domingo, 15 de abril de 2012

Políticas Horizontais

Recentemente o governo tomou uma serie de medidas (desonerações tributárias e redução do custo do crédito) voltadas para estimular o consumo e ao mesmo tempo  ampliar a competitividade dos setores  que foram contemplados. No entanto sabemos que tais medidas  embora essenciais tem caráter temporários e não resolvem o problema da perda de produtividade da industria brasileira. Medidas verticais em detrimento de medidas horizontais criam a médio prazo distorções no sistema econômico e logo novas medidas serão necessárias sem no entanto resolver o problema real. O senhor Benjamin Steinbruch, diretor presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, em artigo na folha de São Paulo,cujo título "OBESIDADE" no dia 10\04\2012, afirma :" Essas medidas não são a solução para os problemas da indústria. Falta olhar para setores de base, como energia, petroquímica, transportes, siderurgia e comunicações, altamente taxados e muito importante na hora em que se pretende baixar custos de insumos industriais. Falta uma política agressiva para reduzir os spreads bancários - não há justificativas técnica, como disse a presidente Dilma, para que as taxas de juros de mercado estejam em alta enquanto o Banco Central reduz fortemente a Selic. Falta enfrentar o complicado problema do câmbio. Falta um cuidado maior com a avaliação da competitividade e o estímulo à inovação - os conselhos setoriais criados podem ajudar. Falta destravar investimentos em infraestrutura, muitos sob bloqueio burocrático ou ideológico. Por último, o ponto mais importante: será necessário persistir nas desonerações e caminhar para ampliá-las e torná-las estruturais na economia". Uma política de estimulo a competitividade precisa desonerar todos os setores e não apenas alguns deles, temos que entender que a produtividade da economia no todo depende da eficiência em todas as  outras áreas. Lembrando que os estímulos que contempla a oferta através dos empréstimos concedidos pelo BNDES, amplia a dívida pública e tem um custo que com certeza criará no futuro dificuldades para reduções tributárias.  É preciso que a classe empresarial com o acesso ao crédito, estimule a inovação e contribua para a criação de um equilíbrio entre a demanda e oferta, caso contrário voltaremos a tomar medidas de contenção ao consumo para impedir a volta da inflação. Este filme estamos cansados de assistir. A grande vantagem das políticas horizontais é que elas beneficiam todos os setores indistintamente, em contrapartidas das políticas verticais que, simplesmente, atendem alguns setores em detrimento de outros. A atual política econômica do nosso país deve se concentrar justamente nas políticas horizontais, tais como: reforma fiscal, trabalhista e previdenciária. Essas interferências governamentais que surpreendem o mercado e coloca em riscos empresas estatais de capital aberto a se deteriorarem no tempo é a prova concreta de nossa incapacidade de planejar no longo prazo. Necessitamos de planejamento de longo prazo, com políticas estáveis e duradouras, como bem disse o senhor Delfim Netto em artigo recente: Porque não dar ao Congresso o que fazer, propondo-lhe as reformas macro e microeconômica que o Brasil tanto precisa?

6 comentários:

  1. Proposta perigosa essa professor, deixar a reforma econômica do País nas mãos do congresso. Quase tão perigoso quanto deixar o lobo tomando conta do cordeiro. Se fossem eficientes pra tudo como são para aumentar seus próprios salários e regalias, aí sim seria muito bom.
    Acho que a reforma pode começar no congresso e deve ser feita pela população, renovando os representantes do povo. Tenho ideia de que antes precisamos adotar uma politica vertical que vai do dedo até o teclado da urna eletrônica, aí sim podemos começar a cobrar uma reforma econômica feita por gente competente, não por palhaços ou coronéis. Só me entristeço porque sei que isso vai levar aqueles 300 anos já comentados aqui.
    Acho que deveria ter um sistema de concurso para poder tirar título de eleitor, já imaginou? provinha e tudo que tem direito, tipo habilitação. Só pode votar quem mostrar que sabe o que tá fazendo. É muito poder pra gente tão ignorante. Queria ver se ainda teríamos corjas como a Sarney ou Maluf na politica nacional.

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  2. Juliana Cândida Gonçalves - UnP 3NB e 7NB FP15 de abril de 2012 às 16:09

    O termo “políticas horizontais” soa tão bem para nossos ouvidos. Dá uma ideia de igualdade, de planificação, de algo seguro e firme num terreno sólido e adequado, parecendo que tem mais possibilidade de ser dividido, compartilhado. Não sei se falo isto porque sempre preferi casas à apartamentos, aquela coisa vertical demais em que cada um vive, literalmente, em seu quadrado, causando incômodo ao vizinho de baixo a cada pisada mais forte no chão.
    Imagino assim: Quando o governo beneficia alguém em alguma altura desta verticalização, geralmente afetará um nível mais abaixo ou até mais acima. Neste caso, desonerar os tributos de um setor apenas causa danos a outro, como bem falou o professor, afetando, inclusive, empresas estatais.
    De uma hora para outra sento-me com vontade de expressar a seguinte ideia: Quem não planeja ou não é especialista naquilo que faz, como um suposto mestre de obras que nunca se preparou antes de chamar-se assim, corre o risco de ter que ficar fazendo remendos futuros, tendo que abrir enormes buracos para corrigir falhas em encanamentos ou instalações elétricas. E o custo vai para o bolso do proprietário que não pesquisou o suficiente antes de contratar um “profissional” qualquer, levando em consideração apenas o baixo custo que tal indivíduo prometeu, além de promessas esplendorosas de que sua obra causaria inveja em qualquer um. É sob esta metáfora que imagino nosso governo. Repleto de “engenheiros” que jamais passaram pela formação necessária para orientar tantos operários nesta imensa construção chamada Brasil. Daí eles, muito certos de suas capacidades, constroem enormes edifícios em terreno impróprio, à beira da praia, com produtos de terceira qualidade, superfaturados, aprovados com licitações duvidosas no nome de um laranja qualquer, um Zé Ninguém da vida e, nos convidam a viajar nesta maravilhosa utopia que promete soluções imediatas para problemas seculares que jamais serão sanados de uma hora pra outra.
    De que maneira podemos pensar que construir de qualquer jeito e depois propor reparos e reformas é o jeito certo e seguro de fazer as coisas? Só aqui mesmo.
    Em outro momento mencionei o fato de sermos dirigidos, em sua maioria, por políticos que buscam seus próprios interesses e que jamais passaram por qualquer preparo prévio para “administrarem” um país. As premissas básicas do gerenciamento sob a ótica da administração nos dizem que devemos fazer uso do PDCA (Plan – Do –Check – Act) que nada mais é do que Planejar, Executar, Controlar e Agir. Uma fase deste processo sem o outro não existe e se existe é ineficiente. Falta-nos uma visão de longo prazo sim e, sobretudo a visualização, por parte daqueles que nos governam, das consequências de suas atitudes.
    Paliativos existem apenas para suprir necessidades que logo voltarão à tona. Cobrir um setor em detrimento de outro ameniza, mas não soluciona.
    Apesar de crer que reformas deveriam ser evitadas, porque sujam muito, fazem bastante bagunça, custam caro e nem sempre saem como o desejado, não vejo outra solução para o nosso país. Uma planta baixa bem elaborada teria sido a melhor indicação antes do início desta construção. Porém, como não existiu resta-nos reformar. Mas, reforço a necessidade de que isto seja feito por engenheiros de verdade, não por aqueles que aparentam ser e que na verdade não são é coisa nenhuma. Em sua maioria, é claro!

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  3. Interessante proposta Prof. Marcos. Realmente o congresso tem que procurar o que fazer, e resolver os problemas que tanto afetam o nosso país. Mas enquanto isso, vamos esperar a boa vontade de nossos governantes.

    Até mais...

    Raul Paulo, ADM, 6NA, FP, 2012.1

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  4. É sempre bom passar por aqui, e apreciar opiniões tão bem posicionadas. Também percebo que talvez haja colocações equivocadas quanto a qualificação dos parlamentares, pois penso que esses caras são Phd em administração/negociação, penso também que, o que falta para eles é a ética, compromisso com a sociedade, isso sim é bem evidente. Só utilizam o máximo de suas competências quando deliberam assuntos que são favoráveis a eles mesmos.

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  5. O grande defeito dos políticos e de quem os cerca é a falta de planejamento. A criação de um cronograma bem elaboado e claro é fundamental.
    Isso se aplica em todas as áreas, o senhor deveria pensar neste quesito ao elaborar suas aulas também professor, um bom cronograma é benéfico não só para o senhor como principalmente para os seus alunos. A forma como suas aulas são ministradas é esporádica não tendo um foco definido. Espero que não veja minhas declarações de forma pejorativa, e sim como um feed back para que o seu trabalho seja enrriquecido.

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  6. Tudo bem Professor,eu não consigo pensar por que não já não foi elaborada uma reforma tributária no país, sei que é por causa da alta coleta de tributos.Entretanto, muitas camadas da economia sofre com isso, agora é a vez da industria.Só os bancos é que permanecem estáveis, pois são os donos da economia do país.O Brasil precisa de grandes investimentos em portos, em ferrovias,rodovias para que isso venha propiciar uma melhor infraestrutura e desenvolva a produtividade.Precisa ainda ter uma diminuição da carga tributária, pois os produtos importados estão em evidencia e com o preço mais acessível, enquanto isso os nacionais estão perdendo mercado em decorrencia dos altos impostos pagos pelos empresários brasileiros.Diante disso, precisamos que os nossos governantes tenham uma visão estratégica para reverter essa situação, pois toda vez que a industria entrar em crise é só baixar os insumos e pronto?Cadê a visão política voltada para algum tempo?

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