputados e grandes empresas  sendo investigados por corrupção, enquanto 14 milhões de brasileiros desempregados lutam para sobreviver no seu dia a dia. A corrupção desenfreada e institucionalizada em todos os níveis de governo (federal, estaduais e municipais), leva a população brasileira ao desespero pela falta de recursos na saúde, educação, segurança e infraestrutura. A situação econômica em que se encontra o Brasil, decorrente de um governo passado sem projeto de futuro e dirigido por uma pessoa sem as qualificações exigidas para o cargo exigirá um tempo mais elástico para que as coisas entre nos eixos. Gastaram mais do que arrecadavam, estimulando a inflação e dificultavam o trabalho do Banco Central  no controle dos preços. Endividaram o setor público, ao ponto de corremos sérios risco de termos o rebaixamento da nota de crédito do país.Ao gastar mais, reduziram a taxa de poupança, criando dificuldade para a retomada do investimento. Atualmente, controlamos a inflação, as taxas de juros estão diminuindo, as nossas exportações em relação a importação gerando um saldo positivo e a taxa de câmbio dentro do esperado do seu comportamento. Os reflexos no mercado de trabalho começa a dar sinais de vitalidade embora de forma muito lenta e os investimentos externos e internos acredito que retornarão. Mas é preciso que o ambiente político reflita segurança, que o nosso governante tenha respaldo político para que os investidores institucionais retome os projetos que garantam aumentos de produtividade  e geração de empregos em nossa economia. Reduzir a insatisfação com a qualidade dos serviços públicos, principalmente na educação que é a chave para o nosso progresso sustentado, deveríamos analisar as experiências bem sucedidas nesta área  com os países da Coreia do Sul e da Finlândia.As dificuldades na mobilidade urbana,muitas obras não foram concluídas desde a copa do mundo.Controlar melhor os preços das obras e os descumprimentos dos prazos das empreiteiras e das promessas dos governantes. Acredito que o nosso governante jamais irá utilizar aquele modelo arcaico baseado em repressão das tarifas públicas como política anti-inflacionária; desonerações de impostos e empréstimos subsidiados para alguns setores como incentivo ao crescimento; estímulo ao consumo através do crédito dos bancos públicos; forte redução de taxa de juros em momento inadequado; um pouco mais de inflação e relaxamento fiscal. O passado não serve de referência. A rejeição a todos os políticos, que aparece nas manifestações, é aceitável depois de tanta desilusão. Temos que fazer a transição para um mundo diferente e que o nosso país tenha no amanhã cidadãos bem informados e políticos que possa nos orgulhar.      

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Economia

Caros leitores, parabenizo a editora contexto pelo lançamento do excelente livro"O Brasil no contexto 1987 - 2007",organizado por Jaime Pinsky, onde diversos intelectuais tratam de vários temas relevante para podermos compreender a sociedade brasileira neste período. Livro que indico como leitura obrigatória a todos os intelectuais (profissionais, estudantes e professores) preocupados com o presente e o futuro de nossa nação.O livro é bom, instigante, rico de ideias e de sugestões. Destaco em resumo a participação de Antonio Corrêa de Lacerda, que trata do tema economia, onde mostra os dilemas da nossa política econômica, feliz em seus esforços para controlar a inflação,mas ineficiente em promover o crescimento. O autor é doutor em economia pela Universidade de Campinas (Unicamp), autor de diversos livros e tido como grande articulista dos jornais O Estado de São Paulo e Gazeta Mercantil. Diz o mestre em resumo:Nos últimos vinte anos a economia brasileira evolui em itens importantes, como o controle da inflação a partir de 1994. No entanto, permanece o desafio de atingir um nível de crescimento robusto e sustentado.De importador de petróleo no passado,o Brasil se vê hoje próximo da auto-suficiência. A dívida pública externa caiu substancialmente, nos tornamos até exportadores de aviões, aliviando em parte o problema da vulnerabilidade externa.No entanto,isso não solucionou as contradições de sermos um país de concentração de renda altíssima. Tornamos-nos quase imbatíveis no agronegócio, da agricultura e da pecuária. Mas o sucesso é sustentável ambientalmente? Ao mesmo tempo em que criamos multinacionais brasileiras de sucesso, as pequenas e médias empresas são sufocadas pelas condições adversas da economia interna e a crescente concorrência internacional.Esse é um país de contrastes. Mais do que nunca é preciso pensar o desenvolvimento na sua acepção mais ampla, que proporcione não apenas a melhora de indicadores em relação ao passado, mas também crie condições para aumentar a qualidade de vida do povo brasileiro. Uma melhora que não apenas advenha da ajuda social, mas também da educação, saúde, saneamento e condições de emprego. A análise do conjunto de indicadores da economia brasileira nos anos recentes aponta para significativas melhoras, como na questão da recuperação das contas externas e o controle da inflação. Por outro lado,permanece o desafio de melhorar a relação dívida pública/PIB e melhorar o perfil do endividamento. É preciso criar as condições para ampliar de forma expressiva o baixo crescimento da economia, recuperar as taxas de investimento e propiciar a criação de empregos e geração de renda. Tendo em vista o perfil da população brasileira e o elevado desemprego, especialmente entre os jovens, é urgente criar as condições para viabilizar um crescimento anual pelo menso equivalente a 5%. Isso por si só não garante o desenvolvimento, mas, é uma condição necessária, sem a qual a tarefa de melhorar a oferta de emprego e renda não se realizará. Vale apena a leitura completa do artigo do professor Lacerda. E mais uma vez indico o livro como leitura obrigatória. Parabéns  a todos os autores dos diversos artigos que consta neste livro.

quarta-feira, 31 de maio de 2017

Artificialismo

Caros leitores, analisado a situação atual do Brasil, constatamos o que a sociedade brasileira clama e parece que os políticos não escutam, é que queremos uma economia de mercado e livre competição, necessitamos de estabilidade macroeconômica, integração à economia internacional, regras estáveis, respeito aos contratos, investimentos em educação e integração social e regional.Precisamos eliminarmos os artificialismos que ainda estão presentes em nossas decisões de política econômica. Segundo a economista Míriam Leitão em artigo, publicado em sua coluna em 17-01-2013,cujo título é "Os artificialismos", que consta em seu livro A VERDADE É TEIMOSA, já alertava para esta brincadeira. Diz em resumo a economista: O problema não é um preço defasado ou um pedido do ministro da fazenda para que um prefeito adie um reajuste. O grande problema hoje é a profusão de artificialismos na economia brasileira. Em 2012, para evitar que o reajuste do preço para a Petrobras chegasse ao consumidor,o governo subsidiou a gasolina reduzindo a zero a alíquota da CIDE(imposto sobre combustíveis). Se o nome do imposto valesse e fosse o governo que pagasse a cada intervenção,o tributo arrecadaria bilhões.O preço artificial da gasolina produz vários efeitos colaterais: aumento da importação de gasolina, aumento do consumo, desorganização do setor de etanol. Na área fiscal,o transformismo de índices faz com que o BC tenha que se comportar como o último a saber.Durante todo o ano passado,o banco repetiu em suas atas e seus relatórios que partia do pressuposto de que a meta fiscal seria cumprida. Não foi. Mas consta nos números que foi.E ai? O que dirão agora os documentos? Na área de preços, os truques, adiamentos, defasagens e subsídios criam uma inflação reprimida. Como sabemos, não adianta esconder, negar, varrer para debaixo do tapete porque a inflação sempre aparece.Contornando reajustes de preços, combinando deduções tributárias com empresários para que eles não reajustem,ou adiando elevações,o governo está criando um ambiente cada vez mais artificial na economia. O uso indiscriminado da contabilidade criativa, prejudica toda a tomada de decisões que venha a ser feita em cima de relatórios que não condiz com a verdade. A falta de transparência nas decisões criam uma confusão inexplicável para os agentes econômicos. Como diz a Míriam:É muita trapalhada, em muitas frentes, ao mesmo tempo. A Petrobras comprou uma refinaria por um preço muito acima do razoável e teve que lançar parte do dinheiro a prejuízo; o BNDES toma decisões inexplicáveis de alocação de recursos públicos e tem prejuízo; balanços dos bancos públicos saem com meias verdades. Quando tudo dá errado,o tesouro usa o seu,o meu,o nosso dinheiro. Para que os fundamentos atuais que foram citados no inicio deste artigo sejam implementados em nosso país é preciso que os dirigentes da nossa nação tenha consciência que não dá mais para fingir para os agentes econômicos que a situação está em equilíbrio.Chega de mentiras. A sociedade não aguenta mais.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Míriam Leitão

Caros leitores, terminei de ler um livro excelente da economista Míriam Leitão, cujo título é " A VERDADE É TEIMOSA", Diários da crise que adiou o futuro. Vale apena adquiri-lo para que possamos compreender a crise que afeta o nosso país e como ela foi construída pelo governo Lula e Dilma. Diz Míriam:" Não há governo que pare de pé quando o governante provoca uma grave crise econômica. Nos últimos anos, o Brasil enfrentou uma recessão severa,com um rombo inédito nas contas públicas e aumento do desemprego, levando ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Para a jornalista não houve surpresa, pois o governo fechou os ouvidos a todos os alertas". Em um dos artigos em resumo, afirma Míriam: Na democracia é fundamental que o contribuinte entenda a situação real das contas do governo para influir nas escolhas das políticas públicas. Ao falsificar os indicadores e tornar os números opacos, essas manobras  feriram a própria democracia. A maior parte do que ficou conhecido como pedaladas beneficiou os mais ricos no Brasil, garantindo a manutenção do subsídio aos grandes empresários e financiamento barato aos maiores proprietários de terra. Segundo Míriam o PT repetiu o erro dos militares, confirmando um dos defeitos mais antigos do Brasil, o de favorecer com dinheiro público os mais ricos. A crise que infelicitou o país e derrubou o governo Dilma ensinou, da forma mais dolorosa,o que não pode ser feito:ser leniente com a inflação num país com passado de hiperinflação,falsificar estatísticas contábeis para esconder rombo fiscal, usar os bancos públicos ferindo a Lei de Responsabilidade Fiscal, mentir sobre a realidade econômica antes de uma eleição e revelar remédios amargos só após o fechamento das urnas. Esta é apenas uma parte da lista dos erros que nos levaram à crise. Mas adiante afirma com muita propriedade: As operações de combate à corrupção, especialmente a Lava-Jato, não foram a causa das crises política e econômica do país.Elas se transformaram numa radiografia de como a corrupção tinha se infiltrado nas decisões de política pública, na gestão do Estado e das estatais, durante os últimos anos. Por serem reveladoras, ajudam a apontar o caminho pelo qual podemos construir novos padrões de relacionamento entre governo e as empresas. A corrupção, no entanto enfraqueceu a Petrobras, paralisou grandes empreiteiras, afetou as cadeias produtivas da construção civil e de óleo e gás. A turbulência foi parte da queda da atividade econômica. Mas é preciso ver a relação de causa e efeito na direção certa. Foi a corrupção, e não seu combate, que provocou efeitos nefastos. Míriam joga luz sobre o passado recente, sem perder a esperança no futuro quando afirma:Os erros que levaram à crise econômica fizeram mais mal ao Brasil:atrasaram a preparação para o futuro em um país que permanece tendo as vantagens que tem. É o maior do mundo em biodiversidade, tem terra suficiente para dobrar a produção de alimentos sem desmatar, tem o maior potencial de produção de energia de baixo carbono por quilômetro quadrado, tem uma população de tamanho ideal, nem pequena que seja um limitador, nem grande demais que seja um peso. Em pouco mais de três décadas, o Brasil fez a redemocratização, venceu a hiperinflação, reduziu a pobreza e está combatendo, de forma corajosa, a corrupção. Na economia, a agenda da modernização foi interrompida, mas podemos retomá-la. Parabenizo a economista e mais uma vez sugiro a leitura a todos os estudiosos (professores e estudantes) das áreas econômica, política e social do nosso país.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Texto de William Shakespeare " O Menestrel"

Achei este texto de William Shakespeare,  uma das coisas mais linda que tive a oportunidade de ler, por isso repasso para os meus leitores e que sirva de reflexão nesses dias tão conturbado em que vivemos. A seguir o texto: Depois de algum tempo você aprende a diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.E você aprende que amar não significa apoiar-se. E que companhia nem sempre significa segurança. Começa a aprender que beijos não são contratos e que presentes não são promessas.Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de uma adulto e não com a tristeza de uma criança. Aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que, não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam. E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende  que falar pode aliviar dores emocionais. Descobre que se leva anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la. E que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida,mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitam escolher. Aprende que não temos de mudar de amigos se compreendermos que os amigos mudam.Percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com quem você mais importa na vida são tomadas de você muito depressa.Por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influências sobre nós,mas nós somos responsáveis por nós mesmos.Começa a aprender que não se deve comparar com outros, mas com o melhor que pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto. Aprende que não importa onde já chegou, mas para onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer caminho serve. Aprende que, ou você controla seus atos, ou eles o controlarão e que ser flexível não significa ser fraco,ou não ter personalidade,pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem, pelo menos, dois lados. Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer,enfrentando as consequências. Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai  é uma das poucas que que o ajudam a levantar-se. Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos pais em você do que você supunha. Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens. Poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso. Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não tem o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem com demostrar ou viver isso. Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém. Algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo. Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido,o mundo não para para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar. Portanto,plante seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar,que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar.

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Delfim Netto

O professor Delfim Netto, em artigo na Folha de São Paulo em 19\04\2017, cujo título é " Luta de classe não é mais entre burguesia e proletariado", relata com muita propriedade a situação dos trabalhadores neste país. A seguir o que afirma o mestre: A Fundação Perseu Abramo, fonte intelectual do Partido dos Trabalhadores e hoje sob a presidência do competente economista Marcio Pochmann, de quem se pode discordar, mas não ignorar, realizou uma pesquisa qualitativa importante "para compreender a formação da visão do mundo nas periferias de São Paulo".
Ouviu um pequeno número de ex-eleitores do PT (63) que nelas moram. O resultado levanta dúvidas se a "luta de classes" é mesmo entre a "burguesia" ("eles") e o "proletariado ("nós"), que só terminará com a extinção definitiva "deles"...
Os ex-petistas substituíram a "burguesia" pelo que hoje veem como seu verdadeiro opressor: a alta burocracia estatal que se apropriou do Estado graças ao laxismo e oportunismo dos governos que se sucederam desde a Constituição de 1988. "Eles" conseguiram blindar-se de todos os inconvenientes que "nós", os trabalhadores privados, sofremos.
Enquanto "nós" na crise de 2016 ficamos desempregados e vimos o nosso salário real cair 1,3%, "eles", sem serem atingidos pela conjuntura, viram os seus aumentar 1,5%. "Nós", os pacientes do INSS, temos uma taxa de recuperação dos salários na aposentadoria de 60% a 70%; "eles" insistem em manter 100%!
A grande surpresa foi constatar que, à custa de tanto sofrimento, o trabalhador do setor privado começa a desenvolver uma consciência de classe: o inimigo de hoje não é a tal "burguesia" que, tanto quanto ele (estão no mesmo barco), sustenta um gigantesco estamento estatal tão ineficiente quanto "rentista". Com seus direitos "mal" adquiridos, "eles" se apropriam do excedente produtivo que "nós" produzimos e que deveria ser destinado a investimentos em educação, saúde e infraestrutura, sem os quais não há (nem haverá) desenvolvimento inclusivo.
Afinal, parece que há mesmo uma luta de classes entre "nós", o setor privado, e "eles", a poderosa e organizada burocracia estatal!
A República, para realizar-se, precisa de um Estado forte, constitucionalmente constrangido, que garanta que todos são iguais perante a lei; que seja capaz de regular os "mercados", principalmente o financeiro; que crie instituições que produzam maior igualdade de oportunidades e supram a solidariedade aos menos favorecidos etc. Um Estado forte, enxuto e eficiente que cumpra o papel que só ele pode fazer: um harmonioso aumento e melhor distribuição do produzido por "nós".
Deixando de lado essa interpretação caricatural, ninguém deveria deixar de ler o documento. Ele lança luz sobre os verdadeiros valores individuais: "trabalho, família, religião que os tornam alguém". 

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Ausência de governança corporativa

Os escândalos envolvendo o setor público (classe política) e o setor privado no Brasil demonstra a fragilidade do modelo de governança corporativa aqui praticado. Uma boa governança corporativa é importante para a retomada do crescimento econômico, principalmente se esse processo for liderado pelo setor privado. Crescimento econômico e governança corporativa são assuntos correlatos e estão vinculados, principalmente a questão financeira. A abertura, a estabilização monetária e a privatizações, alteraram de forma significativa o ambiente empresarial, ao impactarem o jogo competitivo e as estruturas institucionais. Esses escândalos envolvendo a classe política brasileira com o setor privado, cria uma desconfiança do público (stakeholders) nos executivos, conselhos, instituições financeiras, firmas de auditoria, bancos de investimentos, gestores de fundos, governo e reguladores. A governança corporativa preocupa-se em assegurar que os executivos gerenciem as firmas honesta e efetivamente de forma a garantir um retorno justo e aceitável àqueles que investiram recursos na firma. Essa definição remete a duas questões: ética da conduta dos executivos e competência deles em gerenciar os recursos. Esses dois requisitos são essenciais para se ganhar a confiança das pessoas. Logo, a confiança torna-se a base da governança corporativa, na medida em que os executivos ocupam uma posição de confiança para o exercício da autoridade. Confiança não pode ser imposta ou regulamentada, mas precisa ser sentida pelos atores. Deve enraizar-se em ações, valores e crenças dos investidores, clientes, empregados, políticos, funcionários públicos e, acima de tudo, dos membros dos conselhos das corporações. A boa governança está calcada em princípios que norteiam o funcionamento das empresas e outras organizações e lhes propiciam maior credibilidade e criação de valor.É fundamental a adoção de princípios sólidos e consagrados para a integração com os mercados e as comunidades em que atuam. São eles: 1) Transparência - Mais do que a obrigação de informar, a administração deve cultivar o desejo de informar, uma boa comunicação interna e externa,franca e rápida, resulta um clima de confiança, tanto internamente quanto nas relações da empresa com terceiros. 2) Equidade - Caracteriza-se pelo tratamento justo e igualitário de todos os grupos minoritários, sejam do capital ou das demais partes interessadas, como colaboradores,clientes, fornecedores ou credores. 3) Prestação de contas - Os agentes da governança corporativa devem prestar contas de sua atuação a quem os elegeu, respondendo integralmente por todos os atos que praticarem  no exercício dos mandatos. A prestação de contas é inerente a quem administra recursos de terceiros. 4) Responsabilidade corporativa - Conselhos e executivos devem zelar pela perenidade das organizações e, portanto, devem incorporar considerações sociais e ambientais na definição dos negócios e nas operações da empresa. O que se tem observado, é a completa ausência de governança corporativa das grandes empresas brasileiras (envolvidas na Lava Jato) em suas relações com o setor público. Os políticos brasileiros ( um dos parlamentos mais caros do mundo), precisam entender que foram eleitos para atuarem de forma honesta e republicana nos interesses da nação brasileira.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Mecanismo de Exploração da Sociedade Brasileira

O Procurador da República, Deltan Dallagnol, da Força Tarefa da Lava - Jato, compartilhou e estou repassando a Análise de José Padilha, colunista de o Globo, sobre o Mecanismo de Exploração da Sociedade Brasileira ( aquilo que todos nós já sabemos mas que agora está bem melhor explicado).
A seguir a análise: " A importância da Lava Jato. Vinte e sete enunciados sobre a oportunidade de desmontar o mecanismo de exploração da sociedade brasileira.
1- Na base do sistema político brasileiro, opera um mecanismo de exploração da sociedade por quadrilhas formadas por fornecedores do Estado e grandes partidos políticos.( Em meu último artigo, intitulado Desobediência Civil, descrevi como este mecanismo exploratório opera. Adiante, me refiro a ele como o mecanismo.
2- O mecanismo opera em todas as esferas do setor público: no legislativo, no executivo, no governo federal, nos estados e municípios.
3- No executivo , ele opera via superfaturamento de obras e de serviços prestados ao estado e às empresas estatais.
4- No legislativo, ele opera via formação de legislações que dão vantagens indevidas a grupos empresariais dispostos a pagar por ela.
5- O mecanismo existe à revelia da ideologia.
6- O mecanismo viabilizou a eleição de todos os governos brasileiros desde a retomada das eleições diretas, sejam eles de esquerda ou de direita.
7- Foi o mecanismo quem manipulou as massas para eleger:o PMDB, o DEM, o PSDB e o PT. Foi o mecanismo quem elegeu José Sarney, Fernando Collor de Mello, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer.
8- No sistema político brasileiro, a ideologia está limitada pelo mecanismo: ela pode balizar políticas públicas, mas somente quando estas políticas não interferem com o funcionamento do mecanismo.
9- O mecanismo opera uma seleção: políticos que não aderem a ele têm poucos recursos para fazer campanhas eleitorais e raramente são eleitos ou reeleitos.
10- A seleção operada pelo mecanismo é ética e moral: políticos que têm valores incompatíveis com a corrupção tendem a ser eliminados do sistema político brasileiro pelo mecanismo.
11- O mecanismo impõe uma barreira para a entrada de pessoas inteligentes e honestas na política nacional, posto que as pessoas inteligentes entendem como ele funciona e as pessoas honestas não o aceitam.
12- A grande maioria dos políticos brasileiros têm baixos padrões morais e éticos. ( não se sabe se isto decorre do mecanismo, ou se o mecanismo decorre disto. Sabe-se, todavia que na vigência do mecanismo este sempre será o caso.)
13- A administração pública brasileira se constitui a partir de acordos relativos a repartição dos recurso desviados pelo mecanismo.
14- Um político que chega ao poder pode fazer mudanças administrativas no país, mas somente quando estas mudanças não colocam em xeque o funcionamento do mecanismo.
15- Um político honesto que porventura chegue ao poder e tente fazer mudanças administrativas e legais que vão contra o mecanismo terá contra ele a maioria dos membros da sua classe.
16- A eficiência e a transparência estão em contradição com o mecanismo.
17- Resulta daí que na vigência do mecanismo o Estado Brasileiro jamais poderá ser eficiente no controle dos gastos públicos.
18- As políticas econômicas e as práticas administrativas que levam ao crescimento econômico sustentável são, portanto, incompatíveis com o mecanismo, que tende a gerar um estado cronicamente deficitário.
19- Embora o mecanismo não possa conviver com um Estado eficiente, ele também não pode deixar o Estado falir. Se o Estado falir o mecanismo morre.
20- A combinação deste dois fatores faz com que a economia brasileira tenha períodos de crescimento baixos, seguidos de crise fiscal, seguidos de ajustes que visam conter os gastos públicos, seguidos de novos períodos de crescimento baixo, seguidos de nova crise fiscal.
21- Como as leis são feitas por congressistas corruptos, e os magistrados das cortes superiores são indicados por políticos eleitos pelo mecanismo,é natural que  tanto a lei quanto os magistrados das instâncias superiores tendam a ser lenientes com a corrupção. ( Pense no foro privilegiado.Pense no fato de que apesar de mais de 500 parlamentares terem sido investigados pelo STF desde 1998, a primeira condenação só tenha ocorrido em 2010.)
22- A operação Lava Jato só foi possível por causa de uma conjunção improvável de fatores: um governo extremamente incompetente e fragilizado diante da derrocada econômica que causou, uma bobeada do parlamento que não percebeu que a legislação que operacionalizou a delação premiada era incompatível com o mecanismo e o fato de que uma investigação potencialmente explosiva caiu nas mãos de uma equipe de investigadores, procuradores e de juízes, rígida, competente e com bastante sorte.
23- Não é certo que a Lava Jato vai promover o desmonte do mecanismo. As  forças políticas e jurídicas contrárias são significativas.
24- O brasil atual está sendo administrado por um grupo de políticos especializados em operar o mecanismo, e que quer mantê-lo funcionando.
25- O desmonte definitivo do mecanismo é mais importante para o Brasil do que a estabilidade econômica de curto prazo.
26- Sem forte mobilização popular, é improvável que a Lava Jato promova o desmonte do mecanismo.
27- Se o desmonte do mecanismo não decorrer da Lava Jato,os políticos vão alterar a lei, e o Brasil terá que conviver com o mecanismo por um longo tempo.

Depois desta leitura se você se sentir impotente, acredite que você pode fazer história.Continue lutando da maneira do possível.Repasse: é uma forma de luta. E não tenha medo de ir para ruas, seus filhos terão orgulho de você. O Brasil é o nosso país. Perfeita análise é o retrato do Brasil.

segunda-feira, 27 de março de 2017

A Transposição de Águas do Rio São Francisco

Caros leitores, no dia 27 de novembro de 2011 escrevi neste espaço um artigo que mostrava a importância da transposição de águas do Rio São Francisco para a região do semi árido nordestino, e citava a incompetência da nossa geração em não resolver uma questão fundamental para todos os nordestinos. A seguir o artigo:


Graciliano Ramos, publicou em 1938 um romance intitulado "Vidas Secas", onde relata um sentimento profundo pela terra nordestina, justamente onde ela é mais áspera, cruel e dura, sem no entanto, deixar de ser amada pelos que a ela estão vinculados. Os personagens deste romance se movimentam dentro de um ambiente hostil, tendo como marca principal o fenômeno da seca. O senhor Aluízio Alves, ex-governador do Rio Grande do Norte já falecido, quando ministro da integração nacional, apresentou a sociedade brasileira um projeto de grande alcance nacional, elaborado nos anos 80 do século passado onde mostrava que a transposição de águas resolveria definitivamente as tragedias das secas e permitiria o surgimento do progresso e do bem estar da população dos estados : (Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco), tão sofrida e marginalizada durante tantos anos. Faz muito tempo que não tenho notícias deste projeto em que estágio se encontra, o que já foi feito e o que falta fazer para proporcionar o progresso e minimizar as dores e os sofrimentos que tem passado esse povo forte e resistente que é o nordestino. Classifico como um projeto portador de futuro para a macro região do nordeste. Este projeto se enquadra dentro de um programa com múltiplas ações, que vão desde os investimentos para o uso hidroagrícola aos investimentos no homem da região, criando a oportunidade de não serem tangidos como gado do seu ambiente, tendo que ir buscar a sua sobrevivência em terras desconhecidas, que em nada contribuirá para a sua libertação. Pelo contrário sendo discriminado e humilhado de forma vergonhosa nas regiões ditas desenvolvidas, por pessoas insensíveis ou melhor imbecilizadas. O projeto abrange desde a transposição, medidas de regularização fundiárias, eletrificação rural, ações de educação e saúde, além de um plano de desenvolvimento tecnológico e estudos de avaliação dos impactos ambientais.Só resta a nós nordestinos, nos unirmos independentemente de posições partidárias, para que este projeto realmente seja executado o mais rápido possível. Caso contrário, os futuros historiadores terão dificuldades em explicar como foi possível chegar-se ao final do século XX e iniciarmos o século XXI, sem nenhuma política para reverter definitivamente este quadro miserável que a cada ano a situação econômica e social da região do semi-árido do Nordeste só faz piorar e já romanceada em Vidas Secas.

segunda-feira, 13 de março de 2017

A questão da produtividade

Para que o desenvolvimento de uma nação ocorra é necessário que três elementos fundamentais se consolidem. 1- Investimentos em máquinas, instalações e infraestrutura; 2- Incorporação de mão de obra ao processo produtivo e 3- Ganhos permanentes de produtividade.A produtividade palavra mágica deriva de muitos fatores, com destaque para a educação, que é a base do conhecimento e daí da inovação e da tecnologia. Boas instituições de ensino, com educação de qualidade em todos os níveis e gestão pública adequada aumentam a produtividade via menos burocracia,menores custos e mais eficiência. É preciso compreender que a busca do crescimento do PIB é necessário mas não suficiente se tivermos os nossos olhos voltados para o futuro. Um país com PIB em alta mas com baixa produtividade terá, em pouco tempo,um encontro marcado com a inflação ou a estagnação.Pela mesma razão, um país em que a renda aumenta mas a produtividade se mantém estagnada está simplesmente consumindo mais riqueza do que produz e, consequentemente, comprometendo a qualidade de vida das próximas gerações. A produtividade é a chave do progresso das nações por resumir em um único indicador diversas outras variáveis. Se a produtividade cresce muito e por longo tempo, com toda a certeza o país tem alta qualidade na educação, nível adequado de investimento, capacidade de inovação e carga  fiscal não punitiva.A existência de um ambiente de negócios atraente e com segurança jurídica é um poderoso emulador da produtividade, que, por sua vez, realmente realimenta e legitima aquelas condições, em um desejável ciclo virtuoso. A produtividade é até mesmo a medida indireta da qualidade da classe política, pois ela cresce sempre que seus mandatários pensam mais na próxima geração do que na próxima eleição e, para corrigir distorções incapacitantes do país, estão prontos a amargar impopularidade pessoal momentânea em troca de benefícios para todos pelas próximas décadas. A constatação mas aguda foi que chegamos ao limite da exaustão em nosso país dos extraordinários ganhos de produtividade que a economia experimentou com a derrota da inflação, a lei de responsabilidade fiscal, privatizações e outras reformas  modernizadoras do governo FHC. É necessário que a classe política  brasileira esteja atenta a está questão que compromete as gerações futuras. É  preciso preparar o país para trilhar o caminho do crescimento e desenvolvimento sustentável, com mais eficiência, reduzindo a pobreza que nos envergonha  e que está presente em qualquer estado brasileiro, melhorar os indicadores sociais e reduzindo os desequilíbrios regionais.

quarta-feira, 8 de março de 2017

Alexandre Schwartsman

Caros leitores, repasso o artigo do professor Alexandre Schwartsman publicado na Folha de São Paulo, no dia 08\03\2017, cujo título é "Podemos sair da recessão em 2017, mas só se seguirmos o ajuste fiscal". Artigo perfeito que mostra com muita nitidez a realidade do nosso país. Aconselho a todos os interessados que leiam e reflitam sobre o que sugere o mestre. Principalmente os executivos que auxiliam o presidente Michel Temer quanto da condução de nossa política econômica. A seguir o que diz o mestre: "Vivemos a mais longa recessão da história recente do país: 11 trimestres, dos quais o PIB registrou queda em nove (e estagnação nos demais).

No primeiro trimestre de 2014, o produto atingiu R$ 1,783 trilhão; no último trimestre do ano passado, R$ 1,622 trilhão (-9%), praticamente o mesmo nível observado no terceiro trimestre de 2010. Regredimos, portanto, sete anos em três.
Há quem atribua tal desempenho à austeridade fiscal, principalmente por parte do governo federal. Isso é falso: como divulgado nesta terça (7), o consumo do setor público se manteve virtualmente inalterado (R$ 361 bilhões agora, ante R$ 365 bilhões no início de 2014). Outras medidas de gastos, no caso do governo federal, incluindo despesas como pagamentos de aposentadorias e pensões, mostram aumento do dispêndio, jamais queda. Só mesmo apreciável contorcionismo mental poderia atribuir ao ajuste fiscal, nem sequer iniciado, a queda vertiginosa da atividade econômica, iniciada ainda em 2014. Por outro lado, o investimento não apenas caiu muito mais do que o consumo público (R$ 97 bilhões no mesmo período) como, na verdade, começou seu colapso já em 2013, não por acaso também o ano em que se iniciou a piora da percepção de risco soberano. O prêmio de risco cobrado do país praticamente dobrou naquele ano, saindo de 1% para 2% ao ano (em dólar), escalada que continuou à medida que a administração Dilma se mostrou incapaz de endereçar o problema do gasto público crescente. Assim, em janeiro do ano passado empresas que precisassem acessar o mercado internacional de capitais encaravam um prêmio de risco de quase 5% ao ano, o que não apenas encarecia a captação de dívidas novas mas também deprimia o preço de suas ações, encarecendo também a opção de obter recursos por meio de emissão de novo capital. Nesse contexto a queda de quase 30% do investimento entre seu pico no terceiro trimestre de 2013 (R$ 357 bilhões, já corrigidos pela inflação) e o último trimestre de 2016 (R$ 255 bilhões) não chega a ser uma anormalidade, mas a reação natural de empresas em face de um aumento considerável do custo do seu capital. Para não deixar dúvidas, a recessão histórica é resultado direto das políticas desastradas adotadas pela administração anterior, em particular no plano fiscal, mas muito agravada pelo intervencionismo excessivo em diversas frentes. O estrago foi imenso e segue afetando a atividade por meio de suas consequências, como o caso do emprego (com reflexos sobre o consumo), bem como o investimento, por causa da enorme capacidade ociosa criada de 2014 para cá. Contra esse pano de fundo é que espero uma modesta recuperação, expressa em crescimento ao redor de 0,5% para 2017. Como expliquei recentemente, esse número não é tão ruim como parece, pois equivale a expansão trimestral do produto ao ritmo de 2,5% ao ano, impulsionada pela queda da taxa de juros e pela redução do risco-país. Não há dúvida de que esses desenvolvimentos se amparam principalmente na aprovação do teto para o gasto público e na proposta de reforma previdenciária. Podemos sair da recessão em 2017, mas apenas se seguirmos no caminho do ajuste fiscal, ainda que lento. Se desviarmos dele, como defendido pelos suspeitos de sempre, correremos o risco de perder outros sete anos". Parabenizo o professor pelo excelente artigo e concordo plenamente com as suas observações.



segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Retomada da economia

Quando o presidente Michel Temer foi empossado, ainda na condição de interino, em maio de 2016, a inflação estava acima de 9% ao ano. Segundo o IBGE, o índice oficial recuou para 5,4% algumas semanas atrás. Segundo os estudiosos do mercado financeiro estima-se que a variação deverá se aproximar do centro da meta que é de 4,5% ao ano em 2017. Com o recuo na inflação, cria-se as condições para o Banco Central reduzir a taxa básica (SELIC), que encontra-se  hoje em 13% ao ano,podendo chegar ao final do ano em torno de 10% . Isso representa um corte no custo do dinheiro para as empresas, que poderá investir em seus projetos em condições mais favoráveis. Redução da SELIC, representa, estímulo ao consumo, geração de novos negócios, redução do desemprego e redução dos juros pago pelo governo.A queda da inflação proporciona aumento do poder aquisitivo do trabalhador, onde a renda real fica estável neste ano. Reduzindo o desemprego, a situação financeira das famílias melhora, estimula consumo as empresas começam a produzir mais e a atividade econômica ganha força. Na semana passada o ministro Henrique Meirelles comemorou os indicadores favoráveis."Há uma inflexão positiva na economia brasileira", afirmou.Sabemos que a retomada será lenta,mas a sensação de que tudo está piorando vai acabar.Existem questões que precisam ser superadas, como: reforma dos sistemas tributário, previdenciário, trabalhista e político;fim das restrições e participação do capital estrangeiro; sistema de relação do trabalho mais centrado na negociação; instituições capazes de gerar responsabilidade fiscal e monetária;administração pública profissional e eficiente; eliminação dos monopólios constitucionais e privatização e combate permanente contra a corrupção. Não esquecendo dos fundamentos atuais: estimular a economia de mercado e livre negociação;estabilidade macroeconômica; integração à economia internacional; regras estáveis e respeito aos contratos (estimula a confiança do empresariado);investimentos em educação de qualidade e integração social e regional.Esperamos atingir um crescimento e desenvolvimento sustentável, eficiência, redução da pobreza,melhoria dos indicadores sociais e redução dos desequilíbrios regionais. Avança Brasil.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Um novo começo

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, professor titular da Uerj e mestre pela Universidade Yale, escreveu um artigo na revista Veja na coluna Página Aberta, cujo título é "UMA NOVA NARRATIVA"  no dia 08\02\2017, que aconselho a todos a lerem este excelente trabalho que mostra com muita clareza a convivência de virtudes incomuns com vícios primários existente em nossa sociedade que faz com que os brasileiros oscilem entre o ufanismo e a autodepreciação. Alerta o ministro: Precisamos definir o que somos e qual o nosso lugar no mundo.A seguir em resumo descrevo o artigo: " Na entrada do Oráculo de Delfos, na Grécia antiga, lia-se a inscrição:"Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os Deuses". Atribuída a Tales de Mileto, essa frase é considerada o marco do nascimento da filosofia ocidental, ao passar o homem e sua capacidade de reflexão para o centro dos acontecimentos. Cabe a cada indivíduo definir a sua relação consigo mesmo, com os outros e com o mundo.Isso vale para os países também. Temos algumas contribuições importantes para a causa da humanidade. Apesar de ainda existir um velado racismo, somos o país da diversidade racial e da miscigenação. Somos, também, o país da diversidade religiosa, no qual cristãos, judeus, umbandistas e muçulmanos convivem sem atritos relevantes. O país do bom humor, da alegria de viver, das festas populares e da extroversão. Gente sem medo e sem culpa de ser feliz. Mas somos, também, o país da desigualdade social extrema. Do número de homicídios superior ao de muitos países em guerra. Da violência contra todos, notadamente pobres, negros, mulheres, homossexuais e transgêneros. Da falta de habitações adequadas, de urbanização, de saneamento. Da favelização ampla, que degrada as pessoas, as cidades e o meio ambiente.Um país com deficiências dramáticas na educação pública, no transporte público, na segurança pública. Com poucas instituições de ensino de destaque e com monopólios públicos soterrados pela corrupção e pela ineficiência. Do jeitinho que contorna a lei, a ética e a isonomia.Mais recentemente, fomos protagonistas do maior escândalo de corrupção do mundo. A  convivência de virtudes incomuns com vícios primários tem feito com que a percepção do Brasil por seu povo e por seus formadores de opinião oscile entre o ufanismo e a autodepreciação: ou somos os melhores do mundo ou temos um sentimento de inferioridade diante de outras experiências nacionais.Precisamos de um exercício de pensamento original que ajude a definir o nosso lugar no mundo, o que somos e o que temos para oferecer. Uma nova narrativa, capaz de olhar para trás e para a frente, de apresentar diagnósticos e propostas. O ministro nos apresenta  três disfunções atávicas que marcam a trajetória do Estado brasileiro: o patrimonialismo, o oficialismo e a cultura da desigualdade. O primeiro revela o modo como se estabeleciam as relações políticas, econômicas e sociais entre o imperador e a sociedade portuguesa, em geral , e os colonizadores do Brasil em particular. Vem desde aí a difícil separação entre pública e privada, que é a marca da formação nacional.A aceitação resignada do inaceitável se manifesta na máxima"Rouba , mas faz". A segunda vem de longe também. Característica que faz depender do Estado isto é, da sua benção, apoio e financiamento, todos os projetos pessoais, sociais ou empresariais.Todo mundo atrás de emprego público, crédito barato, desonerações ou subsídios. Da telefonia às fantasias de Carnaval, tudo depende do dinheiro do BNDES, da caixa econômica, dos fundos de pensão, dos cofres estaduais ou municipais. Dos favores do presidente, do governador ou do prefeito. Cria-se uma cultura de paternalismo e compadrio, a república da parentada e dos amigos. Estabelecendo a expressão "Aos amigos, tudo; aos inimigos , a lei". O terceiro mal crônico. A cultura da desigualdade. A igualdade no mundo contemporâneo se expressa em três dimensões : a igualdade formal, que impede a desequiparação arbitrária das pessoas; a igualdade material, que procura asseguraras mesmas oportunidades a todos; e a igualdade como reconhecimento, que busca respeitar as diferenças de gênero e proteger as minorias, sejam elas raciais, de orientação sexual ou religiosas.Temos problemas nas três dimensões. Como não há uma cultura de que todos são iguais e deve haver direitos para todos, cria-se um universo paralelo de privilégios: imunidades tributárias, foro privilegiado,juros subsidiados, auxílio moradia, carro oficial, prisão especial. Cria-se a máxima que ainda prevalece: "Sabe com quem está falando?".Em épocas recente, conseguimos vitórias importantes: a superação da miséria absoluta,a proibição do nepotismo nos três poderes, a luta aberta contra corrupção, o enfrentamento da violência contra as mulheres, a legitimação das uniões homoafetivas, um debate mais aberto sobre a questão das drogas e sobre a descriminalização do aborto. Diz o mestre: decisões judiciais até podem ajudar a empurrar a história, mas, sem mobilização social, cidadania ativa e espírito cívico, avanços iluministas não se consolidam. A democracia é o governo do povo, não de juízes.A história é um caminho que se escolhe, e não um destino que se cumpre.Precisamos de um esforço de autocompreensão. Identificar nosso patrimônio comum, nossos valores, nosso projeto civilizatório. Sem dogmas nem superstições. Parabéns senhor ministro, artigo para ser lido por todos os brasileiros.