sábado, 11 de dezembro de 2010

Setor Automobilístico

O professor Antonio Delfim Netto que considero como um dos economistas mais brilhante desse país, escreveu na Folha de São Paulo em 24/09/2008 um artigo cujo título era Fiducia, onde explicava que os equilíbrios na economia podem ser instáveis e diferem dos que ocorrem no mundo químico, por exemplo, no qual duas moléculas de hidrogênio adequadamente combinadas com uma de oxigênio produzem uma molécula de água em São Paulo ou Londres, no verão ou no inverno.Na economia as "moléculas" pensam, escolhem e, no limite se suicidam! Perfeita a definição do mestre, e eu acrescentaria que estas moléculas quando pensam para fazer a maldade, distorcer os preços relativos da economia como forma de ganhar em demasia ou melhor dizendo a ganância superando o medo e colocando em perigo todo o mecanismo de coordenação que o homem criou e a economia política aperfeiçoou, que são os mercados, que repousa sobre um único ingrediente que é invisível, mas a sua ausência pode criar uma série de incovenientes no circuito econômico que é a confiança. Todos nos humanos fomos e somos educados partindo da premissa que confiando uns nos outros podemos tornar mais eficiente as nossas atividades.Esta confiança exige um comportamento apoiado em normas morais reciprocamente aceitáveis. Tomemos como exemplo a indústria automobilística no Brasil, nunca se vendeu tanto carro popular como nos últimos anos, fruto da renda pessoal em elevação, das condições de crédito, isto é juros e prazos de financiamento e do estoque de riqueza da sociedade. A forma de realizar as vendas a prazo no meu entender é abusiva, as concessionárias negociam suas vendas financiadas junto as instituições financeiras, aumentando o valor final das prestações dos clientes de forma absurda o Banco Central tem que averiguar, analisar e tomar medidas que corrijam estes abusos no mercado de automóveis. Estas empresas não negociam só o carro estão negociando também dinheiro.Como isso acontece? Vejamos no ato do financiamento aparece o TC (tarifa de cadastro), onde parte ou total das TC são devolvidas as concessionárias, há ainda o retorno pago por contrato em cima do valor financiado chegando até a 8,4%. Além disso, há o que eles chamam de Plus, percentual pago no valor do financiamento feito pelo banco junto as concessionárias (varia de 1% à 3%). Tudo isso legalizado, as devoluções de TC e o Retorno estão na CET(custo efetivo total), documento padrão definido pelo BACEN,com todos os custos gerados pelo contrato e aparece, no campo "pagamento de serviços de terceiros". Exemplo do financiamento: Valor financiado R$20.000,00, valor da TC R$ 1000,00. Caso a revenda utilize um retorno de 7,2% ela recebera no ato um retorno de R$1440,00, mais a devolução da TC R$400,00, totalizando R$1840,00 de serviços a terceiro, fora no final do mês um plus de até R$600,00, gerando assim um financeiro de R$2440,00, representando assim um retorno financeiro de 12,2% do volume financiado. É bom lembrar que as revendedoras obtêm ainda o lucro com a venda do carro, acessórios, seguros e a venda do veículo usado.Verdadeira berração, na definição dos preços finais para os consumidores, que com extrema dificuldade tentam realizar um sonho que é ter um carro próprio, neste país a tara pelos lucros excessivos é uma doença crônica. Explicando melhor o Plus : nada mas é que um percentual acordado entre as instituições financeiras e as revendas como forma de premiação, onde são estipuladas as metas de volume a ser financiado.Tais premiações são pagas por fora da CET, e que levaria a uma perda de rentabilidade para os bancos caso um número elevado de clientes optassem em quitar os contratos antes do prazo contratado, pois tais valores futuros teriam que ser trazidos a valores presentes, caso raríssimo de acontecer, principalmente nos clientes de baixa renda.Os bancos pagam tal premiação visando uma rentabilidade futura da carteira adquirida. Se os consumidores se informarem e começarem a não aceitar tais regras, com certeza, está prática abusiva se reduzirá e os preços relativos dos financiamentos retornarão ao seu verdadeiro valor.Quando a confiança, desaparece entre os agentes se destrói toda a coordenação que o mercado cria e consequentemente toda a atividade econômica fica comprometida, por um mercado financeiro sem moralidade e estimulado por incentivos perversos. Na realidade a confiança do consumidor foi traída e ele foi explorado pela sua falta de conhecimento das alquimias e expedientes contábeis, do seu agente financeiro que lhe dava garantias de um custo benefício extremamente aceitável. É necessário restabelecer o mais rápido possível a confiança e construir as condições para a reprecificação desses ativos, condição necessária para a volta da normalidade, da geração de emprego e ampliando o bem estar de toda a sociedade, trilhando por um caminho ético que evite a destruição da economia real em uma atividade econômica importantíssima, que tanto contribui para crescimento do nosso produto interno bruto.

6 comentários:

  1. Realmente esse ano o mercado automobilístico começou quente !! no 1º bimestre se viu uma acentuação grande nas vendas.
    O problema enfatizado pelo professor é fruto da ganância como o próprio diz. Para tal, é necessário que o posicionamento do país seja voltado para a vantagem competitiva sustentável.
    Quando se alia, a produtividade, que em nosso caso vem se aprimorando, se modernizando, ao valor concebido pelo cliente, não só pelo carro em si,mas também pelos serviços, acarretará na diminuição dessa problemática em questão.


    Diego Henrique

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  2. Prof. Marcos,
    o sistema financeiro brasileiro é um verdadeiro "oasis" de se ganhar dinheiro. Não por falta de fiscalização ou regulamentação, pelo contrário, temos um dos sistemas financeiros mais seguros do mundo, mas a total liberdade para se cobrar o que bem se quer é uma situação pratricamente amoral. Taxas confunsas e infidáveis, spread bancário nas alturas e mesmo tendo bancos publicos fortes, que deveriam puxar as taxas para baixo, apenas compõe com o mercado para manter os lucros.
    O unico setor que em todo periodo do plano Real bate ano após ano recordes de lucro é justamente dos bancos.
    Não sou contra o lucro, mas sou contra a exploração, que tira renda do consumidor e diminui o investimento.
    Um abraço e excelnte texto.
    Ah, esses juros altos ajudam o meu segmento, já que consórcio passa a ser mais atrativo rsrs.

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  3. Como sempre, mais um tema dentro totalmente de nossa realidade, e explorado com a maior propriedade, parabéns mais uma vez.
    Infelizmente tais práticas acontecem de forma abusiva em nossa economia, elevando assim o custo dos contratos, custos esses que somos nós consumidores que iremos pagar, neste caso 12,2% fora o lucro da venda do carro, acessórios, seguros e a venda do veículo usado.

    Abraços,

    Ricardo Vitor - 4NA Gestão financeira

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  5. Compra quem quer, paga quem pode. Oferece quem tem. Produz quem tem capacidade, quem não tem consome a produção!

    Quer dizer que tenho que financiar o sonho de alguém e simplesmente fazer o que você acha certo? Não sou banqueiro mas não é errado oferecer o que você tem pelo preço que você acha que deve vender. E os Bancos vendem dinheiro, crédito. Os lojistas como comerciantes na 25 de março repassam esses serviços obtendo lucros. Simples assim.
    Pede pro Turco da 25 vender a camisa que ele comprou da China pelo mesmo preço que comprou.
    Compra uma camisa de ceda por U$ 2.00 e vende por R$ 20,00 e chega ao Shopping por R$ 60,00.

    Eu tenho o produto e o vendo pelo preço que eu bem entender. Se o Banco me dá uma taxa de 1% e eu vendo essa facilidade a 1,5% você tem todo direito de não querer comprar. Bastar ir à loja ao lado que possa cobrar mais barato.

    Você acha justo uma garrafa de água em um bar custar R$ 4,00 enquanto no supermercado da esquina cobra menos de R$ 1,00 e o custo dela ser de centavos? Então não compre água no bar. Beba em casa.
    Se seguir seu pensamento ninguém mais obtém lucro de nada. Socialismo não funciona. A humanidade não é assim desde os primórdios. O capitalismo funciona assim.

    AH! Faz o seguinte Professor, quando for contratado por R$ 2.000,00 por mês para dar aulas em algum colégio que irá cobrar do aluno R$ 500,00 por mês para estudar, baixe seu valor distorcido. Cobre apenas R$ 1.000,00. Quem sabe assim a escolha baixe a mensalidade. Que tal? Você topa? Mecher no seu bolso? Dê o exemplo e pare de escrever bobagem...

    Seu pensamento chega a ser infantil!

    Abraço

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  6. O Prof. Esta Certissimo, va hj em qualquer concessionária, os vendedores n dao mais descontos a vista, dizem que o banco os remuneram no dia seguinte do financiamento concluído, e que para eles tanto faz vender a vista ou a prazo, obvio que querem seu "PLUS". vendendo a vista ganham so a comissão da concessionária...

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