segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Os refugiados

A escritora Lya Luft, em artigo na revista Veja em 16\09\2015 cujo título é "QUE HUMANIDADE SOMOS?", aconselho a todos lerem, pela importância do tema que envergonha a humanidade no século atual. Em resumo diz a escritora:"Dói no coração, cansa a mente e sombreia a alma observar o que estamos nos tornando enquanto humanidade. Nestes dias de tumulto, desconfiança e tantos receios no Brasil, muito longe, mas tão perto, a foto do menino deitado com o rosto na água do mar, perninhas dobradas,mãos desamparadas, percorre o mundo e nos causa dor e horror,provocando a indagação: quem somos, em que estamos nos transformando? Não é a única criança a morrer pela loucura e crueldade ditadas por economia, política, ideologia ou religião, agora e em séculos passados. Nas multidões de migrantes atuais, crianças e bebês de colo, agarrados à mãe, ou nos braços do pai, tentam fugir da morte. Temos obras de arte, templos, edifícios, cidades, que fazem acreditar:o bom e o belo também existem. Mas não anulam nem atenuam essa migração pavorosa, injusta, de milhões que serão ou não aceitos em outro país. E não são apenas os despossuídos que fogem da miséria buscando um destino para si e sua família: são universitários, profissionais liberais, comerciantes, procurando sobreviver longe dos restos de suas cidades e casa. Aos poucos nada de humano sobra na Síria devastada,no Iraque, em territórios curdos e outros. Maravilhosas ilhas gregas ficaram tão lotadas de gente sofredora que ninguém consegue lidar com isso; países europeus são assoberbados com outros milhares, talvez milhões, aceitos em alguns lugares, em outros isolados por cerca de arame farpado,que muitos conseguem atravessar cortando roupas e carnes:qual o destino? O que os espera? A maldição dos invadidos ou portas abertas?Insulto e rejeição ou abrigo, documentos, trabalho, moradia, enfim vida decente com suas crianças e velhos?Ninguém sabe ao certo responder. O assunto é tenebroso, feio, extremamente delicado. Há um horrível hiato entre a paz e a guerra, na rota desses imigrantes que caminham dias, semanas a fio, trôpegos, exaustos, carregando as crianças quando as perninhas delas se recusam a andar,caindo na beira da estrada, comendo o que  lhes dão a caridade nem sempre tão caridosa e os  organismos ligados a direitos humanos." Roberto Pompeu de Toledo, considerado um dos maiores ensaístas do nosso país,nesta mesma revista em artigo, " Alemanha, 7 a 1, aconselho a todos lerem, nos diz: O último domingo, 6, foi um dia histórico na Alemanha.Nas estações ferroviárias de Frankfurt,Munique, Dortmund e outras cidades,multidões acenavam com balões coloridos, levantavam cartazes de welcome e ovacionavam como heróis os refugiados sírios que desembarcavam. A Alemanha ofereceu à pungente imagem a melhor resposta. Amparados pelo clamor da população o governo, que já vinha abrindo suas fronteiras para os sírios e outros refugiados, foi além: declarou-se capaz de absorver 800.000 deles neste ano e 500.000 em cada um dos próximos anos. Os países da antiga Cortina de Ferro recusam-se a receber os estrangeiros, com destaque para a Hungria, outros países , como Suécia, Áustria, e França,mostram-se acolhedores, além da Grécia, e da Itália, onde costumam desembarcar primeiro os fugitivos. A Inglaterra e a Espanha, que ensaiam reunir-se aos bons.Mas nenhum caso ombreia com o da Alemanha, seja em quantidade de acolhimento, seja em recursos investidos para acomodar os recém-chegados,seja em capacidade de enxergar a questão em sua tríplice dimensão- moral, econômica e história. A questão moral está bem atendida pela mobilização da população.A questão econômica funda-se na tendência declinante da população alemã. A questão histórica traduz-se na purgação que a oportunidade oferece para o passado alemão." Acredito que o mundo despertou para o drama de milhões de pessoas que buscam por socorro, eu tenho esperança que a humanidade encontrará uma solução para essa situação vergonhosa que nos  encontramos.

Um comentário:

  1. É lamentável o que está acontecendo no mundo. É triste demais. Esse êxodo vai mudar a cara do mundo que nós conhecemos. Entretanto, acredito que abrir as fronteiras para a entrada deliberada de refugiados é muito perigoso. Há um temor de que terroristas jihadistas se infiltrem no meio de centenas de milhares de cidadãos de bem que estão apostando no tudo ou nada para dar uma vida digna as suas famílias. O controle imigratório é muito importante e indispensável, mas tem que ser feito sem tirar a dignidade do ser humano que ali está, pois como citado pela autora, ali estão universitários, profissionais liberais, comerciantes e acima de tudo seres humanos. Esse é um dos grandes desafio para a Europa e as nações mais desenvolvidas.

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