domingo, 17 de maio de 2015

Sem inventar

O professor Antonio Delfim Netto, considerado como um dos maiores economista deste país resumiu de forma perfeita a situação em que encontra-se  o nosso sistema econômico. E chama a  atenção de toda a sociedade e principalmente para os economistas que existe limites para o voluntarismo econômico que não podem ser contornados sem graves consequências para todos os agentes econômicos. No artigo publicado na Folha de São Paulo no dia 11\03\2015, cujo título é "Recuperar o normal"o professor apresenta de forma esquematizada o que deve ser feito para que o ambiente de negócios em nosso país,volte a ter a confiança dos investidores e retornemos ao crescimento econômico de forma equilibrada. Diz o mestre: Deveria ser evidente a qualquer economista com algum contato com a história, não importa qual seja a igreja secreta a que pertence, "capitalistóide" ou "socialistóide", que existem limites para o voluntarismo econômico que não podem ser contornados sem graves consequências que, infelizmente, sempre chegam tarde demais, como, por exemplo:
1º) tentação de violar as identidades da contabilidade nacional, que leva a desequilíbrios cumulativos, cuja correção é sempre dolorosa;
2º) a necessidade de calibrar permanentemente o crescimento econômico (produzido pelo investimento) com a imprescindível redução das desigualdades (aumento das oportunidades de consumo);
3º) ignorar que só pode ser distribuído o que já foi produzido internamente, o que se ganhou de presente do exterior com a melhoria das relações de troca ou o que se tomou emprestado do exterior e que deverá ser devolvido no futuro;
4º) desconhecer que o crescimento econômico é somente o codinome do aumento da produtividade dos trabalhadores que depende, basicamente:
a) da saúde, da educação e da experiência de cada um e do volume e da qualidade tecnológica do capital a ele associado (investimento);
b) de como se organiza o processo produtivo nas empresas e sua segurança jurídica, ou seja, da eficiência com que transformam os fatores de produção que usam (trabalho, capital físico, energia e importação) em produtos acabados para consumo interno e exportação e em novos fatores de produção (investimento), o que é facilitado;
c) pela existência de mercados bem regulados que coordenam, por meio de preços relativos livremente estabelecidos, as expectativas de consumo interno e externo com as expectativas de oferta dos produtores;
d) da organização do Estado para prover serviços públicos com eficiência e liberá-lo do controle dos monopólios naturais com suas concessões ao setor privado por meio da criação desses mercados e do estabelecimento da "modicidade tarifária" com leilões bem concebidos e;
5º) deixar de reconhecer que a "ordem" fiscal (deficits estruturais adequados e relação dívida pública bruta/PIB com espaço suficiente para fazer política anticíclica quando necessário) é a mãe de todas as "ordens" e a possibilidade de uma coordenação adequada entre a política fiscal e as políticas monetária, salarial e cambial que produz o equilíbrio interno (baixa inflação) e o externo (deficit em conta corrente saudável).
Façamos apenas o "normal". Dá certo!

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