domingo, 2 de junho de 2013

Ao mestre com carinho

Em 16 de dezembro de 2009, o maior economista do Brasil o Profº Antonio Delfim Netto, escreveu um artigo na Folha de São Paulo cujo Título era " Atenção à demografia " e afirmava , que a qualidade do futuro da sociedade brasileira está presa à sua demografia e apresentava projeções que em 2030 seremos qualquer coisa como 216 milhões de habitantes, 151 milhões entre 15 e 65 anos.Esses números mostram que, se o Brasil não for capaz de pensar os próximos 20 anos, corre o risco de ficar velho antes de ficar rico.Há dois graves problemas colocados por essa evolução demográfica. 1) Temos de acertar nossas contas com o setor da previdência social ( principalmente a do setor público). Nas condições atuais de pressão e temperatura (que ameaçam piorar pela miopia do congresso), isso coloca um problema insolúvel de equilíbrio fiscal. Sua simples expectativa ameaça o equilíbrio monetário, o que torna difícil a redução da taxa real de juros. ( medidas estão sendo tomadas pelo ministro da previdência, criando o fundo previdenciário para o setor público) e outras medidas com certeza ocorrerão para regularizar está situação.2) É preciso manter no nosso radar que teremos de dar emprego de boa qualidade a 151 milhões de brasileiros em 2030. Isso não será feito apenas com a atividade agrícola e mineradora ou com a economia de baixo carbono, as duas primeiras certamente poupadora de mão de obra devido ao desenvolvimento tecnológico. Precisamos expandir a produção industrial e a de serviços, complementando o mercado interno com as exportações. O mestre chama atenção para excessiva valorização do real que está destruindo as cadeias produtivas e levando as empresas a se transferirem para o exterior, transformando-se de exportadoras ( que criavam empregos) em importadoras ( que dispensam empregos ). Se tudo continuar como está, em 2030 seremos um grande exportador de alimentos e minérios e um grande e miserável repositório de desempregados! Em 29 de junho de 2011 o mestre escreveu na folha um artigo cujo Título é "A pergunta" e enfatizava da necessidade de criarmos os empregos de qualidade para os 151 milhões de brasileiros e afirmava:talvez seja bom recordar alguns preliminares: 1) Nossa memória é curta e nosso entusiasmo grande.Esquecemos que quebramos duas vezes nos últimos 16 anos(1998 e 2002) e fomos socorridos pelo FMI para honrar nossos compromissos externos o que garantiu a continuidade de nossa democracia. 2) Todas as crises que abortaram o crescimento do Brasil nos últimos 50 anos foram produzidos por dificuldades no financiamento do deficit em conta corrente ou por uma crise de energia. 3) A grande mudança da situação externa não foi resultado de particular melhoria na política macroeconômica. Foi consequência da expansão mundial ( da China especialmente), que aumentou a demanda dos produtos que estávamos preparados para exportar ( alimentos e minérios ), cujos preços  beneficiaram-se adicionalmente, de um fantástico aumento. Tais setores são poupadores de mão de obra.É uma grave ilusão supor que nada vai mudar nos próximos 20 anos. A oferta de alimentos e minérios está sendo estimulada em quase todos os países, inclusive pela própria China. A alegre aceitação dessa nova divisão internacional do trabalho ( para a China a indústria, para a Índia os serviços e para o Brasil alimentos e minérios) põe em risco o futuro da economia brasileira como necessário instrumentos de construção de uma sociedade mais justa, com pequeno desemprego e suficiente emprego de boa qualidade em 2030.Precisamos aproveitar a oportunidade ( os bônus) dos setores agrícola e mineral ( o pré-sal ) para nos livrar da trágica dependência externa e impedir que o pré-sal nos leve a outra dependência. O que precisamos mesmo para responder à grande pergunta é continuar a aproveitar com inteligência os dois bônus e dar condições isonômicas a nossos empresários e trabalhadores para que construam o mercado interno que vai assegurar os bons empregos para nossos filhos e netos. Precisa dizer mais alguma coisa?

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