domingo, 27 de maio de 2012

Políticas afirmativas

Como educador a tantos anos no ambiente universitário, percebo hoje um número maior de negros em sala de aula nos cursos em que leciono. É muito gratificante como educador perceber a inclusão destes homens no ensino superior, onde amanhã com certeza estarão ocupando posições de destaque nas esferas do poder público ou privado, tornado assim o nosso país coeso em nossa identidade e diversidade racial. Sou favorável as cotas para negros nas universidades públicas e nas universidades privadas, em razão de no passado termos cometidos tantos erros (leiam Casa grande e Senzala) que nos deixa perplexo com as atrocidades cometidas.Fomos os primeiros e os últimos a sair da escravidão e quando saímos demos apenas o direito de ir e vir sem no entanto instrumentalizá-lo para exercer a sua verdadeira cidadania, negando a educação. O professor José Vicente, reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, definiu com muita clareza em artigo na Folha de São Paulo cujo Título "Sem educação, não há liberdade" em 13\05\2009. Afirmou: a liberdade educa e a educação liberta. Sem educação, não há liberdade". Hoje encontro com vários alunos e ex-alunos negros que tem me proporcionado uma enorme alegria ao afirmar que ocupam posições em diversas empresas e que a construção dos seus sonhos tem se realizado. Na pós-graduação onde leciono ao encontrá-los é uma grande satisfação em saber que aprenderam as minhas afirmações: vocês não podem mas para de estudar é um processo continuo neste mundo evolutivo e dinâmico. No curso de Relações Internacionais tenho contato permanente com alunos de Moçambique, Angola, Guine Bissau e Porto Príncipe , onde são dedicados e buscam conhecimento para amanhã contribuírem com o crescimento de suas nações.Aprendo muito com estes alunos, sobre as suas nações, para onde caminham e seus sonhos.Como educador me sinto orgulhoso em poder contribuir na formação destes jovens que amanhã muitas alegrias irão me proporcionar. O mestre José Vicente,mais adiante afirma:"Um simples olhar ao nosso redor é suficiente para demonstrar que aqueles que nos antecederam fizeram escolhas erradas.É claro, está faltando negro aí! É equivocada a ideia de justiça e liberdade quando dois cidadãos se encontram para sempre impedidos de se cruzarem ao longo do caminho porque suas estradas são paralelas.Um país com esses atributos não poderá ser longevamente bom para ninguém. Devemos recusar a ideia de que este é o melhor país que podemos construir devemos nos rebelar contra a naturalização de um país separado e desigual. Precisamos construir um novo país. Proponho que comecemos pela educação".Realmente, no Brasil se instalou a ideologia da inferioridade do negro, não permitindo o seu crescimento como cidadão, parece que ficou impregnada na mente das pessoas a visão escravagista  o preconceito e a discriminação em toda a estrutura social. Definitivamente como afirmou o mestre, precisamos de uma educação que possibilite a construção de caminhos variados e que todos os caminhos façam com que as pessoas se descubram, se emocionem, troquem confidências, se toquem, se amem e cantem juntas uma canção. Com os negros, o Brasil fica mais coeso, mais fortalecido, mais produtivo, mais criativo, mais competitivo, mais colorido e melhor. Com os negros, o Brasil poderá mais. Maravilhoso professor!

sexta-feira, 18 de maio de 2012

FGTS - O Trabalhador Financia

 Nos últimos dias a mídia brasileira mostrou a luta da nossa presidenta contra os altos spreads praticados pelos bancos nas diversas operações de crédito no nosso sistema financeiro e solicitou que os bancos públicos (Banco do Brasil e Caixa Econômica) baixassem os juros como forma de induzir os bancos privados a caminharem para a mesma direção. Como sabemos a taxa de juros real em nosso país é extremamente elevada quando comparada com as nações desenvolvidas e isto estimula o apetite dos investidores em aplicar os seus recursos nos títulos públicos como forma de ganharem no diferencial de juros.Estimula a entrada de dólares e valoriza a nossa moeda tendo como consequência, tornar os nossos produtos menos competitivo no mercado internacional.Queda de juros estimula consumo e investimento,cria empregos e renda, direciona a política de demanda para um ambiente expansionista. No nosso país o único canal de financiamento para os projetos corporativos de longo prazo é realizado via BNDES,cujas aplicações contém riscos, mas as taxas de juros são subsidiadas e giram em torno de 6% a 9% ao ano. As operações de financiamento de casa própria para a classe média  e o programa minha casa minha vida, que também contém riscos cujas taxas giram em torno de 4% a 6% ao ano são utilizados recursos do trabalhador o seu FGTS,cuja remuneração é 3% a.a. adicionado da TR. O FGTS é uma poupança compulsória do trabalhador, fruto do seu esforço que lhe proporcionará amanhã condições de sobrevivência frente a demissões ou utilizá-la em desejos reprimidos durante a sua trajetória de vida. Eu pergunto a remuneração é justa? Utiliza-se os recursos do trabalhador com ganhos nas diversas operações e a sua remuneração e definida abaixo das praticadas no mercado. A um claro deslocamento de ativos que prejudica os trabalhadores, cuja remuneração é inferior a inflação oficial e pior, se solicitar um empréstimo para aquisição de sua casa própria que é financiado pelos recursos do seu próprio esforço, tem que se submeter a um spread diferenciado, isto está correto? O governo luta para diminuir os spreads bancários e não luta para corrigir está distorção que empobrece os recursos dos trabalhadores.Pode alegar que há uma multa rescisória, mas imagine um trabalhador vinculado a mais de vinte anos em  uma empresa, a multa é insuficiente para cobrir as suas perdas. As cadernetas  de poupança terão que ser submetidas as novas regras em relação a taxa SELIC, quando atingir um valor igual ou menor a 8,5% a.a.. Porque não alterar as regras da remuneração do FGTS e vinculá-la as regras da poupança? Se quer justiça nas relações de crédito e que proporcione um beneficio social de grande amplitude porque  não começar a rever está situação?O trabalhador cria os recursos que são utilizados nos investimentos que ampliam a capacidade produtiva do país e melhora as condições de vida de milhões de brasileiros ao adquirirem sua casa própria e não tem nenhuma ganho com recursos que lhe pertence (no programa minha casa minha vida a qualidade das moradias é de dar pena), esta equação precisa ser revista.É muito bom executar políticas sociais com recursos dos trabalhadores e por serem mal informados acharem que realmente o governo caminha na direção correta, independente de estarem a cada dia sendo espoliado por uma política financeira injusta. Trabalhadores brasileiros uni-vos.

sábado, 12 de maio de 2012

Inflação

Ao analizarmos as missões governamentais, observamos que nos últimos dezoito anos a missão estabilizadora que tem como objetivo reduzir a inflação e o desemprego, tem tido um desempenho satisfatório. Embora tenhamos ainda uma inflação  elevada para os padrões de uma sociedade avançada, caminhamos para no futuro alcançarmos metas digna de uma sociedade moderna.Quanto as taxas de desemprego atualmente encontra-se em um patamar histórico como uma das mais baixa até aqui conseguida. A inflação deve ser entendida como uma situação em que há um aumento generalizado e contínuo de preços. A inflação foi e continua sendo um dos temas mais discutidos dentro das análises sobre a economia brasileira. Como sabemos somos uma sociedade que historicamente temos muitas experiências inflacionárias. A inflação deve ser vista como um processo em razão de sua generalidade e continuidade e não por uma ocorrência pontual. Se os preços de todos os bens e serviços aumentassem durante um determinado período de tempo e logo em seguida se estabilizarem não podemos caracterizar um processo inflacionário e sim um ajuste no sistema econômico. A inflação anunciada do mês de abril\2012 que ficou acima das expectativas das autoridades monetárias não é motivo suficiente para alguns já estarem fazendo previsões pessimista em relação a sua trajetória (elevação). Os motivos estão relacionados com questões climáticas  que provocaram queda nas safras agrícolas que geraram um aumento nos preços dos alimentos e também por elevações da carga tributária em setores específicos. A estabilização de preços é uma conquista da sociedade brasileira  que tem demonstrado nos últimos anos a sua importância para o planejamento global do país em termos de produção nacional. As consequências da inflação no âmbito social é visível principalmente no aspecto distribuibutivo de renda já que os trabalhadores saem perdendo, o seu poder aquisitivo diminui, desorganizando todo o processo produtivo, embora outros agentes consigam mecanismo de defesa para os seus ativos.As relações como o mercado internacional também fica comprometido, as relações de troca permitem surgimento dos déficits comerciais.A classe empresarial geradora de emprego e renda ao se defrontar com um processo inflacionário, começa a ser mais cuidadoso com os seus investimento,   em uma visão de longo prazo não sentem segurança nos lucros esperados de suas atividades e comprometem a criação de empregos. Elevadas taxa de desemprego as suas consequências para a sociedade é terrível, alimenta a insegurança (aumento da violência), insatisfações generalizadas no seio organizacional, quebra da hierarquia caminho mais curto para o caos social. Diante de uma incerteza no ambiente internacional, medidas internas (pontuais) foram tomadas com o objetivo de estimular consumo e o investimento como forma de mantermos um nível de emprego e renda que permita atingirmos um crescimento em torno de 4% à 5% no ano. Teoricamente uma sociedade pode manifestar três tipos de inflação: ( demanda, custo e inercial).A de demanda se manifesta quando observamos aumentos continuados de renda disponível, expansão dos gastos públicos, do crédito, redução das taxas de juros e desconfiança da classe empresarial quanto ao futuro. A de custo está relacionada com desvalorização cambial, custo do trabalho elevado, carga tributária pesada, juros elevados ou provocado por choques externos nos preços de produtos essenciais que as nações são extremamente dependentes.A inercial se manifesta nas sociedades que convivem por muito tempo com inflações elevadas e para se defender utilizam uma série de indexadores como  forma de atualização dos seus preços tornando mais difícil sua queda em razão das remarcações por práticas ou por lei. A inflação passada passa a ser piso para a inflação futura ( lembra algum país). Acredito que o nosso Banco Central, possuidor de um modelo econométrico sofisticado onde  com certeza leva em consideração uma série de variavéis explicativas da situação  interna e externa com suas possíveis probabilidades de ocorrência saiba dosar os instrumentos de política monetária que dispõe e juntamente com a política fiscal estabeleça as condições necessárias e suficientes de mantermos uma estabilização monetária que só benefícios proporciona a sociedade brasileira.Vamos aguardar.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

O papel do Governo

Qualquer nação independente de sua posição geopolítica, possui nos  seus objetivos de política econômica quatro pontos que é comum a todas elas: Crescimento da produção e do emprego,controle da inflação, controle das contas externas e distribuição de renda. Para que esses objetivos sejam alcançados as autoridades econômicas elaboram as grandes políticas que são: Fiscal, monetária, cambial e rendas. É bom lembrar que essas políticas não são independentes são sim conflituosas exigindo das autoridades conhecimento e habilidade em saber utilizar os instrumentos de cada política para que os objetivos sejam alcançados. Ao governo cabe estabelecer internamente uma atmosfera positiva para o ambiente de negócios,  uma política fiscal onde os gastos governamentais amplie a sua qualidade e uma tributação moderada, uma política monetária onde o custo do capital seja razoável, estimulando o empreendedorismo e os investidores institucionais, através de uma política macroeconomica previsível e ao mesmo tempo definido o marco regulatório e fortalecendo cada vez mais o mercado de capitais. O sistema econômico que se organiza em torno dos mercados tem uma qualidade que o diferencia dos demais, consegue compatibilizar a eficácia produtiva com a liberdade de iniciativa, embora saibamos que a qualquer turbulência cria flutuação na produção e no emprego e ao mesmo tempo o seu processo distributivo leva a desigualdades de renda. Este modelo exige um Estado indutor constitucionalmente forte que permita  as condições de seu funcionamento. O papel do Estado é extremamente importante não só na produção de bens públicos de qualidade, mas estimular os empresários, investir na construção de uma logística que contemple todo o espaço do nosso país e principalmente utilizar na sua gestão os princípios da governança corporativa que são: equidade,transparência, prestação de contas e responsabilidade corporativa. Precisamos, planejar com visões de longo prazo onde a política fiscal seja voltada para apresentar a médio prazo deficits nominais aceitáveis,  e que tenhamos uma relação dívida pública\PIB dentro de parâmetros consideráveis. A política monetária que é executada pelo Banco Central deve ter como objetivo garantir a estabilidade da nossa moeda e do sistema financeiro de tal modo que permita a médio prazo termos internamente taxas de juros reais próximas as praticadas externamente, lembrando que a política fiscal bem conduzida muito auxilia,para que esta meta seja atingida. As medidas de estímulos que estão sendo anunciadas, como renuncia fiscal, desoneração do custo previdenciario, redução das taxas de juros devem ser bem definidas com o objetivo de ativar não só a demanda mas também a oferta, precisamos eliminar de uma vez que a produção corra atrás do consumo. Estimular novos negócios requer definição clara das regras  para que o empresário tenha segurança jurídica, logo exige dar liberdade mas bem regulada. Para que a política econômica seja bem executada uma das exigências é que as autoridades tenham competência e habilidade no uso dos instrumentos disponíveis de cada política e que a nação brasileira possa no futuro não tão distante apresentar indicadores sociais e econômicos comparáveis as nações de primeiro mundo. Vamos aguardar.