segunda-feira, 16 de maio de 2011

Cultura Pública

No dia 11/05/2011, nas dependências do shopping Midway, precisamente na livraria siciliano ocorreu o lançamento do livro do professor Laurence Bittencourt leite, cujo título é "ENSAIOS POR QUE NÃO O QUE É NOSSO?". Laurence, além de um excelente educador, extremamente inteligente, com visão de futuro, admirado não só por seus alunos como também por seus pares, disponibiliza para a sociedade brasileira um conjunto de artigos que leva o leitor a refletir sobre o descaso da nossa sociedade em não definir com clareza um planejamento estratégico de forma continuada sobre a cultura pública e enfatizando sobre as deficiências histórica em nosso estado.É bom lembrar o que afirmou o profº Jorge da Cunha Lima: " A cultura não lida apenas com as artes e as universidades,mas com todos os valores da sociedade humana, que a um governo democrático incumbe respeitar e vitalizar. O projeto cultural de um povo não pode, contudo, ser definido por nenhum titular da pasta. A própria sociedade é que revela, a cada instante, e no seu curso, suas opções, suas necessidades básicas, cuja satisfação condiciona tanto a criatividade do povo quanto `a fixação de sua identidade". E também afirma: o primeiro valor da sociedade, que constitui a base de qualquer cultura, é a liberdade de expressão e de manifestação dos cidadãos. Isso, você encontra nos artigos do professor Laurence, onde estimula o debate em busca de alternativas que viabilize e torne a nossa cultura mais visível. Em um dos artigos diz:Critica é debate permanente e convivência com os contrários, embora nem sempre os contrários aceitem. Ou na frase de Rosa de Luxemburgo, a liberdade é sempre a liberdade de quem discorda de nós. Em vários ensaios, a uma preocupação com a nossa política cultural em valorizar os de fora em detrimento dos de casa e enfatiza a situação precária em que se encontra o nosso teatro. Segundo Roberto Freire,em seu livro," Viva Eu, Viva Tu,Viva o Rabo do Tatu", afirma;O teatro, para mim, é um espelho de carne, nervos, sangue e alma humanos. Em 1935,agradecendo a uma homenagem que a classe teatral espanhola lhe prestava, o grande Federico Garcia Lorca colocou desta forma sua visão poética do teatro social e a sua concepção social do teatro poético:" O teatro é um dos mais expressivos e úteis instrumentos para a edificação de um país é o barômetro que marca sua grandeza ou sua queda. Um teatro sensível e bem orientado em todos os seus aspectos pode modificar em poucos anos a sensibilidade de um povo;e um teatro destroçado e medíocre, pode inferiorizar e adormecer uma nação inteira. O teatro é uma escola de pranto e de riso, uma tribuna livre onde homens pode por em evidência moralidades velhas e ou equívocas, e explicar, com exemplos vivos, normas eternas do coração e do sentimento do homem. Um povo que não ajuda e não fomenta seu teatro, se não está morto, está moribundo; como o teatro que não transmite o grito social, o grito histórico, o drama de sua gente e a cor genuína de sua paisagem e do seu espírito, com risos e com lágrimas, não tem direito de se chamar de teatro. O teatro deve impor-se ao público e não o público ao teatro. Para isso autores a atores devem revestir-se, à custa de sangue, de grande autoridade, porque o público de teatro é como as crianças na escola, adora o mestre grave e austero que exige e faz justiça, e despreza os mestres tímidos e aduladores que não ensinam e nem sabem ensinar". Nesse discurso do grande Lorca que dedicou a sua vida inteira ao teatro serve para nós fazermos uma reflexão.Em nosso país, historicamente foi sempre uma arte de elite e não um teatro verdadeiro.Como disse Roberto Freire, "Mas não depende dos ideias e da boa vontade dos artistas para que o teatro atinja a maioria de um povo.Trata-se de um problema de política cultural e, nesse ponto, a nossa se caracteriza por uma profunda discriminação e intolerável injustiça.Isso reflete nosso estado de país espoliado.Não se pode pensar em dar cultura pelo teatro a um povo faminto e sem trabalho". (O IBGE-censo de 2010 informa que o maior contingente de pobreza extrema encontra-se no Nordeste). Assim como você meu caro Laurence, Lorca e muitos outros e nele eu mim incluo, sonhamos com o teatro que seja mais um canal transformador, revitalizador, fomentador e critico da nossa realidade, mas para que isso ocorra é necessário profundas transformações sociais e políticas para que o teatro e os nossos artistas possam desempenhar com primor a sua verdadeira missão.Parabéns Laurence.

6 comentários:

  1. Caro professor, inicialmente, gostaria de dizer que postei um comentário em seu ultimo artigo, entretando não o vi aqui agora. Deve ter dado algum erro durante ao envio e não percebi.

    Em relação a este, gostaria de frisar a cultura da nossa cidade. Aliás, que cultura? A nossa cidade não parece ter sua própria cultura. Temos pessoas divertidas, boates rolando todas as noites com suas músicas eletrônicas, pop, mpbs.. Temos o Reggae bastante apreciado na Ribera, shows e mais shows de forró, contudo, nada disso é nosso. É de fora.
    Quando se fala em Minas, já se pensa na tradicional comina mineira, na Bahia acontece a mesma coisa, o acarajé, símbolo da cultura baiana. Olinda e seu destacado e característico frevo de rua e muitas outras situações que descrevem o povo da região. E quanto a nós? O que tem de nosso aqui? E os acervos culturais? Museus? Se alguém pensou no Câmara Cascudo só pode ser piada. Um museu que dá até medo de pegar um tétano sentando naquelas cadeiras...

    Eu dei essa exagerada para enfatizar a nossa situação cultural que é uma negação. Praia, existe em tantos lugares e eu não acredito que nossas praias sejam essas maravilhas todas que são chamadas pelo governo. Praias que até pouco tempo era proibida de se banhar por não ser confiável, por ter lixo escorrendo nas águas. E a entrada para essas praias? Terríveis acessos, fossas a céu aberto, a praia da Redinha é uma imundície e os preços praticados nas praias são absurdos para os turistas.
    Nossa cidade que era vista como referência turística, sempre abrigou as culturas dos outros para poder satisfazê-los e nunca se preocupou com a nossa, mas hoje, na situação que se encontra com, violência, preços abusivos para turistas e o pouco de atratividade que tem vêm se tornando uma porcaria devido a falta de consciência das pessoas e indiferença pública,
    não vai demorar muito assim, para os turístas preferirem os lençois maranhenses, as praias cearences e alagoanas, atividades ecológicas em Goiás, cataratas, entre outros.

    Uma capital que vive de uma economia de sal, camarão e fruta, se perder os turistas e ficar dependendo apenas do petróleo de Areia Branca e Guamaré, vai dificultar e muito o convivio de todos, a economia decresce e o custo de vida que já é alto vai se tornar insuportável.

    Diego Henrique

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  2. Apesar de não estar "por dentro" da cultura norte-riograndense, concordo com o comentario de Diego. Ultimamente o descaso está criando um clima de acomodação para nossa capital.Não temos nossa propria identidade, e sim estamos preocupados com os outros. Eu,como legítimo potiguar, me preocupo com o futuro do meu estado, pois, é nele que eu vivo, porem, nosso estado precisa melhorar muito. Nas ultimas semanas estamos presenciando um verdadeiro caos nas avenidas da capital Natal, principalmente em frente a UNP ( Floriano Peixoto). Depois de chuver, parece que é aberto um esgoto em plena calçada da presente instituição, o que me intristesse muito. Onde está a Prefeitura quando precisa-se dela. É dificil viver em um ambiente cheio de promessas e hipocrisias Profº.

    Raul Paulo, ADM, 4VA, FP, 2011.1

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  3. É professor cultura é uma coisa que dificilmente vemos aqui no estado. Somos um povo sem identidade. qual a comida típica do RN? desconheço!! Folclore alguém conhece? estilo de música ?? o Axé vem da Bahia e atrai tantas pessoas no Carnatal.. como o senhor frizou valorizamos o que é de fora mas os artistas daqui não são reconhecidos. Mais uma vez a culpa é das autoridades que não nos ensinou CULTURA nas escolas e por isso somos um povo desaculturado. O hino do RN não sabemos cantar...mas que vergonha não acha? por isso não damos valor a esse estado e ainda temos vergonha de dizer que somos nordestinos, não conseguimos nem torcer para os times daqui e torcemos por Flamengo-RJ, São Paulo, Cruzeiro, etc... e contribuimos para o crescimento e desenvolvimento dos seus respectivos estados pois compramos as suas camisas. Está na hora de criarmos uma identidade, que é uma coisa própria e não copiada. Não nos deixemos influenciar pela Televisão brasileira que não merece nem comentários de tão parcial e tendenciosa. Mas acredito que um dia isso vai mudar, vamos despertar e ter um sentimento de bairrismo que é o amor por onde você nasceu e assim estaremos prontos para enfrentar o mundo!!

    Obrigado prof. Marcos Alves pelo espaço que nos reserva.
    Thiego Damasceno
    Concluinte de Gestão Financeira 2010.

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  4. Caro professor,

    como sempre o senhor é mestre em botar o dedo na feirda do povo brasileiro. Mesmo que eu duvide que a maioria dele entenda a abrangência das suas palavras.
    Eu me pergunto, se, além dos fatos relatados pelo senhor, não devemos ampliar a percepção da cultura.
    Se formos analisar e comparar o que tradicionalmente tem sido considerado como cultura iremos rapidamente perceber que fato como tradições (alimentação, educação, costumes, etc) não pdoem faltar. O que será que acontece com os fatos acima relatados? Na minha visão cada dia menos.
    Alimentação, toda ela dominada pela industria, quem hoje em dia ainda tem a sua hortinha, quem ainda procura e aprecia a cozinha da vovô?
    Educação, deve ser feita, na visão do povo, somente na escola, toda responsabilidade é passada para o professor, este muita vezes mal preparado, mal remunerado e ainda descriminado.
    Costumes, me perunto quais ainda são praticados... me recordo no anos noventa, ocasião na qual tive a alegria de conhecer o nordeste Brasileiro, ainda conheci festas juninas tradicinais com todos os habitos folclóricos e alimentares... lindo demais... e hoje? na maioria das cidades do interior não se praticam mais estas festas nas cidades maiores, o moderno e tão amado forró não deixa espaço para o tradicional...
    Me pergunto de forma critica se sou eu quem está ficando velho e somente a procura o tradicional e tem problemas na adaptação do novo.
    Acredito que não, acredito muito mais que estamos vivenciando uma perda de cultura na nossa sociedade toda. perdas estas que terão consequencias incalculáveis no futuro.
    O velho é tudo de bom? Não é bem isso mas traz referências, bases e estruturas para o jovem. Por isso eu digo perdas irrecuperáveis.
    Valores deveriam ser base estrutural para os jovens de qualquer geração e procedência, sejam pobres, ricos, nacionais ou estrangeiros...

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  5. Após ler o comentário acima, me interessei em fazer uma metáfora, que é a seguinte:

    O mundo é uma grande empresa e a sociedade se revela como seu capital humano.

    Assim como uma empresa tem sua cultura organizacional e seu clima organizacional, que referem-se respectivamente, ao conjunto de crenças, hábitos, definidos por normas e valores compreendido em toda a organização e clima ao estado atmosférico interno atual, o nosso mundo tem suas culturas e seus climas.
    Me refiro ao clima, não como fator metereológico e sim como um ambiente em que seus agentes estão expostos, o percebem, experimentam, traduz e se influencia, ou seja é uma atmosfera psicológica.

    No nosso mundo há uma diversidade cultural muito grande, então vamos nos resumir ao nosso estado. A cultura é mutável, por isso que o autor do comentário acima frisou não enchergar mais, os acontecimentos do passado. Contudo, a cultura se modifica tão lentamente que nem percebemos e quando nos damos conta, as coisas parecem tão novas e parece que a pouco tempo voce vivia em outra realidade. Mas a cultura tem essa característica. Já o clima, no sentido de atmosfera psicológica não, esse é extremamente oscilante e a qualquer momento se modifica dado alguma interferencia no modo de percepção das pessoas. Não demora a mudar como a cultura.

    Espero poder ter explicado bem a minha metáfora. E ainda digo, não é por a cultura ser mutável, que devemos esquecer de nossas raizes, e nem o governo deve deixar de fazer sua parte. Devemos sim, possuir nossos acervos culturais, devemos sim, inflacionar nosso estado de riqueza, porque mesmo mutável e lenta, a cultura passada por gerações, sempre fará parte de nossa história.

    Diego Henrique

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  6. Temos cultura sim! só precisamos de políticas públicas que as divulguem! não damos o devido valor a nossa cultura!

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