domingo, 20 de fevereiro de 2011

A taxa ideal de câmbio

É necessário compreender a diferença entre o PIB potencial e o PIB efetivo. O conceito de PIB potencial diz respeito à capacidade total da produção da economia, enquanto o PIB efetivo mede o que realmente está sendo produzido. Cabe uma diferenciação entre as análises de longo prazo e curto prazo, no longo prazo o PIB potencial mostra a capacidade de crescimento da economia, no curto prazo o PIB efetivo mostra as oscilações que a meta de crescimento pode estar sendo sacrificado por restrições internas (combate a inflação) e por restrições externas ( ajuste do balanço de pagamentos). Para manter as contas externas equilibradas e combater a inflação é necessário buscar a taxa de câmbio mais adequadas para o nosso país. A política cambial precisa estar sintonizada com o objetivo que está sendo perseguido pela política econômica do país:Combater a inflação, equilíbrio externo ou crescimento da produção. No caso brasileiro, o governo utilizou a política monetária, (aumento da SELIC) como instrumento para reduzir o consumo interno e ajudar a combater a inflação, utilizou a política fiscal quando cortou 50 bilhões do orçamento, sinalizando que o crescimento se dará em ritmo mais lento e contribuindo para ajustar as contas pública que indiretamente contribui para termos em uma visão de longo prazo taxas de juros mais condizente e usou a política de rendas para definir o salário mínimo que pressiona os gastos público já que este preço é utilizado como indexador para outros ativos. A teoria econômica nos informa que a taxa de câmbio ideal é aquela que consegue o equilíbrio interno e externo de qualquer país.O equilíbrio interno é uma situação em que o PIB efetivo esteja próximo do PIB potencial e que a inflação se encontre ao redor da meta estabelecida. O professor Alexandre Schwartsman em artigo na folha de São Paulo no dia 8/12/2010"Para entender a guerra cambial" nos ensinou que há, porém, várias combinações com essa situação. Se, por exemplo, a demanda interna estiver muito fraca, tal fraqueza poderia ser compensada por uma taxa de câmbio bastante desvalorizada, que produzisse uma demanda externa forte, mantendo a economia próxima ao seu potencial. Da mesma forma, uma taxa de câmbio mais forte, que levasse à redução das exportações (líquidas das importações), poderia ser compensada por uma demanda doméstica mais aquecida. A manutenção do equilíbrio doméstico nos termos acima definidos implica, de maneira geral, uma relação direta entre a taxa de câmbio e o ritmo de expansão da demanda interna: a demanda forte requer uma taxa de câmbio forte para manter a economia operando sem pressões inflacionárias, enquanto a fraqueza da demanda doméstica precisa ser compensada com uma taxa de câmbio fraca para evitar a deflação. Se, porém, a demanda estiver forte com o câmbio fraco, a inflação ficará acima da meta, isto é, em desequilíbrio interno. A definição de equilíbrio externo é um pouco mais complicada. Em princípio seria um nível do deficit externo considerado "sustentável". A dificuldade aqui é a noção de "sustentável", que pode (e deve) significar coisas diferentes em momentos (ou países) distintos. Para fins da presente discussão, aceitemos que o equilíbrio seja um saldo externo zerado, sem, como veremos, grande perda de generalidade. Imagine, pois, um país em que a demanda interna cresça vigorosamente, requerendo um aumento das importações além das exportações. Para manter as contas externas equilibradas, a taxa de câmbio tem que se desvalorizar. Da mesma forma, se a demanda interna fraqueja, a taxa de câmbio pode se apreciar sem prejuízo à manutenção do saldo zerado. A relação nesse caso é inversa à observada no anterior: para manter o equilíbrio externo, uma economia forte precisa de câmbio fraco e vice-versa. Assim, se observarmos demanda fraca acompanhada de câmbio desvalorizado, o balanço de pagamentos mostrará superavit, revelando desequilíbrio externo. Na China observamos simultaneamente tensões inflacionárias e grandes superavit externos, duas características do câmbio demasiadamente depreciado. Caso permitisse que a taxa de câmbio se apreciasse, tanto a inflação como os saldos externos cairiam, trazendo a economia para o equilíbrio. Por outro lado, os Estados Unidos, que enfrentam riscos de deflação no contexto de deficit externos, apresentam taxa de câmbio excessivamente apreciada, requerendo um dólar mais fraco para retornar ao equilíbrio. Entretanto, enquanto o dólar flutua (e se deprecia), o yuan é fixo com relação a essa moeda, de modo que sua correção só se dá (lentamente) pela aceleração da inflação interna, exigindo uma desvalorização ainda maior do dólar em relação às demais moedas. Se há, portanto, algo de artificial, é a fixação da taxa de câmbio chinesa, atitude alegremente aceita pelas mesmas autoridades que acusam os Estados Unidos de fomentarem uma "guerra cambial", revelando incompreensão assustadora de um assunto tão relevante". Os estudiosos nos informa que o preço mais importante em um sistema econômico é a sua taxa de câmbio, ela pode desestruturar o equilíbrio interno e externo e comprometer as metas estabelecidadas pela política econômica. O Brasil em uma visão de longo prazo precisará criar até 2030, 150 milhões de empregos o que só ocorrerá com o crescimento da indústria e dos serviços e o câmbio valorizado execessivamente pode criar sérias dificuldades.Não podemos usar o câmbio valorizado como instrumento para combater a inflação esperando que o sistema de câmbio flutuante, garantirá, o financiamento dos deficits em conta corrente. Segundo o professor Delfim Netto, nos ensina que " Enquanto a diferença entre a taxa de juros real interna e a externa continuar superior ao risco Brasil, a taxa de câmbio nunca será o velho preço relativo que assegurava o valor do fluxo dos importados com o dos exportados. Continuará a ser o que é hoje: um ativo financeiro nos milhões de portfólios dos agentes que frequentam o imenso mercado internacional de moeda, cerca de 20 vezes maior que o valor dos bens e serviços comercializados". O nosso país necessita de um programa econômico que consolide as políticas fiscal e monetária, que sinalize para o mercado de que reduziremos a taxa de juros real e assim encontrarmos a taxa ideal de câmbio.

6 comentários:

  1. Olá Prof° Marcos Alves...

    Excelente artigo. Nós administradores devemos está atentos à assuntos importantes como esse. Cabe a Presidente Dilma a responsabilidade de elaborar um programa eficiente, e equilibrar as políticas Fiscal e Monetária do nosso país.

    Raul Paulo, ADM, 4VA, FP, 2011.1

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  2. Parabéns pelo artigo. Agora começo a entender melhor esse mundo da economia e política. O verdadeiro objetivo da taxa de cambio, e a sua relação com a inflação. Esse artigo me esclareceu muita coisa. Obrigada!

    Jéssica Cortez, ADM, 7NC-RF

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  3. Estou aqui novamente a comentar seus valiosos artigos, professor.
    Esse texto me fez relembrar as memoráveis aulas sobre políticas, lecionadas pelo senhor.
    Nós que já tivemos um regime de câmbio fixo, hoje podemos contemplar a estrutura do câmbio flutuante que oscila com o exterior e busca manter o equilíbrio externo, formando um dos pilares de nossa economia.
    Como sabemos as políticas não são independentes, e ter uma política fiscal e monetária consistente contribui para o que o que chamamos de uma política câmbial ideal, além do fato em que essa, também deve corresponder e ser eficiente.
    Um exemplo claro dessa interdependência entre as políticas é o reflexo de uma política fiscal expansionista no câmbio. Esta se aprecia.
    Para finalizar, sabemos que a taxa de câmbio é essencial para a macroeconomia de um país interferindo na balança comercial, importações e exportações, oferta e demanda pela moeda local e externa, entre outros atributos.

    Diego Henrique

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  4. Parabéns professor Marcos
    Mesmo sem cair na prova
    continuo apreciando
    seus artigos.
    Eles sempre agregam mais conhecimento para mim.
    Abraços
    Renata

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  5. Excelente assunto professor! a taxa de cambio para nós futuros administradores é de muita importância, são uns dos fatores do ambiente empresarial que fazem mexer os conceito de administração de novas empresas, acho que taxa de cambio e investimento na bolsa de valores, deveriam ser passados para todas as pessoas no próprio ensino médio, pois isso pode mudar a historia de um país, ajudar no crescimento sustentável, e fazer com que esse país melhore a cada dia mais.

    João Lucas Lemos
    ADM - FP - 2MA

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  6. Amanda Oliveira
    Gestão Comercial-2nA-RF

    Professor Marcos esse artigo vem nos atualizar e nos deixar a par do que acontece nos bastidores de Brasília. Um asssunto que poucos tem acesso e pela falta de conhceimento faz críticas ao governo Dilma.
    Nos resta torcer e esperar que os planos e as metas governamentais tenham sucesso.

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