quarta-feira, 15 de abril de 2015

O retrato do Brasil ?

Independentemente das conquistas da sociedade brasileira nos últimos anos, ainda perdura uma perversa desigualdade de renda, mercados ilícitos, ausência de uma educação básica de qualidade para todos, inúmeras famílias vivendo com excesso de falta de materiais para garantir a sua sobrevivência, falta segurança,saneamento básico, empregos de qualidade, transporte, saúde e degradação ambiental. Um Estado que se ausentou durante muitos anos das suas reais funções e que permitiu que a indústria do pó assumisse o controle das áreas mais pobres do país e que só estimulou o fosso entre os detentores de capital e os excluídos. O número de assassinatos nas favelas do Rio de Janeiro ( uma cidade dividida), é o retrato do descaso que ainda hoje toma conta das principais notícias da mídia brasileira. Eu pergunto, e de quem é a culpa por tamanho desmando e sofrimento de milhões de brasileiros que vivem neste ambiente hostil e degradado? O Teólogo calvinista e fundador do Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, escreveu um artigo especial  no dia 15\04\2015, no espaço Uol notícias Opinião, cujo título é "Classe média assiste passiva ao massacre de jovens pobres", que retrata muito bem este momento em que se encontra o nosso  país, onde descrevo a seguir: 

Essa declaração não sai da minha cabeça: "ele estava sentando no sofá comigo. Foi questão de segundos. Ele saiu e sentou no batente da porta. Teve um estrondo e, quando olhei, parte do crânio do meu filho estava na sala e ele caído lá embaixo morto".
Palavras da mãe do menino Eduardo, que foi vítima de bala perdida no começo deste mês, no Complexo do Alemão, zona norte do Rio. O que significará para ela viver até a morte com essa lembrança?
O que há em comum nas mortes que ocorrem na favela? Pobre está matando pobre. É isso o que acontece quando traficante mata traficante, traficante mata policial, policial mata traficante, traficante e policial matam morador.
Não estou dizendo que seja da natureza do pobre matar. A maioria trabalha duro. Não estou declarando que o pobre seja o problema. Também não estou eliminando a responsabilidade pessoal, mas afirmando-a. Falo sobre aquilo que desperta em um homem, e que não se manifestaria se não tivesse sido provocado.
Algoz e vítima se confundem nessa história. O injustificável, a prática criminosa, não é sem causa. O problema central é quem está acima do pobre: o Estado, que joga brasileiro contra brasileiro.
Quem é responsável pela não implementação de políticas públicas nas favelas do Rio de Janeiro? Quem é responsável pelo saque aos cofres públicos, que impede o investimento do dinheiro de nossos impostos nas comunidades pobres do Brasil? Quem é responsável pelo sistema prisional brasileiro funcionar como universidade do crime? Quem é responsável pela lentidão e pela ineficácia do nosso sistema de justiça criminal? Quem é responsável pelo baixíssimo índice de elucidação de autoria de homicídio doloso no Brasil?
Quem é responsável pelo fato de nossas crianças não demonstrarem encanto pelas escolas públicas? Quem é responsável por enviar o policial para becos escuros, em comunidades nas quais reina a miséria, abandonadas pelo Estado, a fim de que ele preserve sozinho a ordem pública? Quem é responsável pelo pagamento de salário que não condiz com os riscos que os policiais correm no exercício de uma das profissões mais difíceis de serem exercidas no Rio de Janeiro? Quem é responsável pela falta de punição dos crimes de abuso de poder cometidos por policiais? Quem é responsável por termos a sétima economia do mundo e ao mesmo tempo sermos o 79º país em Índice de Desenvolvimento Humano?
Deveríamos ter vergonha disso tudo. A classe média brasileira, contudo, assiste passivamente ao massacre, que nos últimos 12 anos representou a morte por homicídio de 600 mil brasileiros, 80% dos quais moradores de comunidades pobres.
Temos um Estado corrupto e incompetente. Mas também temos milhões de cidadãos brasileiros esclarecidos que ainda não aprenderam o significado de dar voz aos sem voz e visibilidade aos invisíveis. Há pessoas no Brasil que gritam e não são ouvidas, pelas quais passamos sem perceber sua existência.
São essas que, enquanto enterram seus filhos assassinados, limpam nossas casas, varrem nossas ruas, passam nossa roupa. Coadjuvantes da vida que você e eu vivemos. Como diz Chico Buarque, na canção "Brejo da cruz", "... e ninguém pergunta de onde essa gente vem".
Tony Judt, historiador inglês, no seu livro "O mal ronda a terra", faz declaração que deveria ser ouvida por todos nós brasileiros, se é que queremos dar fim à cultura da banalização do mal no nosso país: "Sobram evidências de que até as pessoas abastadas de uma sociedade desigual seriam mais felizes se a distância que as separa da maioria de seus concidadãos fosse significativamente reduzida. Sem dúvida elas se sentiriam mais seguras. Mas as vantagens vão além do interesse pessoal: viver muito perto de pessoas cuja condição constitui uma censura ética manifesta é fonte de desconforto até para os ricos. O egoísmo é desconfortável até para os egoístas".
Acima do pobre enlutado e da classe média perplexa e omissa está um modelo de sociedade. Uma forma de atuação das instituições democráticas. Um sistema. Uma cultura política. Uma sociedade desigual, na qual os desiguais vivem lado a lado, com um Estado fraco. Lá na ponta, Eduardo, policiais e garotos pobres estão morrendo. 
Essas manifestações que toma conta do nosso país, contra a  corrupção avassaladora dentro do governo e com suas relações com a classe produtiva, é um sinal de cansaço de revolta pela falta de ética na condução da construção de nossa república.  Como bem definiu o presidente Obama em sua viagem a África " o que interessa a dona de casa, ao estudante ao desempregado, aos empresários e a todos os trabalhadores e que tenhamos uma república onde  o  parlamento seja constituído com políticos  transparentes e competentes,uma força policial honesta, uma impressa livre, um poder judiciário honesto e independente  e que o empreendedorismo seja estimulado  em todas as suas formas para a criação de riquezas". Assim, será proporcionado um crescimento e desenvolvimento sustentável, com eficiência,  reduzindo a pobreza e melhorando os indicadores sociais do nosso país.


7 comentários:

  1. Onde vamos parar com tanta corrupção? Se o órgão que deveria nos defender está contaminado pelo o interesse de enriquecimento próprio deixando de lado seu juramento de lutar e defender os interesses de sua sociedade. Vivemos em uma sociedade hipócrita, pois as pessoas não se preocupa com nada além de seus interesses individuais, onde os inocentes pagam o preço mais alto, com a própria vida e nada é feito de concreto para mudar esse absurdo.

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  2. Onde vamos parar com tanta corrupção? Se o órgão que deveria nos defender está contaminado pelo o interesse de enriquecimento próprio deixando de lado seu juramento de lutar e defender os interesses de sua sociedade. Vivemos em uma sociedade hipócrita, pois as pessoas não se preocupa com nada além de seus interesses individuais, onde os inocentes pagam o preço mais alto, com a própria vida e nada é feito de concreto para mudar esse absurdo.

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  3. Professor,
    No inicio desse artigo o Senhor comentou sobre o ponto chave de toda essa bagunça em que vivemos em nosso país, a educação de base, enquanto não tivermos essa visão, esse caus continuará por muito tempo, tenho pena de quem estiver depois das olimpiadas no Rio de janeiro, pois tenho quase que certeza que o governo lavará as mãos depois dese evento, e a população ficará nas mãos dos marginais.

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  4. em decorrencia dessa educação de base deficitária, ocorre uma crise de valores, no qual os agentes de segurança além de lidar com o perigo do combate aos fora da lei, tem que se preocupar com a opinião publica, pois essa espera qualquer deslize para fazer um sensacionalismo barato colocando a sociedade contra os agentes de segurança, e a ausencia do estado, faz com que os bandidos assumam esse papel fornecendo suprimentos básicos a população e recebendo em troca uma blindagem contra as forças de segurança.

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  5. Este artigo relata uma verdade incontestável que vemos em todas as cidades onde moramos, não está restrito somente ao Rio de Janeiro, a cada dia aumenta os índices de criminalidade e corrupção em nosso país.
    Saúde, educação e segurança são requisitos fundamentais para que estes índices não aumentem, sendo que não existe políticas públicas de qualidade que possam combater essa crescente demanda. Como os governantes do país não dão tanta importância a estes fundamentos, resulta que as classes menos favorecidas são prejudicadas e ocasionando alto nível de criminalidade nesta classe mais pobre.

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  6. No país em que vivemos, com a politica que temos, está difícil das desigualdades sociais diminuírem. Cada vez mais os políticos se envolvem em escândalos e corrupções e falta aquela preocupação devida com a educação de base, problema este, que resolvido ou amenizado melhoraria sem duvida, alguns dos principais problemas como violência e prostituição de valores. As pessoas se vendem e se criminalizam cada vez mais, passam por cima uns dos outros para atingirem seus objetivos. Como diminuir a criminalidade se não se tem qualidade de vida e melhor distribuição de renda? O governo tem obrigação de garantir os direitos fundamentais a cada cidadão, o artigo retrata sem duvida a cara atual da nação, esquecida por quem deveria lembrar não apenas no período de eleição, mas sim em todos os mandatos, afinal nós que o colocamos. Uma pena o índice de analfabetismo ser tão alto, mas por outro lado, alfabetizar todos seria desvantagens pra quem não está disposto a mudar o país e sim preocupar-se com o próprio enriquecimento, na maioria das vezes ilícito.

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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