segunda-feira, 27 de março de 2017

A Transposição de Águas do Rio São Francisco

Caros leitores, no dia 27 de novembro de 2011 escrevi neste espaço um artigo que mostrava a importância da transposição de águas do Rio São Francisco para a região do semi árido nordestino, e citava a incompetência da nossa geração em não resolver uma questão fundamental para todos os nordestinos. A seguir o artigo:


Graciliano Ramos, publicou em 1938 um romance intitulado "Vidas Secas", onde relata um sentimento profundo pela terra nordestina, justamente onde ela é mais áspera, cruel e dura, sem no entanto, deixar de ser amada pelos que a ela estão vinculados. Os personagens deste romance se movimentam dentro de um ambiente hostil, tendo como marca principal o fenômeno da seca. O senhor Aluízio Alves, ex-governador do Rio Grande do Norte já falecido, quando ministro da integração nacional, apresentou a sociedade brasileira um projeto de grande alcance nacional, elaborado nos anos 80 do século passado onde mostrava que a transposição de águas resolveria definitivamente as tragedias das secas e permitiria o surgimento do progresso e do bem estar da população dos estados : (Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco), tão sofrida e marginalizada durante tantos anos. Faz muito tempo que não tenho notícias deste projeto em que estágio se encontra, o que já foi feito e o que falta fazer para proporcionar o progresso e minimizar as dores e os sofrimentos que tem passado esse povo forte e resistente que é o nordestino. Classifico como um projeto portador de futuro para a macro região do nordeste. Este projeto se enquadra dentro de um programa com múltiplas ações, que vão desde os investimentos para o uso hidroagrícola aos investimentos no homem da região, criando a oportunidade de não serem tangidos como gado do seu ambiente, tendo que ir buscar a sua sobrevivência em terras desconhecidas, que em nada contribuirá para a sua libertação. Pelo contrário sendo discriminado e humilhado de forma vergonhosa nas regiões ditas desenvolvidas, por pessoas insensíveis ou melhor imbecilizadas. O projeto abrange desde a transposição, medidas de regularização fundiárias, eletrificação rural, ações de educação e saúde, além de um plano de desenvolvimento tecnológico e estudos de avaliação dos impactos ambientais.Só resta a nós nordestinos, nos unirmos independentemente de posições partidárias, para que este projeto realmente seja executado o mais rápido possível. Caso contrário, os futuros historiadores terão dificuldades em explicar como foi possível chegar-se ao final do século XX e iniciarmos o século XXI, sem nenhuma política para reverter definitivamente este quadro miserável que a cada ano a situação econômica e social da região do semi-árido do Nordeste só faz piorar e já romanceada em Vidas Secas.

segunda-feira, 13 de março de 2017

A questão da produtividade

Para que o desenvolvimento de uma nação ocorra é necessário que três elementos fundamentais se consolidem. 1- Investimentos em máquinas, instalações e infraestrutura; 2- Incorporação de mão de obra ao processo produtivo e 3- Ganhos permanentes de produtividade.A produtividade palavra mágica deriva de muitos fatores, com destaque para a educação, que é a base do conhecimento e daí da inovação e da tecnologia. Boas instituições de ensino, com educação de qualidade em todos os níveis e gestão pública adequada aumentam a produtividade via menos burocracia,menores custos e mais eficiência. É preciso compreender que a busca do crescimento do PIB é necessário mas não suficiente se tivermos os nossos olhos voltados para o futuro. Um país com PIB em alta mas com baixa produtividade terá, em pouco tempo,um encontro marcado com a inflação ou a estagnação.Pela mesma razão, um país em que a renda aumenta mas a produtividade se mantém estagnada está simplesmente consumindo mais riqueza do que produz e, consequentemente, comprometendo a qualidade de vida das próximas gerações. A produtividade é a chave do progresso das nações por resumir em um único indicador diversas outras variáveis. Se a produtividade cresce muito e por longo tempo, com toda a certeza o país tem alta qualidade na educação, nível adequado de investimento, capacidade de inovação e carga  fiscal não punitiva.A existência de um ambiente de negócios atraente e com segurança jurídica é um poderoso emulador da produtividade, que, por sua vez, realmente realimenta e legitima aquelas condições, em um desejável ciclo virtuoso. A produtividade é até mesmo a medida indireta da qualidade da classe política, pois ela cresce sempre que seus mandatários pensam mais na próxima geração do que na próxima eleição e, para corrigir distorções incapacitantes do país, estão prontos a amargar impopularidade pessoal momentânea em troca de benefícios para todos pelas próximas décadas. A constatação mas aguda foi que chegamos ao limite da exaustão em nosso país dos extraordinários ganhos de produtividade que a economia experimentou com a derrota da inflação, a lei de responsabilidade fiscal, privatizações e outras reformas  modernizadoras do governo FHC. É necessário que a classe política  brasileira esteja atenta a está questão que compromete as gerações futuras. É  preciso preparar o país para trilhar o caminho do crescimento e desenvolvimento sustentável, com mais eficiência, reduzindo a pobreza que nos envergonha  e que está presente em qualquer estado brasileiro, melhorar os indicadores sociais e reduzindo os desequilíbrios regionais.

quarta-feira, 8 de março de 2017

Alexandre Schwartsman

Caros leitores, repasso o artigo do professor Alexandre Schwartsman publicado na Folha de São Paulo, no dia 08\03\2017, cujo título é "Podemos sair da recessão em 2017, mas só se seguirmos o ajuste fiscal". Artigo perfeito que mostra com muita nitidez a realidade do nosso país. Aconselho a todos os interessados que leiam e reflitam sobre o que sugere o mestre. Principalmente os executivos que auxiliam o presidente Michel Temer quanto da condução de nossa política econômica. A seguir o que diz o mestre: "Vivemos a mais longa recessão da história recente do país: 11 trimestres, dos quais o PIB registrou queda em nove (e estagnação nos demais).

No primeiro trimestre de 2014, o produto atingiu R$ 1,783 trilhão; no último trimestre do ano passado, R$ 1,622 trilhão (-9%), praticamente o mesmo nível observado no terceiro trimestre de 2010. Regredimos, portanto, sete anos em três.
Há quem atribua tal desempenho à austeridade fiscal, principalmente por parte do governo federal. Isso é falso: como divulgado nesta terça (7), o consumo do setor público se manteve virtualmente inalterado (R$ 361 bilhões agora, ante R$ 365 bilhões no início de 2014). Outras medidas de gastos, no caso do governo federal, incluindo despesas como pagamentos de aposentadorias e pensões, mostram aumento do dispêndio, jamais queda. Só mesmo apreciável contorcionismo mental poderia atribuir ao ajuste fiscal, nem sequer iniciado, a queda vertiginosa da atividade econômica, iniciada ainda em 2014. Por outro lado, o investimento não apenas caiu muito mais do que o consumo público (R$ 97 bilhões no mesmo período) como, na verdade, começou seu colapso já em 2013, não por acaso também o ano em que se iniciou a piora da percepção de risco soberano. O prêmio de risco cobrado do país praticamente dobrou naquele ano, saindo de 1% para 2% ao ano (em dólar), escalada que continuou à medida que a administração Dilma se mostrou incapaz de endereçar o problema do gasto público crescente. Assim, em janeiro do ano passado empresas que precisassem acessar o mercado internacional de capitais encaravam um prêmio de risco de quase 5% ao ano, o que não apenas encarecia a captação de dívidas novas mas também deprimia o preço de suas ações, encarecendo também a opção de obter recursos por meio de emissão de novo capital. Nesse contexto a queda de quase 30% do investimento entre seu pico no terceiro trimestre de 2013 (R$ 357 bilhões, já corrigidos pela inflação) e o último trimestre de 2016 (R$ 255 bilhões) não chega a ser uma anormalidade, mas a reação natural de empresas em face de um aumento considerável do custo do seu capital. Para não deixar dúvidas, a recessão histórica é resultado direto das políticas desastradas adotadas pela administração anterior, em particular no plano fiscal, mas muito agravada pelo intervencionismo excessivo em diversas frentes. O estrago foi imenso e segue afetando a atividade por meio de suas consequências, como o caso do emprego (com reflexos sobre o consumo), bem como o investimento, por causa da enorme capacidade ociosa criada de 2014 para cá. Contra esse pano de fundo é que espero uma modesta recuperação, expressa em crescimento ao redor de 0,5% para 2017. Como expliquei recentemente, esse número não é tão ruim como parece, pois equivale a expansão trimestral do produto ao ritmo de 2,5% ao ano, impulsionada pela queda da taxa de juros e pela redução do risco-país. Não há dúvida de que esses desenvolvimentos se amparam principalmente na aprovação do teto para o gasto público e na proposta de reforma previdenciária. Podemos sair da recessão em 2017, mas apenas se seguirmos no caminho do ajuste fiscal, ainda que lento. Se desviarmos dele, como defendido pelos suspeitos de sempre, correremos o risco de perder outros sete anos". Parabenizo o professor pelo excelente artigo e concordo plenamente com as suas observações.