domingo, 27 de novembro de 2011

Transposição de Águas do Rio São Francisco

Graciliano Ramos, publicou em 1938 um romance intitulado "Vidas Secas", onde relata um sentimento profundo pela terra nordestina, justamente onde ela é mais áspera, cruel e dura, sem no entanto, deixar de ser amada pelos que a ela estão vinculados. Os personagens deste romance se movimentam dentro de um ambiente hostil, tendo como marca principal o fenômeno da seca. O senhor Aluízio Alves, ex-governador do Rio Grande do Norte já falecido, quando ministro da integração nacional, apresentou a sociedade brasileira um projeto de grande alcance nacional, elaborado nos anos 80 do século passado onde mostrava que a transposição de águas resolveria definitivamente as trágedias das secas e permitiria o surgimento do progresso e do bem estar da população dos estados : (Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco), tão sofrida e marginalizada durante tantos anos. Faz muito tempo que não tenho notícias deste projeto em que estágio se encontra, o que já foi feito e o que falta fazer para proporcionar o progresso e minimizar as dores e os sofrimentos que tem passado esse povo forte e resistente que é o nordestino. Classifico como um projeto portador de futuro para a macro região do nordeste. Este projeto se enquadra dentro de um programa com múltiplas ações, que vão desde os investimentos para o uso hidroagrícola aos investimentos no homem da região, criando a oportunidade de não serem tangidos como gado do seu ambiente, tendo que ir buscar a sua sobrevivência em terras desconhecidas, que em nada contribuirá para a sua libertação. Pelo contrário sendo discriminado e humilhado de forma vergonhosa nas regiões ditas desenvolvidas, por pessoas insensivéis ou melhor imbecilizadas. O projeto abrange desde a transposição, medidas de regularização fundiárias, eletrificação rural, ações de educação e saúde, além de um plano de desenvolvimento tecnológico e estudos de avaliação dos impactos ambientais.Só resta a nós nordestinos, nos unirmos independentemente de posições partidárias, para que este projeto realmente seja executado o mais rápido possível. Caso contrário, os futuros historiadores terão dificuldades em explicar como foi possível chegar-se ao final do século XX e iniciarmos o século XXI, sem nenhuma política para reverter definitivamente este quadro miserável que a cada ano a situação econômica e social da região do semi-árido do Nordeste só faz piorar e já romanceada em Vidas Secas.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Projetos portadores de futuro

O Brasil é uma nação onde as desigualdades regionais aparecem de forma acentuada, existe a região da modernidade e da riqueza constituída pelas macro regiões sul e sudeste, onde encontra-se a maior concentração industrial, financeira e a melhor plataforma de serviços. A região centro oeste em pleno crescimento movido pelo agronegócio e a região norte e nordeste caminhando nos últimos anos para um crescimento através dos investimentos governamentais e privados, esperando pelo menos reduzir as disparidades perante as outras regiões.Sempre afirmo em minhas aulas que o equilíbrio entre as macros regiões do nosso país é muito difícil de acontecer,mesmo com a vontade política de alocar mais recursos em nossa região não temos mais condições de igualarmos as regiões ditas ricas em virtude dessas regiões terem alcançado uma dinâmica própria que só tende ao desenvolvimento, por ser possuidora de uma infraestrutura que proporciona e induz que novos investimentos ali aconteça. Especificamente, a nossa região nordeste necessita para acelerar o seu crescimento de implantarmos projetos portadores de futuro. E o que é projeto portador de futuro? São projetos que criem empregos e renda de caráter permanente,que estimule a vinda de novos projetos que venham se complementar e ampliar a nossa infraestrutura atual e que sirva de plataforma para o crescimento do amanhã. Recentemente estive em Recife e utilizei a rodovia BR101, e pude constatar a importância dessa estrada para a integração dos estados nordestinos, estrada de primeiro mundo que em muito estar contribuindo para estimular o turismo e o surgimento de novos negócios nesta região. Em Recife, o Porto de Suape é uma realidade, o número de empregos diretos e indiretos tem mudado a realidade das cidades de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho como das cidades que estão em seu entorno. As oportunidade são enormes e o volume de negócios até difícil de avaliar.O Rio grande do Norte precisa acelerar a construção do aeroporto de São Gonçalo, duplicar a rodovia BR 304, unido os dois polos de negócios, a grande Natal e a grande Mossoró, criando as condições necessárias e suficientes para implantarmos as ZPEs (zona de processamento de exportação) do Assú e de Macaíba, gerando emprego e renda para a nossa população economicamente ativa e estabelecendo novas esperanças a um povo tão hospitaleiro e trabalhador. O potencial turístico do nordeste é enorme, precisamos é de um planejamento integrado que defina uma infraestrutura tangível e intangível (rodovia, ferrovia, aeroporto, energia, educação, saúde, segurança, cultura e comunicação) que possa contribuir para alavancar cada vez mais esta região e que amanhã as gerações futuras possa ter um nível elevado de inteligência, sensibilidade,moralidade, justiça e um bem estar elevado. Por crescimento, defino como um crescimento continuo do PIB em termos globais e per capita ao longo do tempo. Precisamos é de um desenvolvimento auto sustentável onde os bens econômicos cresçam a uma velocidade maior que a sociedade, mais não devemos focar só no ter mais e sim ter um permanente ter mais em todas as áreas. É a busca incessante da perfeição em todos os campos. Tenho esperanças, mais precisamos acelerar, afinal, estamos vivenciando um mundo dinâmico, evolutivo e extremamente instável.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Transparência

Não é de hoje que a classe política brasileira passa por uma imagem negativa perante a sociedade brasileira. Os escândalos envolvendo poder executivo, legislativo e até o judiciário já se tornou rotina nos principais jornais do país. Mas é preciso lembrar que existe políticos que muito nos honra no exercicio de sua profissão. Como exemplos, falo do Senador Cristovam Buarque, Demóstenes Torres, Pedro Simon e do Garibaldi Filho que tem tido um papel exemplar a frente da pasta da Previdência Social do Brasil. Com certeza outros nomes tanto no senado com na câmara federal, no executivo e no judiciário deve existir homens em que podemos confiar, infelizmente muitos recorrem a procedimentos que só contribuem para denegrir a imagem da nossa nação.O objetivo são os propósitos pessoais e não o coletivo. Os senhores Paulo Nassar e Wagner Pralon Mancuso em artigo na folha de São Paulo no dia 02\11\2011, cujo título é "Lobby e responsabilidade política", nos apresenta iniciativas de políticos de criar mecanismo de minimizar os acordos secretos entre lobistas e agentes públicos , ao mesmo tempo proporcionando maior transparência nas suas relações e facilitando ao mundo jornalistico condições de informar a sociedade as decisões em curso e despertando no país o interesse de acompanhar o comportamento dos atores envolvidos. Os autores do artigo nos lembra que: "O ex- senador Marco Maciel, em 1989 apresentou uma proposta de regulamentação da atuação dos lobistas no Brasil que foi aprovada no Senado e que até hoje encontra-se engavetada na Câmara desde 1990. A outra foi apresentada em 2007 pelo deputado Carlos Zaratini e até hoje sem uma definição". Mais adiante os autores apresentam os principais pontos destas propostas : Determinam o credeciamento dos lobistas; obrigam os lobistas a declarar matérias de interesse, gastos e atividades e a identidade de quem os contratou; determinam a divulgação dessas declarações; estabelecem punições para quem desrespeitar as regras; e criam medidas para garantir o contraditório. Há , portanto,dois grandes objetivos: dar transparência e equilibrar o jogo em torno das decisões". Mais adiante os autores argumentam a razão da não regulamentação profissional do lobista e enumera os motivos, diz os autores:"O primeiro é a inércia dos legisladores. A regulamentação impulsionaria a profissionalização do lobby, e a inércia talvez seja um meio de evitar concorrência pela representação de interesses. O segundo é a hesitação dos lobistas em defender a regulamentação. Por um lado, ela combateria o espectro e marginalidade que ronda a atividade. Por outro lado, obrigaria os lobistas a abandonar cenários obscuros, mais convenientes para a defesa de interesses ilegítimos. Além disso, teme-se que gere mais competição e burocracia ao determinar a declaração períodica de gastos e atividades. O terceiro é a ausência de pressão social, ao contrário do que ocorreu com o caso da lei da ficha limpa.Por fim, há a omissão do executivo federal: preponderante na produção legislativa do país, o executivo ainda não propôs ou patrocinou nenhum projeto.Ao lado da responsabilidade social e ambiental, a responsabilidade política é um grande desafio para o setor privado. A regulamentação do lobby pode ajudar a enfrentar esse desafio". A importância da regulamentação dos lobistas em muito iria contribuir para minimizar os escândalos que ronda todas as relações do setor privado com o setor público, ajudando a diminuir os desvios de recursos, punindo severamente os envolvidos através de uma boa comunicação interna e externa, estabelecendo um clima de confiança com a sociedade. A imagem e a reputação do setor privado são medidos como eles se relacionam com o governo, funcionários, investidores, financiadores e a comunidade em que atuam. Logo a regulamentação dos lobistas pode sim contribuir em muito para que a imagem das empresas como do próprio governo não seja comprometida por atos fraudulentos no presente e no futuro. É uma questão em que os nossos políticos deveriam discutir o mais rápido possível, para que tenhamos amanhã um futuro melhor e mais ético.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Educação de Qualidade

A senhora Viviane Senna, psicóloga e presidente do Instituto Ayrton Senna, nos presenteou com um excelente artigo publicado na folha de São Paulo, no dia 01\11\2011, cujo título é Ensino amplo para mundo mais complexo, onde relata a constatação a que chegou o Seminário Educação para o Século XXI,realizado em São Paulo na semana passada, diz a autora:"Precisamos dar um passo a mais na construção de uma educação pública de qualidade. Temos de continuar lutando para que as crianças e adolescentes sejam devidamente alfabetizados, dominem a escrita, a leitura e o cálculo, algo que ainda estamos longe de conseguir.Mas temos de ir além, oferecendo já ao aluno um processo educativo que lhe permita desenvolver competências mais amplas, como a autonomia, a criatividade inovadora, a capacidade de trabalhar em equipe, a curiosidade investigativa, entre outras, denominadas academicamente como competências não cognitivas".Mas adiante a Viviane comenta da concordância quanto ao papel duplamente positivo do desenvolvimento das competências não cognitivas na escola. Afirma a autora:"De um lado, impactam diretamente o desenvolvimento intelectual dos alunos e adolescentes para lidar com as exigências do mundo do trabalho e da economia global, da participação social nas cidades e nas redes, diante de questões complexas das ciências e do ambiente, da ética, da democracia e da sustentabilidade. Elas sustentam os valores. Estudos de neurocientistas e economistas demonstram estatisticamente que esse grupo de competências tem o mesmo poder que as competências cognitivas na proficiência dos alunos, medida pelas notas, pela redução do abandono e pela escolaridade final atingida". Essa comprovação segundo a psicóloga foi constatada em pesquisas do Instituto Airton Senna, que atende a dois milhões de alunos da rede pública em 1300 municípios brasileiros. Mais adiante, ela constata que:"as competências não cognitivas têm ainda maior impacto que as cognitivas na determinação do sucesso e dos níveis de bem estar pessoal e social, tais como medidos pela redução nos níveis de criminalidade e tempo de desemprego, pela maior estabilidade conjugal e familiar, menor incidência de doenças como depressão, obesidade e alcoolismo e por maior longevidade". No final do artigo, ela chama a atenção, para que toda a cadeia educacional possa oferecer, como política pública e em larga escala, uma educação que salde as dívidas acumuladas dos séculos XIX e XX e que, ao mesmo tempo, habilite os alunos a viver plenamente, com valores e competências para fazer frente aos desafios do século XXI. O que a Viviane nos mostrou é que temos um custo Brasil elevado, não por possuirmos, uma política monetária em que os juros são extremamente elevados,uma política fiscal em que a tributação é excessiva e os gastos públicos sem a devida qualidade ou por uma burocracia absurda, mas sim por termos também uma educação limitada que prejudica o nosso país a ser mais competitivo. Precisamos de uma educação que forme homens competentes com habilidades que façam a diferença e não profissionais medianos que em nada contribuirá para mudarmos a situação em que nos encontramos. O senhor Gustavo Cerbasi em artigo na folha de São Paulo no dia 24\10\2011, cujo título é O custo Brasil indireto, afirma com muita propriedade esse assunto ao dizer:"Está aí um aspecto do custo Brasil que vai além da óbvia carga tributária, do custo da burocracia, da cara infraestrutura e do custo dos serviços de fura fila como despachantes e entregas expressas.Com uma infraestrutura subdimensionada, o trabalhador sai de casa cedo, volta mais tarde, descansa menos, produz menos, é mais ansioso, adoece mais e consome menos.Nossa infraestrutura é cara por falta de planejamento, que por sua vez decorre de falhas na educação. A educação ineficiente, além de não conseguir capacitar gestores para um planejamento competente, cria um contigente de profissionais subcapacitados que exercem funções que pouco agregam em produtividade e muito pesam no custo". Mais adiante o autor afirma:"Educação limitada sai caro, prejudica nossa capacidade de planejar e torna o Brasil menos competitivo. Precisamos de menos chefes e mais engenheiros e administradores competentes. Precisamos aprender a planejar, o que nunca soubemos fazer. À nossa nação não falta dinheiro. Falta apenas saber empregá-lo melhor". Que sirva de alerta, para as nossas escolas e universidades em buscar uma aproximação cada vez maior entre o saber e o fazer para que possamos amanhã minimizar as enormes dificuldades que ainda persistem em nosso país pela falta de habilidade e competência em nossa cadeia educacional.