Existem
pessoas que foram extremamente importante na sua formação e mesmo depois de sua
morte continua exercendo um fascínio impressionante. O meu gosto pela
literatura, pela música, teatro, esportes e tantas outras manifestações
culturais, de uma boa bebida, mulheres, de me vestir bem e usar um bom
perfume são na realidade transferências culturais deste homem, que convivi
durante onze anos em sua casa. O meu amor é tanto que basta olhar alguém
com os olhos azuis que o relaciono a ele.Tenho três netos, um homem
e uma mulher de olhos azuis que naturalmente me faz recordá-lo. A
sua importância em minha vida foi e é marcante, ainda hoje em meu descanso minha
memória ao trazê-lo ao presente me recordo, como aquele homem era inteligente,
bonito, elegante, sempre lisonjeado por aqueles que o cercava. Tinha uma
qualidade singular, amigo dos amigos, fiel ao seu pensamento e muitas vezes
traídos por aqueles que defendia. Não conto as vezes nos domingos pela manhã em
sua rede no terraço lendo os principais jornais, tomando o seu conhaque
preferido e acendendo um bom charuto e lá para as tantas colocado um disco na
vitrola. Lembro muito bem quando ia trabalhar a sua elegância, bem penteado,
perfumado e que nunca esquecia de colocar na lapela do seu terno uma pequena
flor que colhia do seu jardim. O meu primeiro contato com a literatura
estrangeira foi um livro que me ofereceu em 1969 e que o tenho até hoje em
minha biblioteca particular. Lembro-me do título do romance e do seu autor:
"Meu filho que nasceu no mar" de James Vance Marshall. Quando vim
morar em Natal, a saudade era enorme, sentia a sua falta e quando escutava uma
música que dizia "naquela mesa estár faltando ele", muitas vezes
me continha para não chorar. Quando faleceu, minha irmã mais velha me pediu
para falar algumas palavras e a única coisa que me veio a minha mente é que
aquele homem ,fez jus ao tempo que Deus o concedeu para viver. Fez em
toda a sua existência, sempre muito:" trabalhou, estudou, amou,
calçou, vestiu e bebeu ". Foi realmente merecedor e sua trajetória ainda
esta viva na vida de muitos que o conheceu e servindo de exemplo a sua forma de
contemplar o mundo. Casou muito cedo, viajava muito, assumiu posições
relevantes, era amigo pessoal de alguns políticos de renome nacional, como o
ex-presidente Juscelino e Jango e o ex-governador Miguel Arraes,
foi mal interpretado pelo golpe militar que o julgava comunista quando na
realidade era sim um trabalhista lutava por melhorias dos portuários chegou a
ser o primeiro presidente da União dos Portuários do Brasil delegacia-
Pernambuco e um dos fundadores da União dos Portuários do Brasil, cuja sede era
no Rio de janeiro e o representante do norte e nordeste da classe portuária
junto ao governo federal . Durante o golpe, foi duramente perseguido,
destituíram do cargo, criaram inquéritos sem sentido para anos depois no
próprio regime militar no governo mais violento da era Médici ser condecorado
pelos serviços que tinha prestado a nação. Mesmo assim não perdeu a sua
postura, os leais amigos o ajudaram a travessar aquele período de agonia. Este
homem, que foi e ainda hoje exerce um influência enorme em minha vida,
chamava-se Álvaro Gomes Alves, o homem dos olhos azuis que era o meu avô por
parte de meu pai. Obrigado vovô, por tudo que me ensinaste e que ainda hoje ao
olhar os meus netos através dos seus olhos lembro-me de ti.
sábado, 15 de dezembro de 2012
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Sou a neta mais velha desse Sr.a quem meu irmão o intitulou O HOMEM DE OLHOS AZUIS,foi casado durante 64 anos com a Sra Adélia Heliodora dos Santos Alves,com quem constituiu uma familia de 4 filhos,3 homens (sendo hum de coração)e uma mulher,meu avô foi um dos fundadores da UPB em PE e seu primeiro Delegado,sediada a Rua do Bom Jesus,edf.do mesmo nome no segundo andar daquele predio,de onde saiu para sua sede própria na Av.Marques de Olinda.bairro do Recife,onde funcionou até os Golpista do Regime Militar considerarem a UPB em todo Brasil como orgãode ordem subversiva...a história é longa...porém o que o foi dito desse HOMEM pelo seu neto o prof.MARCOS ALVES,me deixou bastante emocionada e lisongeada,obrigada meu irmão por todo que falaste de nosso avó,tenho certeza que onde ELE estiver, estará FELIZ pelahomenagem
ResponderExcluirpois VOCE também foi motivo de orgulho para ELE.
Como sempre, o nobre professor e amigo Marcos Alves,nos brinda com essa bela crônica sobre seu avô,e nos mostra a importância de termos referências familiares sólidas,para nos transformarmos em pessoas de bem.parabéns professor.
ResponderExcluirOla professor sou João Evangelista aluno do curso de engenharia civil e quero Le parabenizar pela belíssima homenagem a qual faz ao seu avô, pois fica evidente nesta crônica o grande homem que ele foi e que o torna merecedor desta dedicatória.
ResponderExcluirOla professor quase não me controlo com essas suas lindas palavras de horraria a seu avô, e que trouxe-me tamb´m a figura de meu pai que Deus os levou e que como seu avô me deixou lembraças muito boas na minha jornada da vida, pessoas que graças as suas boas ações e maneira de ser sob da o ensinamento da moral e bom custumes a nós todos. Pessoas como essas as nossas homenagem sempre serão infinitas né verdade.
ResponderExcluirAbraço e até breve.
Rejanilda Ramalho - 4NA - ENGENHARIA CIVIL - NOITE
A saudade que sentimos de quem já partiu e nos é querido dói, às vezes a dor é tão profunda que parece perfurar a alma. Suas palavras em homenagem a seu avô são embargadas de emoção, são bonitas, penetrantes e sinceras. Impossível não me comover com sua mensagem, porque também já perdi alguém muito importante na minha vida: Minha avó. Ela era o pilar de uma família, exemplo de fé, força, coragem e amor. Também era amada, respeitada, admirada... Tantas qualidades ela tinha. Não me despedi, não dei o último adeus, o último abraço, nem disse pela última vez o quanto a amava e quando ainda lhe podia render homenagem, as palavras me faltaram. Eu estava perto, mas distante ao mesmo tempo e isso me entristece profundamente, me causa dor, uma dor que não passa, mesmo que o tempo passe.
ResponderExcluirAtt: Leydiane Nóbrega 7NA FP