sábado, 24 de maio de 2014

Equívoco

A real importância de se combater a inflação é que ela cria uma série de distorções no sistema econômico e vai de encontro com os objetivos de política econômica, entre eles, a busca de uma melhor distribuição de renda no país. As famílias de baixa renda que praticamente direciona os seus recursos para o consumo ficam impossibilitados de se defender da inflação por não conseguirem participar do mercado financeiro.  Aumentar a produção e o emprego fica comprometido em razão da redução dos prazos nas diversas aplicações financeiras e desaparece os investimentos tão essenciais para projetos de grande alcance social. Os empresários tem dificuldades de elaborarem os seus planejamentos estratégicos de investimentos em uma visão de longo prazo, desorganizando todo o sistema produtivo do país. Todos os países que possuem um controle do seu processo inflacionário tem apresentado no transcorrer do tempo um crescimento equilibrado  e melhorando de forma acentuada as condições de vida de suas populações. Logo, ter controle sobre ela   passa a ser  um dos objetivos primordial da política econômica brasileira quando historicamente nós brasileiros vivenciamos por muito tempo descontroles inflacionários que em nada contribui para o nosso desenvolvimento. A equipe econômica do governo Dilma achou que a economia brasileira poderia conviver com taxas de juros mais baixa, comparada aos países desenvolvidos e diminuíram a taxa básica da nossa economia a SELIC ao nível mais baixo já registrado. Estimulou o consumo e esqueceram da produção criando um hiato que em vez de controlar a inflação estimulou o seu crescimento. Não por falta de aviso, muitos economistas alertavam para esta possibilidade e se concretizou e o órgão responsável pela elaboração da nossa política monetária (Banco Central) falhou em sua análise e demorou a tomar as medidas corretas. A nossa inflação de 2013, só não foi maior em razão do controle de preços dos combustíveis, tarifas de transportes, energia, subsídios nos setores da linha branca, material de construção e automóveis. Só que isto tem um preço, ao desalinhar os macros mercados, moeda, bens e serviços, trabalho e cambial a inflação volta renovada e mais resistente para se combater. Temos uma meta de inflação (centro da meta 4,5% a.a) que juntamente com o câmbio flutuante e o superávit primário compõe o nosso modelo macroeconômico, meta essa que neste governo nunca foi atingida. De nada adianta a política monetária utilizar os seu instrumentos para combater a inflação se a política fiscal continuar em expansão. Muitos economistas discordam de que essa dificuldade que a economia brasileira atravessa seja fruto somente do ambiente externo e sim de erros na condução da nossa política econômica. A desconfiança em nossa economia pelo ambiente empresarial que desestimula os investimentos, compromete a produção,  reduz consumo e gera desemprego, só poderá ser revertida se dominarmos esse crescimento inflacionário que exige um custo social amargo, mas que é necessário. Acima das eleições está o equilíbrio e o bem estar do povo brasileiro.

2 comentários:

  1. Já dizia o prof. Silmão Silber, da Universidade de São Paulo, que a inflação é o "imposto dos pobres". E de fato, os mais pobres são afetados pela inflação, como a diminuição da oferta de crédito e do poder de compra. Isso sem falar dos riscos para o país, como a recessão e a desvalorização da moeda. O que me parece é que o Brasil não aprendeu a lição com o passado recente, quando viveu crises de hiperinflação nas décadas de 80 e 90. E o governo central insiste em usar as mesmas armas, como o aumento da taxa básica de juros (Selic). Mas ficamos só no paliativo e não conseguimos fazer o dever de casa: controlar os gastos públicos, investir em infraestrutura e aumentar a capacidade produtiva. E o efeito dessa paliatividade é devastador sobre a economia: aumenta a descrença nas instituições, diminui a confiança do mercado e investidores e gera uma série de efeitos indiretos sobre a população. Somente quando adotarmos medidas sérias de longo prazo é que o "fantasma" da inflação pode começar a fazer parte do passado.

    Luan Nascimento.

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  2. A credibilidade das ações do governo é tão questionável que qualquer posicionamento divulgado pelo Estado nos amedronta. O governo brasileiro precisa entender duas coisas: todo posicionamento mal planejado compromete toda estrutura econômica da nação e; os mecanismos de controle ou estímulo à economia estão na mão do governo na figura do chefe maior de Estado e de seus ministros. Isso traduz na prática que a elaboração das grandes políticas, juntamente com seus instrumentos, deve ser extremamente bem articulada para não prejudicar uns em detrimento de outros. O que percebemos é uma “maquiagem” na contabilidade pública de nosso país para tentar minimizar os efeitos da má gestão no cenário internacional e esquecem que variáveis como a inflação dependem do empenho mútuo dos agentes econômicos para que atinja níveis aceitáveis, não adianta estabelecer uma meta onde não há interesse nem condições de alcançá-la.
    Arthur Felipe 7 NB/FP.

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