domingo, 11 de setembro de 2011

Justiça fiscal e social

As economias que se organizam em torno dos mercados, tem uma qualidade: conseguem alinhar liberdade de iniciativa com a eficácia produtiva, embora crie dois problemas que precisam ser corrigidos: caminha para alta concentração de renda e qualquer crise que aconteça ocorre redução da produção e do emprego.Uma das deficiência deste sistema econômico, no meu entender esta no processo distributivo. Alguns estudiosos afirma que nada como um bom sistema tributário para corrigir está concentração. A sociedade brasileira optou pela construção de um modelo civilizatório que exige uma tributação elevada, na nossa constituição em vigor são contemplados objetivos justos, mas que requer recursos consideráveis para que possam ser alcançados.Queremos uma sociedade justa, que amplie as igualdades de oportunidades para todos os brasileiros e que lhe garanta de forma gratuita os serviços com qualidade na área da educação e saúde. Definimos um sistema de escolha democrático em que a população de forma periódica vai as urnas da sua aprovação ou não através do seu voto. Finalmente, optamos por um regime republicano em que todos sem exceção são submetidos à mesma lei. Como é do nosso conhecimento, não possuímos uma educação, uma saúde e nem tão pouco uma segurança com qualidade. Os impostos e contribuições que pagamos para o Estado não podem ser considerados uma obrigação do cidadão, mas o preço da nossa cidadania. A finalidade dos impostos é satisfazer as necessidades coletivas que não podem ser produzidas pelo mercado, mas é preciso mais eficiência nestas missões governamentais e um controle rigoroso no uso desses recursos. O maior economista do Brasil, o senhor Delfim Netto, afirmou em sua coluna na folha de São Paulo que; "a ideia ingênua e simplista de que todos os nossos problemas seriam resolvidos com a redução da carga tributária é irrealista. Pela simples e boa razão que ela contraria a preferência revelada na Constituição de 1988". Concordo com o mestre mas questiono como as classes sociais brasileira contribui para essa carga tributária, que hoje prejudica as empresas brasileiras competirem interna e externamente com as empresas estrangeiras, estimula a sonegação, amplia a informalidade, eleva os preços, estimula a corrupção e diminui o poder aquisitivo da massa de trabalhadores. Não esquecendo que tributação é um vazamento no circuito econômico e sua contra partida a injeção que se materializa pelos gastos públicos precisam ser melhor definidos e inflacionados de qualidade, para que os objetivos do nosso modelo civilizatório sejam atingidos. Uma pesquisa do Ipea revela que os 10% mais pobres têm 33% da renda tributada por impostos indiretos, enquanto os mais ricos chegam só a 22,7%. O banco Mundial, revelou que 55% da carga tributária nacional incide sobre o consumo, 31,5% sobre a renda e 13,5% sobre o patrimônio. Todo mundo sabe que quando o imposto está concentrado no consumo estamos penalizando os pobres e o setor produtivo. A maior concentração deveria estar na renda e no patrimônio. O imposto direto diz quem ganha mais paga mais. Em nosso país ocorre justamente o contrário, a maior incidência dos tributos arrecadados são provenientes do consumo, que recai sobre bens e serviços ou seja são os trabalhadores que pagam a conta. Recentemente o mundo ficou surpreendido, quando os milionários franceses, solicitaram ao presidente Sarkozy, que aumentassem as suas contribuições, por reconhecerem que precisam contribuir mais com o seu país neste momento de crise e que pagavam bem menos que a massa trabalhadora. O mesmo ocorreu com o megainvestidor americano Warren Buffet, quando afirmou que pagou 6,9 milhões de dólares de imposto no ano passado. E disse: " Isso parece muito dinheiro. Mas o que paguei é apenas 17,4% da minha renda tributável". No Brasil, temos amplo conhecimento sobre os pobres, onde estão, quantos são e criamos políticas públicas para garantir uma vida digna aos milhões de miseráveis que ainda existe neste país. Programas sociais tem como objetivo mudar o destino das pessoais, mas a sua operacionalização o tem transformado em programas assistêncialistas que muda apenas a vida das pessoais não contribuindo para a sua libertação e mobilidade social. A injustiça fiscal e social neste país é gritante, pouco se sabe sobre os ricos, quantos são onde estão e quanto pagam de tributos. Mas aguardo ansioso as manifestações dos ricos brasileiros em reconhecerem que além de pagarem pouco, solicitarão do governo reverem a carga tributária que estão submetidos e esse recurso seria utilizado para resolver a questão da saúde(tenho minhas dúvidas, com o CPMF a saúde era uma porcaria, falta é gestão e existe muita corrupção) sem necessitar de criar ou recriar impostos que vai penalizar ainda mais os trabalhadores. É só aguardarmos ( A fé remove montanhas).

18 comentários:

  1. Olá professor é com muita satisfação que estou aqui lendo mais um texto excepcional. Começando com sua ultima frase, sempre à completo, "A fé remove montanhas", os brasileiros tem que usar dinamite. Gostaria de entender melhor porque é tão difícil fazer com o que seja votado uma nova regra para o sistema tributário, já que em parte resolveria os problemas de grande relevância no nosso país, mas no mesmo sentido lembramos que se eles derem educação de qualidade a todos, melhor distribuindo renda, mais cultura e o povo feliz e inteligente, 99% dos políticos estariam fora nas próximas eleições. E se vocês ainda não ficaram indignados com esse texto, leiam "Carta de um americano" http://joaolucaslemos.blogspot.com/2011/08/carta-de-americano.html. As vezes fico pensando porque algumas pessoas como o senhor não estar no meio politico, mesmo que com pouca força, mas incomodando com muita cultura e sabedoria. Garanto que quase 100% da UnP votariam em você.

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  2. Bom dia professor quando li seu texto me perguntei se realmente um dia teremos iniciativas tão gloriosas e plausivas dos nossos empresários, políticos ou outros que fazem parte dessa classe que denominamos rica, seria um grande passo para o progresso para o nosso Brasil. Acredito que um dia teremos mais igualdade e respeito com o nosso povo. Só que já vivenciou a miséria sabe dar valor ao pouco e o nosso país não precisa chegar lá. Me uno ao amigo João Lucas quando diz:"...mesmo que com pouca força, mas incomodando com muita cultura e sabedoria".
    Kleiba Bispo - 2Na CSTGC

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  3. Olá Professor gosto muito de seus artigos são sempre bem objetivos. Bom sabia que em questão de renda quem ganha mais paga mais mas sobre a questão do consumo não tinha parado pra analisar, e como consumistas que somos acabamos por pagar o pato. Não sei, as vezes penso que essa questão não será resolvida assim, acabará ficando para as futuras gerações: filhos, netos, bisnetos...... ou seja quem sabe em outras reencarnações possamos nos recordar ou até termos documentos que contem a história de como se resolveu.
    Um abraço.
    Carla 8NA-FP

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  4. O senhor tem plena razão, precisamos fazer que os gastos públicos diminuam e que os ricos pagam maiores tributos do que os de baixa renda. o voto poderia ser não obrigatório como lá nos estados unidos, só assim os politícos procurariam não somente ter o voto mas conquistá-lo, trabalhando honestamente.precisamos ter um sistema tributário mais justo. turma 3NA

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  5. Enquanto o brasil adotar essas políticas de arrecadação de impostos,onde os ricos são os que pagam menos tributos e a classe pobre mais(pois necessitam de consumir) sempre haverá esse nicho de miséria em nosso país.

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  6. Josemar Simonetti Medeiros Júnior 3NA- Floriano Peixoto13 de setembro de 2011 às 13:59

    Professor, vamos esperar bem sentadinho para que um dia, os milionários do nosso país cheguem até à nossa presidente para pedir aumento das cargas tributárias. Parabéns aos milionários franceses que tiveram essa maravilhosa atitude! que isso sirva de exemplo, pois só assim, conseguiremos colocar o nosso Brasil pra frente ! e como o senhor mesmo disse ; os pobres no nosso país... não tem vez !!

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  7. gideâo floriano peixoto 3na13 de setembro de 2011 às 19:19

    professor gostei muito do assunto realmente nós pagamos uma carga tributaria muito alta e não vemos o retorno desse dinheiro aonde sera que esse dinheiro estar? essa é a grande questão

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  8. Olá professor. O senhor tem razão " a fé remove montanhas", porque a unica coisa que pode ser removida com essa politica corrupta do Brasil é mais dinheiro da população de baixa renda, enquanto os ricos sempre encontram uma maneira de burlar as leis e pior é que tem apoio dos administradores corruptos do País. Muito bom seu artigo.
    Gabriela Soulaize unp 2NA- CSTGC.

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  9. oi professor Marcos.Concordo plenamente com o senhor,pois esse artigo mostrou com muita clareza toda a verdade em relação ao sistema tributário brasileiro.Dá pra ficar idignado como esse sistema é criminosamente desigual,pois a maior fatia de impostos recai sobre o lombo dos trabalhadores,sendo que de via ser ao contrário,devia ser sobre o patrimônio...Realmente estamos no caminho inverso da igualdade social,isso é realmente um absurdo!como se não bastace,todos os dias vemos denúncias nos jornais de corrupção e desvio do nosso dinheiro,ou seja,além de pagarmos a conta cara,o nosso dinheiro vai beneficiar esses corrúptos...valeu prof...está de parabens,gostei muito do seu artigo.
    Elin Rodrigues unp 3na/administração.

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  10. Bom dia professor,
    vivemos ainda numa sociedade muita restrita e quem ganha com tudo isso são os das classes elevadas,mais acredito que ainda exista solução embora com toda corrupção.
    penso que se todos se unissem e fissese uma passeata em favor de argumentar melhorias em relação a SAÚDE,EDUCAÇÃO E SEGURANÇA dando um basta a isto tudo.
    Me pergunto até quando teremos que assistir estes absurdos?
    Acredito que devemos dar o nosso primeiro passo para grito de liberdade e direitos iguais!!!

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  11. Em um pais que a maioria dos governantes só pensam em chegar ao poder para conquistar vantagem, é complicado questionar a carga tributaria tendo em vista que é desse mecânismo que sai os recursos nenessarios para a educação, saude, segurança e como nao pode faltar as propinas e caixa 2. O Brasil nao precisa de educação, saúde, segurança nem redução de impostos. O que o nosso pais esta carente mesmo e de pessoas que nao pensem só em sí e sim no proximo, o Brasil é um pais egoista, onde quem é rico utiliza os pobres como ferramentas e nao como pessoas, esquecendo que sao dessas "ferramentas" que sai todo o faturameto desse pais. Nomomento que o Brasil forbem administrado, educação, saúde, segurança, trasporte ... de qualidade será consequencia.

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  12. Olá professor, a princípio quero dizer que sinto-me privilegiado em fazer parte desse grupo tão grande de alunos e admiradores do professor MARCOS ALVES. E sobre o artigo, concordo plenamente, o Brasil necessita urgentemente de justiça fiscal e social sob uma gestão limpa e capaz. Já sobre o ato plausível dos milionários franceses eu me pergunto, será que se soubessemos que grande parte de nossos tributos não saem pelos ralos da corrupção, teríamos alguns brasileiros ao menos pensarem em imitá-los. Adelson Morais UNP ADMFP 3NA

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  13. NÁGELA LIMA - 3 ma - FP19 de setembro de 2011 às 19:01

    Professor Marcos Alves eu fico cada vez mais impressionada com essa carga tributária tão elevada do nosso país, no último dia 16 no Natal Shopping a CDL realizou o Feirão do Imposto que tinha como objetivo mostrar p/ a população o quanto pagamos de impostos em tudo que consumimos, quase 35% do PIB, e não percebemos um retorno na melhoria da educação, saúde, segurança e infra-estrutura. A pergunta que não quer calar: Pra onde está indo todo esse dinheiro? Porque recentemente no "impostômetro" localizado na cidade de São Paulo atingimos a marca e R$ 1 trilhão pagos em impostos por nós trabalhadores neste ano de 2011, mas não percebemos, de nenhuma maneira, melhorias nos serviços prestados a população. Eles querem voltar a CPMF com a desculpa que seria para investir na Saúde... que piada! - Ela foi criada no governo FHC por sugestão do então Ministro da Saúde Abilio Jatene para aumentar os investimentos na área da Saúde - o que aconteceu? NADA. Não melhorou o SUS... Aliás quem depende deste sistema fica a mercê da sorte, por que não existe algumas especialidades nos postos de saúde como: oftalmologista, cardiologista, dermatologista, otorrino, gastro... na verdade vc tem que tentar uma consulta com um clínico então pegar um encaminhamento, descobri aonde tem algum desses especialistas e quem sabe marcar para ser atendido daqui há uns 2 meses... Na minha opinião criar ou recriar um Imposto não será a solução p/ o problema do nosso País.

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  14. A elite Brasileira deveria ter orgulho do país onde vivem e os mesmo fazerem assim como os franceses já que nada é feito para que os ricos passem a pagar mais impostos(já que o imposto esta no consumo e não na renda e patrimônio), por conta própria irem ate as autoridades e fazer por onde essa mudança aconteça, porém fazemos parte de uma sociedade onde crescemos sem saber o que é justiça, dignidade e honestidade.

    UnP RF - 3NA.

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  15. Parabéns pelo excelente artigo. Concordo com o que foi dito dito professor.
    A quantidade de impostos que pagamos direta e indiretamente daria para, se bem aplicado, manter pelo menos a níveis dignos a saúde, educação e segurança. Porém, o que acontece é que a cada dia vemos mais noticias de corrupção, de pessoas escondendo dinheiro aqui e ali... O que falta é investimento na educação. Enquanto não houver investimentos ficaremos, infelizmente, na mesma. Muitas pessoas ainda têm o pensamento de fazer o que é mais fácil e não o que é certo (justo). Sendo assim, é mais fácil criar ou recriar impostos que afetaram principalmente os mais pobres (menos instruídos) do que mexer com os “grandes” que possuem teoricamente uma maior educação, ou seja, mais difícil de serem ludibriados.
    Em um país onde não se vê resultados de tantos impostos cobrados, onde quem tem menos é quem paga mais e, ao invés de mudar isto, querem aumentar essa desigualdade. Esperar uma atitude como a dos franceses é utopia.
    Jorge Moura - 3NA-FP

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  16. Marcelo Galdino de Araújo22 de setembro de 2011 às 12:32

    A cada ano estamos batendo recorde de arrecadação de impostos, porém ainda assim fecharemos o ano com déficit orçamentário, pois os gastos orçamentários ainda são astronômicos e o pior são gastos ordinários e o que me parece gastos alheio. O mais espantoso de tudo é que os ricos pagam menor ou até igual os pobre, caso que em países ricos é contrário, quem tem mais paga mais e quem tem menor paga menor, nada mais justo. Os nossos vereadores devem criar projetos, até por que é a função deles, porém tão importânte quanto criar projetos é mostrar de onde vem o recurso para o mesmo, para depois não termos que conviver com “ fantasmas” como a CPMF.

    Marcelo Galdino de Araújo

    UNP - 3NA - RF

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  17. Todos esses problemas relacionados neste artigo são consequências de uma péssima gestão de nossas esferas de governo, que apenas se preocupam com suas próprias imagens, e se esquecem dos menos favorecidos e da população como um todo, que necessita de serviços de qualidade, serviços básicos como: educação,saúde,segurança e emprego. Se os nossos tributos fossem investidos efetivamente nesses serviços, o país teria outra realidade...

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  18. professor, muito interessante! Gostaria de complementar falando um pouco sobre o livro: "A Riqueza das Nações" ( ADAM SMITH).

    julho césar, Relações Internacionais.

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