O economista francês Thomas Piketty autor do livro "O Capital no Século XXI", afirma que o Brasil não voltará crescer de forma sustentável enquanto não reduzir sua desigualdade e a extrema concentração da renda no topo da pirâmide social. No seu livro citado, ele apontou um aumento na concentração de renda nos Estados Unidos e da Europa. Atualmente se dedica a investigar o que ocorreu em países em desenvolvimento como o Brasil, China e a Índia. Os primeiros resultados obtidos para o Brasil foram publicados no início do mês pelo irlandês Marc Morgan, estudante de doutorado da Escola de Economia de Paris que tem Piketty como orientador. O trabalho do Morgan, calcula que os 10% mais ricos da população ficam com mais da metade da renda do país. Afirma que, apesar dos avanços dos últimos anos,o Brasil continua sendo um dos países mais desiguais do mundo. Em sua base de dados , só encontra grau de desigualdade semelhante na África do Sul e em países do Oriente Médio. Houve um pequeno progresso nos segmentos inferiores da distribuição da renda, beneficiados por programas sociais e pela valorização do salário mínimo. Mas os ganhos dos pobres vieram às custas da classe média, não dos mais ricos e a desigualdade continua grande. No Brasil, as elites políticas e os diferentes partidos que governaram o país nos últimos anos foram incapazes de executar políticas que levassem a uma distribuição mais igualitária da renda e da riqueza. Acho que isso é precondição para o crescimento econômico. O grau de desigualdade extrema não é bom para o crescimento e o desenvolvimento sustentável. Mas adiante afirma, parte da explicação pode estar na história do país, o último a abolir a escravidão no século XIX,o sistema tributário é pouco progressivo.Há isenções para rendas de capital, como os dividendos pagos pelas empresas a seus acionistas. Impostos sobre rendas mais altas e heranças têm alíquotas muito baixas, comparadas com o que se vê em países mais avançados. A elite sempre tem um monte de desculpas para não pagar impostos, e isso também ocorre em outras partes do mundo. O problema é saber por que a elite no Brasil tem sido bem sucedida ao evitar mudanças no sistema tributário. É possível ter um sistema tributário mais justo, uma distribuição da renda e da riqueza mais equilibrada, e mais crescimento econômico , ao mesmo tempo.Essa foi a experiência de outros países. O trabalho do Morgan, mostra que as políticas sociais adotadas nos últimos anos foram boas para os pobres,mais insuficientes.Precisamos melhorar as condições de vida deles e investir em educação e infraestrutura, mais precisa de um sistema tributário mais justo para financiar isso e reduzir a concentração da renda no topo. Diz o mestre: Se não resolvermos o problema da desigualdade de forma pacífica e democrática, vamos sempre ter políticos tentando explorar a frustração causada pela desigualdade, incentivando a xenofobia e pondo a culpa dos nossos problemas sociais em imigrantes e trabalhadores estrangeiros. É um risco para a globalização e os fluxos de comércio. A eleição de Donald Trump nos EUA e a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia não foram uma coincidência. São os dois países ocidentais em que a desigualdade mais cresceu nos últimos anos.
quinta-feira, 17 de julho de 2025
quarta-feira, 2 de julho de 2025
O Clamor da Região Semiárido
Caros leitores, no dia 27 de novembro de 2011 escrevi neste espaço um artigo que mostrava a importância da transposição de águas do Rio São Francisco para a região do semi árido nordestino, e citava a incompetência da nossa geração em não resolver uma questão fundamental para todos os nordestinos. A seguir o artigo:
Graciliano Ramos, publicou em 1938 um romance intitulado "Vidas Secas", onde relata um sentimento profundo pela terra nordestina, justamente onde ela é mais áspera, cruel e dura, sem no entanto, deixar de ser amada pelos que a ela estão vinculados. Os personagens deste romance se movimentam dentro de um ambiente hostil, tendo como marca principal o fenômeno da seca. O senhor Aluízio Alves, ex-governador do Rio Grande do Norte já falecido, quando ministro da integração nacional, apresentou a sociedade brasileira um projeto de grande alcance nacional, elaborado nos anos 80 do século passado onde mostrava que a transposição de águas resolveria definitivamente as tragedias das secas e permitiria o surgimento do progresso e do bem estar da população dos estados : (Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco), tão sofrida e marginalizada durante tantos anos. Faz muito tempo que não tenho notícias deste projeto em que estágio se encontra, o que já foi feito e o que falta fazer para proporcionar o progresso e minimizar as dores e os sofrimentos que tem passado esse povo forte e resistente que é o nordestino. Classifico como um projeto portador de futuro para a macro região do nordeste. Este projeto se enquadra dentro de um programa com múltiplas ações, que vão desde os investimentos para o uso hidroagrícola aos investimentos no homem da região, criando a oportunidade de não serem tangidos como gado do seu ambiente, tendo que ir buscar a sua sobrevivência em terras desconhecidas, que em nada contribuirá para a sua libertação. Pelo contrário sendo discriminado e humilhado de forma vergonhosa nas regiões ditas desenvolvidas, por pessoas insensíveis ou melhor imbecilizadas. O projeto abrange desde a transposição, medidas de regularização fundiárias, eletrificação rural, ações de educação e saúde, além de um plano de desenvolvimento tecnológico e estudos de avaliação dos impactos ambientais.Só resta a nós nordestinos, nos unirmos independentemente de posições partidárias, para que este projeto realmente seja executado o mais rápido possível. Caso contrário, os futuros historiadores terão dificuldades em explicar como foi possível chegar-se ao final do século XX e iniciarmos o século XXI, sem nenhuma política para reverter definitivamente este quadro miserável que a cada ano a situação econômica e social da região do semi-árido do Nordeste só faz piorar e já romanceada em Vidas Secas.
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