sábado, 22 de março de 2014

As empresas estatais e sua governança corporativa

O Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppead), realizou uma pesquisa que constata uma forte relação entre o valor de mercado das empresas e o nível de governança corporativa aplicado em suas estruturas. Quanto melhores as práticas de governança mais valorizadas são suas ações. Segundo o coordenado da pesquisa, Leal (2004), afirmou: " podemos dizer que o peso da governança no processo de decisão de investimento em ações dobrou". Segundo Child e Rodrigues (2004), afirmam que a governança corporativa preocupa-se em assegurar que os executivos gerenciem as empresas honesta e efetivamente de forma a garantir um retorno justo e aceitável aqueles que investiram recursos na firma. A confiança torna-se a base da governança corporativa, na medida em que os executivos ocupam uma posição de confiança para o exercício da autoridade. Esses mesmos autores sinaliza que os escândalos decorrem, sobretudo, das estratégias altamente arriscadas adotadas pelos executivos e da inação dos conselhos de administração. Além disso, apesar do insucesso de suas estratégias, os executivos embolsam bônus de grande valor ao saírem das empresas, enquanto os acionistas viram o valor de suas ações desaparecer e os empregados perderem os empregos. A consequência mais direta disso foi o abalo na confiança do público (stakeholders) nos executivos, conselhos, instituições financeiras, firmas de auditoria, bancas de advocacia, bancos de investimentos, gestores de fundos, agências reguladoras  e de risco. Segundo Dawson (2004) defende que os códigos são importantes ( transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa), mas representam apenas uma das peças nesse quebra cabeça que constitui a prática de negócios efetiva e sustentável. As outras peças são as instituições e os seres humanos. Ambos inspiram confiança ou causam suspeita. Confiança não pode ser imposta ou regulamentada, mas precisa ser sentida e acreditada pelos atores. Deve enraizar-se em ações, valores e crenças dos investidores, clientes, empregados, políticos, funcionários públicos e acima de tudo, dos membros dos conselhos das corporações. O programa de privatizações no Brasil começou nos anos de 1980, com Fernando Collor. O coordenador do programa foi o BNDES, que conduziu a venda de empresas do setor siderúrgico, de energia elétrica, de petroquímica e de telecomunicações, além de portos e estradas. Mesmo assim, ainda hoje o Estado está presente na economia como grande acionista em empresas como Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Furnas e outras participações. Como consequência da concentração de poder pelo Estado está a indicação do conselho de administração, reduzindo, desse modo, a independência do conselho e podendo afetar a qualidade da análise de questões consideradas estratégicas para as companhias. A liderança da governança corporativa nas organizações é exercida pelos seus agentes principais: propriedade (sócios/acionistas); conselho de administração; e diretoria executiva. A alta administração deve promover a integração da governança com a gestão de risco , por meio de definição de objetivos, abrangência, políticas e prestação de contas. O  caso Petrobras envolvendo a compra de uma refinaria em Pasadena nos Estados Unidos teve esses cuidados?. Quem são os verdadeiros culpados nessa operação, que segundo analistas prejudicou a empresa, acionistas e o  próprio país. A gestão de risco que lida com as incertezas e as ameaças dos negócios e as empresas de auditoria interna e externa o que tem a dizer, como fica a sua credibilidade e  a imagem perante a sociedade. O uso indiscriminado da contabilidade criativa que muitos analistas sinaliza o tem a dizer o Conselho Federal de Contabilidade, violar as identidades contábeis é distorcer todo o sistema decisório de uma empresa. Que modelo de governança corporativo é este que estamos aplicando nas empresas  estatais?

3 comentários:

  1. Saudações mais uma vez grande professor,

    O universo geopolítico de companhias é uma sociedade paralela de financias , leis restritas e a tal transparência corporativa onde se acredita que o desenvolvimento de certos investidores apresente uma melhora significativa e a valorização do poder contábil, onde diga se de passagem há um declínio nessa atividade tão importante e tão desmoralizada pelos lideres representantes, que são incompetentes em assinar e impor sua posição no comercio.
    A credibilidade anda lado a lado com a transparência , afinal a honestidade é desde os primórdios de tudo, a chave para o sucesso de uma aliança, se os governos que são a autoridade máxima de uma comunidade social, não cumprem com o que eles mesmos exigem, é normal que sejam vistos como hipócritas e demagogos , com tudo a disponibilização de uma fiscalização eficiente é gritante, pois há varias formas de corromper-se mediante vários fatores negligenciais.
    O mundo corporativo se emprega na visão de muitos , com a resiliência de empresas estatais , que são modelos de desenvolvimento econômico e o alavanca mento de status para um pais, mas quando as mesmas não contribuem de forma clara e transparente para o governo é comum que isso alimente uma apologia de desonestidade a uma nação , que com o seu jeitinho "brasileiro" que tanto nós nos orgulhamos, que certamente é deprimente, o brasileiro fica fadado a viver de uma forma "malandra" em varias ações , formalizando na mente de empreendedores novos e recém íntegros no mercado global, que a desonestidade e a falta de escrúpulos torne-se a melhor opção para um bom negocio, onde firmemente acarretará uma desvalorização da leis em nosso sistema estratégico, onde muitas vezes usamos a importância da lei a nosso favor.
    A única 'transparência" que temos certeza, é que simplesmente ela há um longo caminho a conquista-la.

    ResponderExcluir
  2. Parabéns pelos belos artigo professor Marcos Alves, O quanto nos trás a reflexões sobre a nossa realidade atual e mostra de forma clara a verdadeira cara pintada do Brasil. Lendo esse seu artigo fico a refletir sobre o comportamento dessa estatais e o papel do Governo que interfere diferentemente dentro da governança dessas empresas na indicação politica e partidária de pessoas sem nenhuma capacidade ética para os princípios morais da verdadeira governança sabemos que as empresas tem seu papel social e econômico, e isso não se consegue por se só, esse objetivos devem está arraigado dentro da pessoa do administrador que dever entende o seu papel na transformação de bens de valores através de sua atitudes de forma transparente que possa gera confiança e sucesso para sua carreira e as organizações.

    ResponderExcluir
  3. Henio Francelino Ferreira17 de maio de 2014 às 23:28

    O modelo de governança corporativo aplicado nas empresas estatais é extremamente nocivo à economia brasileira. Nocivo porque é irresponsável. Falta transparência, eficiência, zelo com a coisa pública. É verdade o que disse o Milton Friedman: “se colocarem o governo federal para administrar o deserto do Saara, em cinco anos faltará areia”. Falta visão de longo prazo, estratégias que solidifiquem as estatais como membro ativo e participante do mercado extremamente dinâmico das organizações. Ora, se o Estado é omisso na maioria das obrigações que lhe são impostas constitucionalmente, quanto mais na governança corporativa das estatais.
    Outra coisa que precisa ser revista é a elegibilidade do corpo diretório de empresas como, por exemplo, a Petrobras, é inadmissível uma instituição dessa magnitude ter em sua diretoria homens que ocupam posições elevadas por indicações políticas e sem nenhum caráter técnico, comprometendo acentuadamente a gestão e a credibilidade internacional.

    ResponderExcluir