quarta-feira, 19 de abril de 2017

Ausência de governança corporativa

Os escândalos envolvendo o setor público (classe política) e o setor privado no Brasil demonstra a fragilidade do modelo de governança corporativa aqui praticado. Uma boa governança corporativa é importante para a retomada do crescimento econômico, principalmente se esse processo for liderado pelo setor privado. Crescimento econômico e governança corporativa são assuntos correlatos e estão vinculados, principalmente a questão financeira. A abertura, a estabilização monetária e a privatizações, alteraram de forma significativa o ambiente empresarial, ao impactarem o jogo competitivo e as estruturas institucionais. Esses escândalos envolvendo a classe política brasileira com o setor privado, cria uma desconfiança do público (stakeholders) nos executivos, conselhos, instituições financeiras, firmas de auditoria, bancos de investimentos, gestores de fundos, governo e reguladores. A governança corporativa preocupa-se em assegurar que os executivos gerenciem as firmas honesta e efetivamente de forma a garantir um retorno justo e aceitável àqueles que investiram recursos na firma. Essa definição remete a duas questões: ética da conduta dos executivos e competência deles em gerenciar os recursos. Esses dois requisitos são essenciais para se ganhar a confiança das pessoas. Logo, a confiança torna-se a base da governança corporativa, na medida em que os executivos ocupam uma posição de confiança para o exercício da autoridade. Confiança não pode ser imposta ou regulamentada, mas precisa ser sentida pelos atores. Deve enraizar-se em ações, valores e crenças dos investidores, clientes, empregados, políticos, funcionários públicos e, acima de tudo, dos membros dos conselhos das corporações. A boa governança está calcada em princípios que norteiam o funcionamento das empresas e outras organizações e lhes propiciam maior credibilidade e criação de valor.É fundamental a adoção de princípios sólidos e consagrados para a integração com os mercados e as comunidades em que atuam. São eles: 1) Transparência - Mais do que a obrigação de informar, a administração deve cultivar o desejo de informar, uma boa comunicação interna e externa,franca e rápida, resulta um clima de confiança, tanto internamente quanto nas relações da empresa com terceiros. 2) Equidade - Caracteriza-se pelo tratamento justo e igualitário de todos os grupos minoritários, sejam do capital ou das demais partes interessadas, como colaboradores,clientes, fornecedores ou credores. 3) Prestação de contas - Os agentes da governança corporativa devem prestar contas de sua atuação a quem os elegeu, respondendo integralmente por todos os atos que praticarem  no exercício dos mandatos. A prestação de contas é inerente a quem administra recursos de terceiros. 4) Responsabilidade corporativa - Conselhos e executivos devem zelar pela perenidade das organizações e, portanto, devem incorporar considerações sociais e ambientais na definição dos negócios e nas operações da empresa. O que se tem observado, é a completa ausência de governança corporativa das grandes empresas brasileiras (envolvidas na Lava Jato) em suas relações com o setor público. Os políticos brasileiros ( um dos parlamentos mais caros do mundo), precisam entender que foram eleitos para atuarem de forma honesta e republicana nos interesses da nação brasileira.

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