quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Refazendo

Recentemente, fui visitar uma família, na companhia de minha mãe, em um bairro, onde residimos por muito tempo.Desde que dali saí, nunca tinha contemplado aquele espaço, onde passei praticamente minha juventude.Fazia tempo que não visitava os antigos moradores que ainda lá estão. Engraçado, que a casa que nós fomos, foi justamente, onde pude viver um momento de grande alegria, um dia inesquecível para mim, quando o Brasil tornou-se tri-campeão de futebol. Ao entrar na sala , tive uma sensação de melancolia, contraste que o tempo criou, já não tinha a presença do dono da casa, um dos filhos, também tinha falecido e o lugar apresentava-se completamente diferente.Ao mesmo tempo, a conversa que ali se desenvolvia, apresentava problemas e posições totalmente divergente daquela época. Ao sairmos, tive vontade de circular pelo bairro com minha mãe, e paramos em frente da nossa antiga moradia, daquele tempo só restou a velha mangueira que papai, tanto cuidava, tive a sensação que alguma coisa tinha sido retirado de mim e no brilho da minha memória, um conjunto de quadros foi sendo vivenciado, como sinalizando os caminhos que percorri. O passado, que não volta mais, mas que dá vontade de regredir no tempo e se pudesse voltaria a viver aqueles momentos tão divertidos, cercado da segurança dos meus pais e sem preocupação com o amanhã, aliás a única preocupação real era estudar.Mas infelizmente é o presente que estamos percorrendo, marcado pelo passado e aguardando o futuro incerto, sem saber o que vai acontecer a nós. Refazendo, da mesma maneira, com os meus filhos aquilo que fizeram os meus pais.O tempo,não se pode comprar, armazenar, alugar, não tem preço e se comporta perfeitamente divisível, independente das nossas necessidades. Não para como dizia o poeta Cazuza.Infelizmente, dentro do carro, olhei para minha mãe, tão saudosa como eu, tenho certeza que muitas recordações viveu de forma intensa e retornamos para a minha casa. Ao chegar, dirigi-me a geladeira, abri uma cerveja, coloquei uma música e comecei a conversar , passou aquela sensação de saudade, mas não me contive e comecei a relatar a sensação que vivi.Nesse, instante minha mulher pede para ligar para um filho, que tinha viajado e queria saber, como ele estava,naquele momento pude perceber que estava fazendo hoje, aquilo que no passado meus pais também fizeram.Quando escuto, novamente a minha mulher, me chamando e avisando que o almoço estava na mesa, não demorasse que poderia esfriar, palavra que no passado escutei tantas vezes de minha mãe.Após o almoço, fui me deitar, e ao me levantar, chamei pela minha esposa, ela tinha ido ao comércio e me dirigi ao terraço, onde estava mamãe, contemplando o tempo, completamente absorvida, e não quis incomodá-la, preferi me sentar e acompanhá-la, refazendo na memória a trajetória intensa que tínhamos vivido em nossas vidas.

6 comentários:

  1. Parabéns professor muito bonita essa historia! o senhor pode ser até um futuro escritor viu rrsrsrsrrs abraço...

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  2. Parabéns professor, muito interessante sua trajetória vivida. Espero que as que virão sejam mais marcantes como essa que você relatou, pois tenho certeza que os exemplos que passaram te servem como ensinamentos para seus filhos e netos. Afinal, o tempo é um ciclo formado por particularidades vividas de cada ser humano, basta a cada um usufluir de seu tempo como um exemplo a ser seguido futuramente pelas pessoas que compartilharam do seu tempo.

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  3. Muito bom texto!! Bem escrito e nos faz parar um pouco também para refletir!!

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  4. Como os demais, refletir bastante e ainda com pouca idade consigo refletir em muitas coisas do passado...

    Abraços

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  5. professor, a sua hitória e muito interesante,pois ao ler a sua lembrei um pouco da minha dos momentos que eu passei, e fiquei emocionado, abraço.

    ass: Erimar

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  6. O futuro virá. Ora se virá! Mas o que fazer do passado quando o futuro chegar? Apagá-lo? Esquecê-lo? Revivê-lo através de nossas lembranças? Ou simplesmente escondê-lo, até de nós mesmos? O passado nos diz quem somos hoje. Reviver momentos que nos foram tão agradáveis não seria viver de passado como sempre escuto. Ser saudosista não é sofrer no presente por um passado passado. É talvez tentar viver novamente num presente aquelas sensações que não mais serão vividas.

    Cláudia Bezerra
    07 de setembro de 2009

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