terça-feira, 14 de junho de 2016

Ausência de governança corporativa

Os professores Elismar Álvares, Celso Giacometti e Eduardo Gusso, lançaram um livro cujo título é "Governança Corporativa  Um modelo Brasileiro", que hoje é referência nos ensinamentos de Governança corporativa.Diz os mestres: Há mais de dois séculos, Adam Smith sabia que não se pode esperar que os gestores de empresas cuidem do dinheiro de outras pessoas da mesma forma como fariam com o seu. O sábio escocês, considerado o pai da economia moderna, não tratou diretamente do problema da governança,mas ele lançou as bases para que, passados dois séculos, se começasse a compreender mais profundamente as questões relacionadas com propriedade e gestão. Quando analisamos a situação econômica e financeira das empresas estatais do nosso país,constatamos a ausência dos princípios de boa governança que são: transparência, responsabilidade corporativa, equidade e prestação de contas, que fundamentam a conduta ética. Muito embora a maioria dos códigos de conduta existentes  seja preparada para orientar o comportamento do público interno da empresa, sua dimensão se estende a todas as partes interessadas externas (stakeholders), incluindo clientes, fornecedores, financiadores, imprensa, reguladores e comunidade. Valores são referenciais éticas e morais identificados nas crenças pessoais e coletivas como algo essencial sobre a vida e o mundo. As crenças são pressupostos, reais ou imaginários e nem sempre conscientes, sobre a natureza humana, a razão da vida e a visão do mundo. Os  valores e as crenças efetivamente praticados ao longo do tempo são tão importantes que a falta de alinhamento dos acionistas em torno deles é certamente um forte entrave para a definição da visão estratégica, da missão e das diretrizes empresariais. A missão é um conceito amplo e inspirador que deverá guiar a organização por um longo período de tempo. A missão é a resposta da organização para as perguntas " por que e para que existimos? e qual é o nosso negócio?". A missão é uma fonte única de inspiração e motivação para os colaboradores.A visão reflete onde se quer chegar.É a imagem do futuro que se quer construir, e o sonho e o compromisso com o que se quer atingir. Uma visão bem formulada "puxa a organização", criando uma tensão criativa. Ela traduz o intangível e o abstrato da missão e dos valores em algo tangível e concreto que leva a empresa sempre adiante. A visão deve ser clara, simples e engajadora. Ela deve transmitir riscos, situando-se em algum lugar do imaginário no qual a razão diz " isto não é factível", e a intuição retruca" mas nós acreditamos que podemos atingi-lo de algum jeito". A visão é o limite entre o possível e o impossível. A missão e a visão são elementos essenciais da consciência estratégica da organização. É a partir delas que se definem decisões de alta relevância, tais como: - negócios que serão mantidos, expandidos ou descontinuados; - novos negócios; - o que a organização quer ser ao longo de determinado horizonte de tempo; - onde a organização quer chegar; - competências a desenvolver e recursos  a viabilizar. Eu pergunto, as empresas estatais brasileiras nos últimos anos tiveram essa preocupação?. O governo federal como maior acionista estimulou que essas empresas procurassem melhorar seus sistemas de responsabilidade social e governança corporativa?. Faltou no meu entender a vontade política de exigir dos comitês de auditoria  que se certificassem de que o código de ética estava sendo aplicado e seguido  pelas diretorias executivas dessas empresas.

2 comentários:

  1. Meu grande Mestre e amigo,

    Como sempre atualizadíssimo, mas pura verdade, o governo não teve interesse algum em observar os princípios éticos e de boas práticas quanto menos os morais, não é atoa que estamos passando por essa vergonha internacional em nosso país.

    Saudades das nossas conversas nos corredores entre uma aula e outra.

    Abraços,

    Ricardo Vitor

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  2. Não sou um defensor ferrenho do keynesianismo, mas confesso que o (neo)liberalismo não me agrada por completo. A teoria de Keynes, que prega a intervenção do Estado na economia, já salvou grandes potências do "default". O New Deal e o Marshall Plan estão aí para comprovar. Em países de terceiro mundo (como o Brasil), acredito eu, não dá para aderir aos princípios da "mão invisível" sem instituições fortes. As agências reguladoras e as estatais, encharcadas de interferências políticas e planos de governança somente no papel, continuam a comprovar a imaturidade de nossa economia. Nesse contexto, sou a favor do neoinstitucionalismo como forma de autonomia de tais órgãos de regulação e auditoria, de modo a alcançarmos um maior grau de confiabilidade dos investidores em nossa combalida economia.

    Saudades das suas aulas. Abraços.

    Luan David Nascimento
    Administrador
    Servidor público – UFRN

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